Por Folha de São Paulo 06/06/2025 8h15 — emPolíticaSÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Governo, Judiciário e Ministério Público intensificaram, nos últimos meses, em todo o país, ações de reconhecimento, memória e homenagem relacionadas a espaços marcados pelo período da ditadura militar.Especialistas ouvidas pela Folha de S.Paulo dizem que as iniciativas encontraram maior receptividade, tanto nos Poderes quanto na população, após os atos de 8 de Janeiro e o primeiro filme brasileiro vencedor do Oscar, "Ainda Estou Aqui".No último mês de abril, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania lançou mapeamento que identificou e documentou, até o momento, 49 locais históricos marcados pela repressão e pela resistência durante a ditadura em diferentes regiões do país.Mais recentemente, a Justiça de São Paulo determinou que a prefeitura apresente cronograma para alterar os nomes de ruas e locais que homenageiam militares e figuras ligadas ao regime. A decisão ordena a renomeação de 11 vias e espaços públicos.No Rio de Janeiro, a Justiça estadual determinou que a posse da Casa da Morte, em Petrópolis (RJ), passe à prefeitura. O local foi um centro clandestino onde opositores foram presos, torturados e assassinados.A medida, que contou com o apoio do Ministério dos Direitos Humanos, permite que o município transforme o espaço em um memorial público.O MPF (Ministério Público Federal), por sua vez, também recomendou que um imóvel antigo do Dops (Departamento de Ordem Política e Social) no centro do Rio de Janeiro seja revertido ao governo federal para a criação de um centro de memória.A medida é resultado de um inquérito civil público instaurado em março de 2024 a partir de representação do coletivo RJ Memória Verdade Justiça e Reparação.Ainda no Rio, o MPF recomendou ao Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) prioridade no tombamento do prédio onde funcionou uma das unidades do Doi-Codi (Centro de Operações de Defesa Interna).O processo tramita há mais de dez anos no instituto, que ainda não concluiu a fase de instrução. O prédio foi local de tortura e morte de presos políticos durante a ditadura, entre eles o ex-deputado federal Rubens Paiva, cuja história foi retratada no filme "Ainda Estou Aqui"."Atos de memória também funcionam como uma reparação para aqueles que lutaram. São importantes, porque têm o condão de mostrar para a sociedade ensinar à sociedade que aquelas violações foram praticadas e os lugares onde elas foram praticadas", diz a presidente da Comissão de Anistia, Ana Maria Lima de Oliveira.Segundo ela, a partir dos atos de 8 de Janeiro e da repercussão do filme de Walter Salles, houve um despertar, que levou a sociedade a refletir que se tivermos espaços que contam o que aconteceu no passado, estamos sujeitos a repetir.Para ela, ações de resgate e de memória se tornam mais importantes diante da declaração do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), à Folha de S.Paulo, na qual ele relativiza a história do regime e afirma que "tudo é questão de interpretação".Oliveira diz que, como governante, Zema deveria ter mais cautela ao falar de um Estado ditatorial que matou, violou, prendeu e assassinou. "Exatamente a falta da memória histórica do que foram as violações cometidas pela ditadura sustentam falas antidemocráticas, que claramente violam a democracia."Eugênia Gonzaga, procuradora da República e presidente da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, afirma ser "lamentável ver autoridades públicas, negando a história do país, a gravidade que é quebra da legalidade".Na opinião dela, a fala revela como a ditadura no Brasil foi eficaz ao esconder a realidade da nação. "Não acredito que ele consiga relativizar mortes de mulheres de 18, 19 anos, estupros seguidos, pessoas grávidas no pau de arara. Não é possível que ele defenda, que ele relativize uma coisa desse jeito. Credito isso à falta de conhecimento."Gonzaga diz que, assim como em outros países onde existiram situações de conflitos internos graves, o Brasil também precisa criar espaços de memória, que hoje são poucos, mesmo na comparação com nações vizinhas.A procuradora ressalta, no entanto, que as ações ganharam mais fôlego, com maior acolhimento do Executivo e do Legislativo, que tem destinado mais emendas parlamentares para esses temas. "[Isso era] coisa que, no passado, só alguns faziam isso. Agora esse número já aumentou."Bastidores da PolíticaDuas vagas de senador e a possibilidade de renovação em 2026"; // imagens[1] = // ""; // imagens[4] = // ' source src = "/sites/all/themes/v5/banners/videos/vt-garcia-07-2023.mp4" type = "video/mp4" >'; // imagens[2] = // ""; // imagens[4] = // ""; // imagens[3] = // ""; // imagens[4] = // ""; index = Math.floor(Math.random() * imagens.length); document.write(imagens[index]);//]]>O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.