“As redes sociais mandam que você seja sempre alegre” Leandro Karnal historiador e professor brasileiro!

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o excesso de otimismo pode mascarar verdades profundas sobre a condição humana. O professor e historiador Leandro Karnal (@leandro_karnal, professores), com 5,2 mi de seguidores no Instagram, trouxe um tema essencial: a necessidade de acolher a dimensão trágica da existência. Nesta reflexão, ele cita filosofia clássica, psicanálise e exemplos históricos para mostrar que a vida se constrói entre luz e sombra.Quem busca apenas a felicidade constante pode estar ignorando aspectos fundamentais da existência humana. Karnal lembra dos filósofos estoicos, como Aristóteles, que defendiam a ataraxia — um equilíbrio interior que não vacila frente às vicissitudes. Passando pela perspectiva de psicanalistas contemporâneos como Contardo Calligaris, ele defende a busca por uma vida interessante, não uma vida feliz a qualquer custo. Para ilustrar, apresenta a história comovente do filósofo Walter Benjamin (referido como “Báltir”), vítima do desespero durante a fuga do nazismo. Um exemplo trágico de como a perda de esperança torna o momento absoluto.Redes Sociais – Créditos: depositphotos.com / AndrewLozovyiPor que precisamos reconhecer o sofrimento na vida?Vivemos imersos em mensagens que sugerem que estar sempre bem é o único padrão. Karnal reflete que ignorar o sofrimento — a dor, a doença, a morte, o conflito — não faz bem a ninguém. A vida trágica faz parte de estar vivo. A perspectiva estoica da ataraxia aponta para o equilíbrio interno. Segundo a definição, ataraxia é um estado de “imperturbabilidade” e ausência de angústia mental, não um entorpecimento emocional. Ou seja, não se trata de não sentir, mas de não ser levado pelas emoções. A lição aqui é aprender que o sofrimento é inevitável — e aprender a lidar com ele com serenidade. Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Leandro Karnal (@leandro_karnal)O que é ataraxia e como isso pode ajudar você?A ataraxia é sabedoria antiga, da Grécia, incorporada por estoicos, epicuristas e céticos, que buscavam estabilidade emocional diante das adversidades. Nos estoicos, ataraxia vem junto à apatheia — não ausência de emoção, mas libertação de paixões desordenadas. Com práticas como reflexão, contemplação e distinção entre o que se pode controlar ou não, aprendemos a reagir com equilíbrio: sentir, mas sem desestabilizar-se. Isso permite aceitar os altos e baixos — e seguir vivendo com autonomia, mesmo diante da tragédia.Por que Contardo Calligaris defende uma vida interessante, não feliz?O psicanalista Contardo Calligaris questiona o ideal de felicidade implacável. Ele prefere “ter uma vida interessante” – isto é, aceitar intensamente os prazeres e as dores. Em entrevista, diz:“Ter uma vida interessante significa viver plenamente. Isso pressupõe poder se desesperar … é um tremendo desastre esse ideal de felicidade que tenta nos poupar de tudo o que é ruim.”.Calligaris defende que a vida é feita desse contraste: os momentos simples, intensos e também os sombrios. Ele propõe que viver bem não requer felicidade perpétua, mas atenção ao presente — ao “aqui e agora”. Isso é viver com presença, em que qualquer experiência — desde um café até uma dor — faz sentido. Uma proposta que aproxima-se da ataraxia, mas na prática psíquica cotidiana.O que a história de Walter Benjamin pode nos ensinar sobre esperança?Karnal traz o exemplo real de Walter Benjamin, pensador judeu-alemão que, durante a fuga para escapar do nazismo, suicidou-se na noite de 26 de setembro de 1940, após perder a esperança ao ver a fronteira fechada. Horas depois, a passagem foi reaberta. Esse evento trágico revela: quando perdemos a esperança, saturamos o momento e não percebemos que “tudo passa”. Como diz o filósofo Heráclito, “panta rhei” – tudo flui. O que parece eterno é, por definição, transitório.Como integrar essa visão na sua vida?A lição de Karnal, apoiada nas filosofias antigas e modernas, é clara: não se trata de eliminar emoções negativas, mas de desenvolver resiliência. A ataraxia não nos deixa insensíveis, mas sensíveis sem sofrer vítimas das circunstâncias. É estar atento ao que realmente importa — viver de forma interessante, com presença e profundidade. Assim, o universo pode conspirar contra alguns dias, mas você mantém a esperança de que o próximo será diferente.E como lidar com a busca constante da felicidade?A mente contemporânea é bombardeada com a mensagem de que ser feliz a cada segundo é normal. Isso gera frustração e sensação de fracasso. Com base em dados da OMS sobre saúde mental, sabemos que respostas emocionais negativas, como tristeza e ansiedade, fazem parte da vida humana. O que importa é a capacidade de regulação emocional, cultivada por práticas como respiração, meditação e auto‑conhecimento, e, quando necessário, suporte profissional. Ter equilíbrio emocional significa aceitar que momentos ruins fazem parte do caminho.Vamos viver uma vida interessante?Se identificar com a necessidade de repensar a busca por felicidade constante, faça um exercício simples: escolha hoje um momento de presença – seja apreciar sua refeição, uma conversa, ou um breve instante de silêncio. Experimente sentir o instante como singular. Reconheça que sofrer não é um erro — e sim parte da jornada. Cultive a esperança, mesmo em meio ao caos. A vida interessante se constrói assim: entre vales e montanhas, com curiosidade e coragem.Fontes oficiais:Hellenistic Philosophy – Ataraxia (Wikipedia EN)Calligaris, Contardo – entrevista “vida interessante” (Fronteiras)Ataraxia estoica e definição (Estoicismo.ar)Calligaris na mídia nacional (site Correio do Povo)O post “As redes sociais mandam que você seja sempre alegre” Leandro Karnal historiador e professor brasileiro! apareceu primeiro em Terra Brasil Notícias.