A advogada de Goiânia Silvana Ferreira da Silva, condenada a 7 anos e 4 meses de prisão por declarações sobre o promotor de Justiça Milton Marcolino dos Santos Júnior, é conhecida na internet por divulgar casos envolvendo bebês reborn. Em maio, ela usou suas redes sociais para revelar que recusou ingressar com uma ação de guarda compartilhada de uma boneca hiper-realista, solicitada por uma cliente.Silvana Ferreira explicou que, por se tratar de um objeto inanimado, não é juridicamente possível reivindicar a guarda da boneca. No entanto, a advogada aceitou entrar com uma ação pela administração das redes sociais do bebê reborn, que teria se tornado uma das fontes de renda do ex-casal.“A bebê reborn tem um Instagram, que a outra parte também deseja administrar, porque o perfil já está gerando monetização e publicidade. E como ele está crescendo bastante, ela acredita que deveria ser gerido por ambas as partes”, disse Silvana.No vídeo, a advogada afirmou que a “febre” das bonecas hiper-realistas pode acabar gerando problemas para a categoria. “A loucura da sociedade impacta diretamente na nossa profissão, e vai ser uma enxurrada de problemas para o Judiciário que nós podemos barrar um pouco”, avaliou.5 imagensFechar modal.1 de 5Promotor Milton Marcolino foi acusado de assédio pela advogada Silvana FerreiraReprodução2 de 5Advogada Silvana Ferreira vai recorrer da sentença de 7 anos de prisão em regime semiabertoReprodução3 de 5Silvana Ferreira é especialista em Direito Digital e CriminalReprodução4 de 5Milton Marcolino, promotor de Aparecida de Goiânia, processou a advogada Silvana Ferreira por injúria racial Reprodução5 de 5Advogada Silvana Ferreira negou entrar com pedido de guarda compartilhada de bebê rebornReproduçãoCondenaçãoSilvana Ferreira foi condenada pela 1ª Vara Criminal de Aparecida de Goiânia (GO) por injúria racial qualificada, calúnia e difamação contra o promotor de Justiça Milton Marcolino. A pena, estabelecida em regime semiaberto, inclui uma indenização de R$ 30 mil. A advogada recorre da decisão em liberdade.A sentença se refere a declarações feitas durante um podcast em 2021, quando ela relatava casos do início de sua carreira no direito criminal. Sem citar o nome de Milton Marcolino, Silvana disse ter sofrido assédio sexual por parte do promotor durante uma audiência na comarca. Ela se referiu a ele como “aquele meio moreninho”. Leia também Paulo Cappelli STF reagirá se Bolsonaro receber indulto de Eduardo ou Tarcísio Paulo Cappelli Como o Exército deverá atuar contra traficantes no RJ Paulo Cappelli Líder do PT diz que decisão de Moraes no STF “tem consequências” Paulo Cappelli OAB suspende Janones pela quarta vez “Fui fazer uma instrução e julgamento de um processo de homicídio na Comarca de Aparecida de Goiânia. E eu tô fazendo a audiência, e o promotor tá assim (segura o celular e faz gesto de apontar para o aparelho e estalar os dedos); eu olhava para ele e ele pedia o telefone. Eu parei a audiência e disse: ‘Ô excelência, avisa aí pro promotor que eu não tô aqui pra dar meu telefone pra esse inferno, não… Cão chupando manga!’”, relatou a advogada no podcast, ao contar um episódio supostamente ocorrido no início da sua atuação na advocacia criminal.Segundo ela, o promotor também teria passado a perseguir seu cliente, o que configuraria crime de prevaricação. Ao fim do processo, o próprio Milton Marcolino teria retirado as acusações por falta de provas.“Ele é meio moreninho, ficou meio roxo lá, sei lá que inferno aquilo… e aí virou perseguição no meu processo, né? O cara ficou preso dois anos sem nenhuma prova, não tinha excesso de prazo, não tinha porra nenhuma no processo. Aí cheguei no dia do júri do menino, o mesmo infeliz pede a absolvição dele, porque não tinha prova… Aí eu falei: ‘Cê manteve ele preso por esse tempo todo por quê, capeta?’”, completou.Na denúncia, o Ministério Público de Goiás (MPGO) argumentou que, mesmo sem o nome citado diretamente, as declarações atingiram o promotor. “Embora a denunciada não tenha mencionado nomes, era fácil concluir que se tratava do Promotor de Justiça Milton Marcolino dos Santos Júnior, à época único titular da promotoria com atuação nos crimes contra a vida na Comarca de Aparecida de Goiânia-GO, e negro”, diz o documento.RecursoApós a condenação, Silvana Ferreira usou as redes sociais para comentar a decisão judicial. Ela afirmou não ter se surpreendido com a sentença e disse acreditar que o recurso, agora fora da comarca onde atua o promotor, será julgado com imparcialidade.“A sentença de Aparecida de Goiânia, a mesma comarca onde o promotor exerce a função, é de 7 anos e 4 meses de prisão em regime semiaberto. A decisão não me espantou em nenhum momento. Na verdade, eu esperava até o regime fechado, pelo que vimos na instrução processual. É uma sentença completamente parcial, assim como foi a instrução. Totalmente parcial”, declarou a advogada.