Sensor magnético varia até 30° mesmo no mesmo local e aponta direções diferentes com o app fechado e reaberto; veja os testes com Galaxy M53, A36 e Redmi Note 12 A bússola do celular é um dos recursos menos usados, mas que pode ser útil em determinadas situações. No entanto, quem já tentou usar o recurso em locais fechados ou com muitos eletrônicos por perto provavelmente percebeu que a direção muda sozinha, ou parece girar sem motivo. Essa inconsistência é mais comum do que parece, e virou tema de um experimento publicado pelo site MakeUseOf, que testou diversos smartphones e constatou: mesmo posicionados no mesmo lugar, aparelhos diferentes podem apontar para direções completamente distintas.Inspirado no experimento, o TechTudo resolveu colocar a teoria à prova no dia a dia. Confira, a seguir, mais detalhes sobre o resultado.🔎Celular tóxico? 4 sinais de que um aplicativo está te fazendo mal📺 App do Futemax existe? Entenda como assistir futebol grátis no celularPessoa segurando um celular com uma bússolaTima Miroshnichenko/pexels📲 Canal do TechTudo no WhatsApp: acompanhe as principais notícias, tutoriais e reviews📝Aplicativos desativados trazem risco de segurança? Veja no Fórum TechTudoA bússola do seu celular funciona mesmo? Testamos em três celulares; vejaNesta matéria, testamos três celulares Android em diferentes condições para descobrir se dá para confiar na bússola digital. Veja, abaixo, os tópicos que serão abordados.Como funciona a bússola do celularComo foi feito o testeDireções mudam mesmo no mesmo localFechar o app pode mudar o NorteAmbiente com eletrônicos afeta o sensorCalibrar ajuda — mas nem sempre resolveDá para confiar na bússola do celular?1. Como funciona a bússola do celularDiferente de uma bússola tradicional, que usa uma agulha magnética para apontar o Norte, o celular não tem nenhum componente visível se mexendo. Em vez disso, ele usa sensores internos — e o principal deles é o magnetômetro, que capta o campo magnético da Terra. A partir dessa leitura, o aparelho tenta entender para que lado está apontando. Para melhorar essa estimativa, ele ainda cruza os dados com o acelerômetro, que detecta movimentos bruscos e inclinações, e com o giroscópio, que mede a rotação do dispositivo.Esse conjunto funciona bem para indicar a direção geral — mas está longe de ser infalível. O grande problema é que o magnetômetro é muito sensível. Objetos metálicos próximos, eletrônicos ligados, caixas de som, roteadores Wi-Fi e até a capinha do celular (especialmente se tiver ímã) podem interferir na leitura. E como cada marca de celular e cada aplicativo interpretam esses dados de forma diferente, dois aparelhos idênticos podem mostrar resultados bem distintos no mesmo lugar. Por isso, muitas vezes o sistema pede para você calibrar a bússola com aquele movimento em formato de “8", para ajudar o sensor a se alinhar novamente com o campo magnético da Terra.Capinhas com ímã ou materiais metálicos podem interferir na bússola do celularRaquel Freire / TechTudo2. Como foi feito o teste?Para garantir que os resultados não fossem afetados por fatores externos, todos os celulares passaram pelo mesmo protocolo de teste. Cada aparelho foi posicionado exatamente na mesma direção física, sempre sobre uma superfície lisa, e em dois cenários bem diferentes: uma varanda aberta, sem interferência de objetos metálicos ou eletrônicos por perto, e um quarto com equipamentos ligados, como TV e computador, simulando um ambiente doméstico comum.Galaxy M53, Galaxy A36 e Redmi Note 12 foram os modelos testados com bússola digitalMurilo Fraga/TechTudoAntes de iniciar as medições, os três smartphones — Galaxy M53, Galaxy A36 e Redmi Note 12 — foram:Reiniciados, para eliminar qualquer interferência de uso anteriorTestados sem capinhas, inclusive modelos com ímã, que podem distorcer o campo magnéticoTiveram todos