Por mais de uma década, a cidade de Manaus e municípios da Região Metropolitana aguardam uma solução definitiva para a destinação ambientalmente adequada de seus resíduos. Mesmo com o avanço tecnológico e os marcos legais estabelecidos, a capital amazonense ainda depende de um “aterro controlado” que deveria ter sido desativado em 2021 — conforme prevê o Novo Marco do Saneamento e a Política Nacional de Resíduos Sólidos.O novo Centro de Tratamento e Transformação de Resíduos (CTTR), construído pela Marquise Ambiental, está concluído, licenciado e pronto para operar desde agosto de 2023, mas permanece inutilizado. Localizado a cerca de 40 km da capital, o CTTR foi projetado para tratar até 70% dos resíduos gerados num raio de 15 quilômetros de Manaus.A unidade conta com infraestrutura moderna e soluções ambientais alinhadas à transição energética:Estação de tratamento de chorume por osmose reversaSistema de captação de biogás para geração de energiaPlanta de produção de biometano, com capacidade de até 140 mil m³ por dia“No CTTR, o biogás começa a ser produzido a partir do terceiro ano da decomposição dos resíduos. Ele pode ser separado em CO₂ e metano e transformado em biometano — um combustível limpo, que substitui o gás natural e contribui para a descarbonização”, explica Hugo Nery, CEO da Marquise Ambiental.O projeto já está regularizado junto ao Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM), com Licença de Operação válida (LO nº 173/2023), e não se encontra em Área de Preservação Permanente nem em Unidade de Conservação, conforme atestou o Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM).Em vez de acelerar a transição, no entanto, o que se vê é uma postergação. Por meio de acordo judicial firmado entre a Prefeitura de Manaus e o Ministério Público do Estado, o atual aterro recebeu novo prazo para funcionar até abril de 2028 — uma prorrogação que, na prática, empurra o problema por mais cinco anos, à revelia da legislação vigente.Com estrutura disponível e licenças em dia, o não funcionamento do CTTR não encontra justificativa técnica. O impasse é político e administrativo — e representa um desperdício de tempo, recursos e potencial energético.Leia Mais:https://realtime1.com.br/governo-do-amazonas-apresenta-projeto-piloto-de-aterro-sanitario-para-iranduba/