EUA x Alexandre de Moraes: Sanções podem chegar até a confisco de salário do ministro

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Sanções dos Estados Unidos contra o Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro e o ministro Alexandre de Moraes poderiam resultar até mesmo em um confisco do salário do magistrado em contas bancárias. Analistas ouvidos pelo InfoMoney avaliam como reais as chances de o governo de Donald Trump cumprir as ameaças que vem fazendo ao Judiciário brasileiro e a Moraes.O professor da Unesp e pesquisador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Estudos sobre os Estados Unidos (INCT-INEU), Marcos Cordeiro Pires, afirma que os EUA podem aplicar medidas para impedir movimentações financeiras de Moraes e de familiares do ministro nos Estados Unidos. Acontece que bancos brasileiros com ações negociadas na bolsa americana também teriam que aderir às restrições, por se submetem à legislação dos EUA. “Em tese, o banco poderia confiscar até o salário pago a Moraes em algum destes bancos”, explica o professor. Para Pires, é “muito provável a imposição de sanções, não apenas contra o ministro Alexandre de Moraes, mas também contra outras autoridades, que na perspectiva da extrema direita dos Estados Unidos, estariam ameaçando a liberdade de expressão.”O que motiva as ameaças dos EUA contra Moraes?Recentes ameaças de integrantes do governo americano miram diretamente o ministro do Alexandre de Moraes e o STF. Um dos motivos seria o julgamento em andamento que responsabiliza redes sociais pelo que é publicado nelas. A extrema direita brasileira tenta surfar na onda, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) diz que articula sanções contra Moraes nos Estados Unidos, principalmente após a abertura de processo contra o parlamentar no STF.Nessa quarta-feira (4), Moraes também determinou a prisão preventiva e a apreensão do passaporte da deputada Carla Zambelli (PL-SP). Aliada do bolsonarismo, ela fugiu do Brasil após condenação pelo STF. Por que Moraes incomoda o governo dos EUA?O professor Marcos Cordeiro Pires, da Unesp, diz que a direita americana busca calar vozes que tentam regulamentar as grandes empresas de mídia social, as Big Techs. “Grande parte das narrativas utilizadas, na maior parte conspiratórias e falaciosas, dependem da liberdade de expressão destas plataformas”, afirma Pires.O professor de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas (FGV), Eduardo Mello, acredita que existe uma possibilidade real de sanção ao ministro Alexandre de Moraes. “Não é muito custoso pra Washington comprar uma briga com o STF brasileiro. O Brasil tem pouco poder de barganha externa e seria difícil para o governo brasileiro retaliar Washington de maneira significativa”, acrescenta. Ameaças dos EUA têm não só o Brasil como alvoO professor do Instituto de Relações Institucionais da Universidade de Brasília, Antonio Jorge Ramalho, acredita que o alvo principal das ameaças dos EUA não é o Brasil. “São bravatas que consubstanciam as posições ideológicas de Trump & Cia, imitadas pelos Bolsonaros. Podem ganhar consequência, mas não se destinam ao Brasil. A narrativa sobre liberdade de opinião visa mais influenciar as eleições europeias do que qualquer outro processo político.”Ramalho aposta que o governo brasileiro poderá protestar se o ministro Alexandre de Moares vier a ser singularizado nas ameaças, mas ele acredita que isso está longe de acontecer. O professor Eduardo Mello concorda que o Brasil não é o foco das ameaças. “O Brasil está sendo pego numa coisa maior, do papel desta turma de redes sociais que estão lutando contra iniciativas que eles chamam de censura, mas que outros chamariam de regulação em diferentes partes do mundo, que afetam trumpistas e negócios deles nas plataforma, mas também aliados do trumpismo ao redor do mundo”, explica. Mello acrescenta que, além dos Bolsonaro, há outros aliados de Trump em vista, como Victor Orbán, na Hungria, e Nigel Farage, no Reino Unido, ou seja, um movimento global maior que só o bolsonarismo no Brasil.The post EUA x Alexandre de Moraes: Sanções podem chegar até a confisco de salário do ministro appeared first on InfoMoney.