os aplicativos em segundo plano encerrados, evitando conflito com sensores de localizaçãoCalibrados com o movimento em “8” sempre que solicitado, conforme instruções de cada appAs leituras foram feitas inicialmente com o aplicativo de bússola nativo de cada modelo. Em seguida, foi utilizado também o app Digital Compass, gratuito e disponível na Google Play Store. Em cada situação, a direção apontada foi registrada após o ponteiro estabilizar. Depois disso, os apps foram fechados e abertos novamente, para verificar se haveria alteração na medição. A intenção foi simular o uso prático de quem recorre à bússola do celular no cotidiano — seja para se orientar numa trilha, descobrir onde o sol vai nascer ou apenas entender para que lado está o Norte.3. Direções mudam mesmo no mesmo localA primeira rodada de testes foi realizada em uma varanda aberta e livre de interferências, simulando um ambiente ideal para uso da bússola digital. Todos os celulares foram posicionados apontando exatamente para o mesmo ponto fixo no horizonte. O objetivo era checar se os sensores magnéticos de cada aparelho interpretariam essa direção da mesma forma.Teste realizado com app Digital Compass mostra celulares apontando direções diferentes mesmo sem interferência externaMurilo Fraga/TechTUdoVale lembrar: a bússola do celular mostra a direção para a qual o topo do aparelho está apontado, com base nos pontos cardeais. A letra “N” representa o Norte, e os números que acompanham indicam o grau exato em relação ao círculo de 360°, onde 0° (ou 360°) é o Norte, 90° é Leste, 180° é Sul e 270° é Oeste. Ou seja, N 332°, por exemplo, significa que o celular está apontando levemente para noroeste, a 28° à esquerda do Norte verdadeiro. Nos testes com o app nativo de cada celular, os resultados foram os seguintes:Teste com app nativo - ambiente sem interferênciaMesmo com os aparelhos perfeitamente alinhados e recém calibrados, houve diferença de até 18 graus entre os modelos — o suficiente para confundir a saída de uma trilha em um parque ou apontar para o lado errado de uma rua em uma cidade desconhecida. Já com o app Digital Compass, que tem layout padronizado e exige calibração única, os dados foram ligeiramente mais consistentes:Teste Digital Compass - ambiente sem interferência4. Fechar o app pode mudar o NorteAgora imagine a seguinte situação: você está em um ponto turístico, com tempo apertado, tentando entender para que lado seguir. Abre a bússola do celular, anota a direção, guarda o aparelho no bolso e, alguns minutos depois, resolve conferir de novo. Só que, ao reabrir o app, o Norte já não é o mesmo. Aconteceu com todos os aparelhos testados.No Galaxy M53, por exemplo, a primeira leitura apontava para N 337°, mas ao fechar e abrir o aplicativo nativo, a direção passou a oscilar entre N 325°, 328° e 330°, mesmo com o celular ainda parado no mesmo lugar. Já no Galaxy A36, o ponteiro mudou de N 350° para N 352° — dois graus de diferença. O Redmi Note 12, que só começou a exibir a direção após a calibração inicial, também mostrou variação: de N 332° para N 338°.Fechar o aplicativo pode fazer as direções mudaremRubens Achille/TechTudoNenhum dos modelos pediu nova calibração nesses casos. Isso mostra que leitura do sensor depende não só do campo magnético ao redor, mas também de como o software processa os dados a cada novo acesso. E isso inclui pequenas mudanças no algoritmo, interferência de apps em segundo plano ou até flutuações nos sensores internos.5. Ambiente com eletrônicos afeta o sensorDepois dos testes em ambiente aberto, os três celulares foram levados para um quarto com vários eletrônicos ligados — TV, notebook e roteador Wi-Fi — para simular um cenário de uso da bússola dentro de casa ou no quarto de hotel.Teste com app nativo - ambiente com interferênciaCom o app Digital Compass, os dados ficaram assim:Teste