No Norte, 7 em cada 10 casos de diabetes não são diagnosticados; saiba como prevenir

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O Brasil soma hoje mais de 33 milhões de pessoas com sinais de pré-diabetes, condição silenciosa que antecede o diabetes tipo 2 e já pode causar danos ao coração, ao cérebro e aos rins. Os dados são da Federação Internacional de Diabetes (IDF), que coloca o país na sexta posição do ranking mundial de casos da doença.Em 2024, 15,2 milhões de brasileiros apresentaram glicose em jejum prejudicada e outros 17,7 milhões foram diagnosticados com tolerância à glicose diminuída. Os dois exames laboratoriais indicam que o corpo já tem dificuldade para regular o açúcar no sangue. Embora não configure ainda o diabetes tipo 2, o quadro já exige atenção.“O pré-diabetes é preocupante, pois se caracteriza pelo risco aumentado para o desenvolvimento futuro de diabetes tipo 2, além de doenças cardiovasculares”, explica a endocrinologista Tarissa Petry, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.Segundo o Ministério da Saúde, até metade das pessoas com esse diagnóstico evolui para diabetes tipo 2, mesmo com orientações médicas. Isso aumenta o risco de complicações cardíacas, renais, neurológicas e oculares.Diferenças regionais no BrasilPesquisas mais recentes indicam que a prevalência de diabetes, que muitas vezes sucede o estágio de pré-diabetes, varia consideravelmente entre as regiões brasileiras. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), a prevalência corrigida da doença foi de 10,5% no Sudeste, a mais alta do país, enquanto o Norte apresentou os menores índices, com 6,8%, mas também o maior nível de subnotificação: até 72,8% dos casos podem não estar diagnosticados.Nas capitais, os dados do Vigitel 2023 mostram variações que reforçam a desigualdade regional. Brasília e São Paulo têm as maiores prevalências, com mais de 12% da população afetada, enquanto Rio Branco (AC) aparece com a menor, abaixo de 6%.Além disso, exames preventivos, como o de fundo de olho ou o de avaliação dos pés, são realizados em apenas 25% dos pacientes no Norte, contra 52% no Sudeste, segundo dados da Fiocruz e da SBD.O que é o pré-diabetesO quadro é identificado quando a glicemia de jejum está entre 100 e 125 mg/dL, ou a hemoglobina glicada varia de 5,7% a 6,4%. Também se pode usar o teste oral de tolerância à glicose, com resultado entre 140 e 199 mg/dL duas horas após a ingestão de açúcar.A condição geralmente não apresenta sintomas, sendo descoberta por meio de exames de rotina. No entanto, quando evolui para diabetes, pode causar sede excessiva, fome constante, micção frequente, cansaço, perda de peso não intencional, infecções recorrentes e visão turva.Causas e fatores de riscoO desenvolvimento do pré-diabetes resulta da combinação entre predisposição genética e fatores comportamentais como sedentarismo, obesidade e dieta inadequada. “A resistência à insulina é provocada principalmente pelo acúmulo de gordura abdominal”, explica Ruy Lyra da Silva Filho, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia (SBEM).A condição também pode ser influenciada por medicamentos que interferem na ação da insulina.Riscos à saúdeMesmo sem sintomas aparentes, o pré-diabetes pode provocar danos ao sistema cardiovascular. “Muitos pacientes podem evoluir para um infarto ou um acidente vascular cerebral antes mesmo de receberem o diagnóstico de diabetes”, alerta Luciano Giacaglia, da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD).Estudos também associam o quadro ao declínio cognitivo. “Tanto que a doença de Alzheimer tem sido chamada informalmente de ‘diabetes tipo 3’”, comenta Giacaglia, referindo-se ao impacto tóxico da glicose elevada sobre os neurônios.Tem cura?Embora o termo técnico mais correto seja “remissão”, o pré-diabetes pode ser revertido, principalmente com diagnóstico precoce. “Investir em uma alimentação saudável, atividade física regular e perda de peso pode normalizar os níveis de glicose”, aponta Tarissa Petry.Reduções entre 5% e 10% do peso corporal já são suficientes para diminuir significativamente o risco de evolução para o diabetes, conforme o Programa de Prevenção do Diabetes (DPP).No entanto, Giacaglia alerta: “Mesmo com controle, há perda permanente de parte da função pancreática. Por isso, prevenção e diagnóstico precoce são fundamentais”.A principal recomendação é a mudança de hábitos: alimentação balanceada, controle de peso e atividade física regular. Em casos específicos, como pacientes com obesidade, histórico de diabetes gestacional ou idade avançada, pode ser necessário o uso de medicamentos como a metformina.“O tratamento deve ser sempre individualizado e orientado por um profissional de saúde”, reforça Tarissa.Alimentação e exercíciosPessoas com pré-diabetes devem priorizar alimentos ricos em fibras, vegetais e carboidratos complexos, evitando produtos ultraprocessados, gorduras saturadas e açúcar refinado. A ingestão de frutas deve ser moderada, entre duas a três porções diárias, e a hidratação, constante.Na prática de atividades físicas, a SBD recomenda pelo menos 150 minutos semanais de exercícios aeróbicos, como caminhada, corrida ou natação, e duas a três sessões de musculação ou exercícios com peso corporal. Para idosos, atividades como tai chi e ioga são indicadas para melhorar o equilíbrio e a mobilidade.*Com informações de O GloboLeia mais:A regra mudou: câmaras municipais devem incluir aposentados e pensionistas no limite de gastosWilson Lima firma parceria para a primeira usina a gás natural do Norte para operações portuárias