Especialistas veem Brics como aliança cada vez mais anti-Ocidente

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O Brasil recebe as autoridades dos países-membro do Brics para a Cúpula do bloco neste domingo (6) e segunda-feira (7). A reunião de 2025, porém, conta com ausências relevantes – como a dos líderes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin.Para especialistas ouvidos pelo WW, isso escancara um momento de fraqueza que o grupo de emergentes enfrenta.“Ver como protagonista acho um pouco difícil. É uma aliança cada vez mais anti-Ocidente, […] e com mais entrantes, mais difícil ficam as possibilidades de reformular as antigas instituições”, pondera Roberto Dumas, professor de economia chinesa do Insper, que atuou no NDB (Novo Banco de Desenvolvimento), o banco do Brics, em Xangai, entre 2016 e 2017.Com as ausências, os especialistas já veem uma dificuldade de o Brics pautar e tomar decisões sobre assuntos de maior peso, como os conflitos no Oriente Médio e na Ucrânia.Ademais, Cristiano Noronha, cientista político e vice-presidente da consultoria Arko Advice, relembra sobre a perda de credibilidade de quem está hoje liderando o grupo. Leia Mais Quais são os membros do Brics? Veja lista Haddad: Banco do Brics é financeiramente viável e tem impacto concreto Em evento do BRICS, Lula diz que austeridade "não deu certo em nenhum país" “A reunião do Brics ocorre na semana em que a [revista britânica] The Economist fala dessa fragilidade que o presidente [Luiz Inácio Lula da Silva] sofre. Lula tenta usar o Brics como projeção mundial, mas que ele não consegue ter”, afirma Noronha.No último domingo (29), a publicação britânica avaliou que o petista tem perdido influência no exterior entre seus parceiros, que deixam de o ouvir; e rivais, como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o da Argentina, Javier Milei.Para o cientista político, hoje, a funcionalidade do Brics é muito mais de atender os interesses da China, sobretudo após as adições feitas ao bloco em 2023, ao integrar Irã, Etiópia, Egito, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita.Quanto mais o Brics expande, mais se afasta da capacidade de articular pela reforma do sistema financeiro internacional, uma de suas principais pautas desde a criação do grupo, segundo Dumas.A situação fica ainda mais grave para os especialistas quando o grupo se aproxima de países como o Irã e continua tentando se vender como um conjunto contrário a extremismos e dizer que não adota um discurso anti-ocidental.Enquanto isso, Lula segue defendendo a criação de uma moeda comum para as negociações entre os membros do bloco. Para o professor de economia, porém, o debate “parece uma brincadeira”, que aponta para a baixa aceitação das moedas dos países do Brics, enfatizando que ainda há um “tempo muito longo até se consolidar uma moeda que não seja o dólar”.Abertura comercial reduz impacto de tarifas de Trump no Brasil? Entenda