com app Digital Compass - ambiente com interferênciaMesmo posicionados lado a lado, apontando para a mesma parede do quarto, os aparelhos mostraram direções diferentes: enquanto os Samsung variaram levemente entre SE 148° e SE 151°, o Xiaomi permaneceu em S 177°, praticamente o Sul absoluto. Ou seja, uma diferença de mais de 30 graus, o que num mapa ou trilha pode significar apontar para outra estrada, outra encosta ou até o lado oposto de uma bifurcação.Resultado do teste de bússola em ambiente fechado com interferência eletrônicaMurilo Fraga/TechTudoNo cotidiano, claro, isso pode até passar despercebido — por exemplo, ao tentar identificar o Norte na sala de casa ou entender a direção da luz natural ao montar um cômodo. Mas quando a bússola é usada como referência de navegação em ambientes desconhecidos, confiar somente na leitura do celular pode ser um risco que não compensa.6. Calibrar ajuda — mas nem sempre resolveCaso você já tentou usar a bússola do celular, provavelmente se deparou com aquele pedido: “Movimente o aparelho em formato de 8 para calibrar”. O gesto serve para alinhar os sensores internos com o campo magnético da Terra — e foi necessário em todos os três modelos testados. Porém, como os resultados mostraram, calibrar nem sempre garante uma leitura precisa e estável.No Galaxy M53, por exemplo, o aviso de calibração apareceu várias vezes, principalmente em ambientes fechados. Mesmo após fazer o movimento corretamente, a direção indicada continuava oscilando, como se o sensor nunca estivesse totalmente equilibrado. Já no Galaxy A36 e no Redmi Note 12, a calibração foi solicitada apenas uma vez, mas isso não impediu pequenas variações nas leituras ao longo do tempo, principalmente ao reabrir o app.Calibrar pode não garantir um resultado precisoDivulgação/FreepikMesmo sem novos alertas, a direção apontada pelos aparelhos mudou em diversas situações, o que indica que o software pode estar reinterpretando os dados do sensor a cada novo acesso. Na prática, isso significa que, mesmo em ambientes controlados, a bússola do celular pode perder o alinhamento ou exibir direções diferentes sem aviso. Por isso, para quem pretende usá-la em trilhas, áreas isoladas ou locais sem sinal, o ideal é encarar a bússola digital como um recurso complementar — e não como única fonte de orientação.7. Dá para confiar na bússola do celular?Para quem quer apenas se localizar rapidamente, brincar de descobrir onde o sol nasce ou apontar para o Norte em um parque, a bússola do celular costuma dar conta do recado. Ela funciona bem na maioria dos casos casuais, especialmente em ambientes abertos e longe de interferências. Mas, quando a situação exige mais precisão, como em trilhas, caminhadas fora da rota ou navegação em áreas com pouco sinal, o risco de erro aumenta. Diferenças de 20 ou 30 graus entre modelos, como vimos nos testes, podem levar a desvios inesperados, que mudam completamente o caminho em áreas desconhecidas.Existem formas de minimizar esses erros: fazer a calibração sempre que for usar, evitar eletrônicos por perto, remover capinhas magnéticas e até fechar aplicativos que também usam o GPS. Mas, ainda assim, o sistema pode oscilar. A bússola do celular depende de sensores sensíveis, que podem se desalinhar com facilidade e não avisam quando estão com problema. A bússola digital funciona mas não é totalmente confiávelDivulgação/FreepikA conclusão, portanto, é a mesma do MakeUseOf, a bússola digital funciona, mas não é totalmente confiável como única referência. O risco está justamente aí: seguir um ponteiro que parece certo, mas que está baseado em "dados instáveis", pode acabar te levando para o lado oposto do que você imaginava.Com informações de MakeUseOfMais de TechTudoVeja também: Esse modo pode salvar seu Android de furtos! ConheçaEsse modo pode salvar seu Android de furtos! Conheça