Nesta quinta-feira (5), é celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente. Uma das maneiras de preservar o planeta e mitigar os efeitos das mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global é diminuindo nossas emissões de gases de efeito estufa – o que, segundo um novo estudo, mulheres fazem mais que homens.Segundo a pesquisa conduzida no Instituto Grantham de Pesquisa de Mudanças Climáticas, na Universidade de Economia e Ciência Política de Londres (London School of Economics and Political Science, LSE), as mulheres possuem uma pegada de carbono 26% menor do que a dos homens. O estudo traz uma nova perspectiva sobre as ações que contribuem para o aquecimento global com o recorte de gênero.A pesquisa foi realizada com base em formulários e estudos feitos na França. Para analisar as emissões de gases de efeito estufa com meios de transporte como carros, foram estudas as respostas de 12.569 adultos em um relatório de 2019, enquanto os dados de alimentação foram retirados de estudos nacionais com a população entre 2014 e 2017. Leia mais Agência da ONU prevê anos cada vez mais quentes até 2029 Veja mudanças na alimentação que podem diminuir mortes e impacto ambiental Inundação de rio no Amazonas é resultado de atividade humana, diz estudo O recorte de mensurar as emissões de gases de efeito estufa com base na alimentação e transporte é pois, juntos, os itens são são responsáveis por metade da pegada de carbono média de uma pessoa na França. Ao analisar as respostas dos representantes da população francesa, as pesquisadores descobriram que as mulheres na França emitem 26% menos carbono por causa de sua alimentação e uso de meios de transporte.“Alimentação e transporte são particularmente relevantes por, pelo menos, três razões”, explicam as pesquisadores no estudo. “Primeiro, juntos, esses dois setores respondem por 50% das pegadas de carbono domésticas. Segundo, eles oferecem uma ampla gama de escolhas com variação significativa na intensidade de carbono — por exemplo, entre modos de transporte e produtos alimentícios . Terceiro, existem dados granulares de impacto ambiental para ambos os setores, permitindo-nos estudar diferenças nas pegadas de carbono em um nível sem precedentes de detalhe: nosso conjunto de dados final inclui medidas de intensidade de emissão que variam em mais de 2.000 produtos alimentícios e modelos de carros.”O que influencia a pegada de carbono na alimentação, por exemplo, é o consumo de carne vermelha, pois precisa de uma emissão maior de gases de efeito estufa para sua produção.Os pesquisadores também descobriram que a diferença de gênero nas pegadas de carbono é tão grande quanto a diferença entre indivíduos de menor e maior renda.O que faz mulheres emitirem menos gases de efeito estufa que homens?Segundo o estudo, a pegada de carbono anual associada com alimentação e transporte de homens é em média de 5.3 tCO2e, enquanto a de mulheres é de 3.9 tCO2e.De acordo com as pesquisadoras, os dados mostram que mulheres têm pegadas de carbono substancialmente menores do que os homens nos setores de alimentação e transporte, sendo que pontos como estrutura familiar, diferenças biológicas, maior consumo de carne vermelha e uso de carro entre homens são “fatores-chave” para a diferença de emissões entre os gêneros.“Nossos resultados sugerem que as normas de gênero tradicionais, particularmente aquelas que ligam a masculinidade ao consumo de carne vermelha e ao uso de carro, desempenham um papel significativo na formação das pegadas de carbono individuais”, explicou Ondine Berland, integrante da instituição de ensino inglesa. “Isso aponta para o potencial de políticas de informação que desafiem tais normas, por exemplo, ao reenquadrar alternativas baseadas em plantas como compatíveis com força e desempenho.”Os dados, no entanto, não significam necessariamente que mulheres estão mais preocupadas com as mudanças climáticas do que homens.“Mais pesquisas são necessárias para entender se essas diferenças nas pegadas de carbono também se devem, em parte, à maior preocupação das mulheres com as mudanças climáticas e à sua maior probabilidade de adotar comportamentos favoráveis ao clima na vida diária”, explicou Marion Leroutier, a outra autora da pesquisa.É possível mensurar pegada de carbono por gênero no Brasil?Embora não existem pesquisas feitas com a população brasileira com o impacto do gênero nas emissões de gases de efeito estufa, é possível identificar o interesse de mulheres em hábitos considerados mais sustentáveis, como diminuir o consumo de carne vermelha.Segundo pesquisa Datafolha divulgada em março de 2025, encomendada pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), as mulheres brasileiras demonstram uma propensão significativamente maior que os homens a reduzir o consumo de carne, sendo 28% contra 18%. As mulheres ouvidas pelo estudo também expressam maior disposição para deixar de comer carne por motivos de saúde (76% mulheres contra 72% dos homens), meio ambiente (48% das mulheres contra 38% dos homens) e proteção aos animais (48% das mulheres contra 34% dos homens).Veja pequena atitude que pode ajudar a reduzir a crise climática