Em um cenário de escassez de profissionais e sobrecarga nos plantões de saúde, uma startup luso-brasileira tem se destacado por resolver uma dor crítica do setor: a dificuldade em preencher escalas de enfermagem com rapidez e qualidade.A Clicknurse, healthtech fundada em 2024 por João Hugo Silva e Pedro Marques, criou uma plataforma digital que permite às unidades de saúde contratar enfermeiros para plantões de forma quase imediata. E os resultados são promissores, conforme relatado em entrevista ao Olhar Digital.O que essa tecnologia já proporcionouO modelo, que já impactou hospitais e laboratórios em diversas regiões do Brasil, tem alcançado números expressivos: em alguns estabelecimentos, a taxa de preenchimento dos plantões chegou a 95% e o tempo médio de contratação, que antes chegava a meses, agora é de dois dias.Só em junho deste ano, mais de 1.700 plantões foram preenchidos por meio da plataforma.“Isso mostra que o problema é real e que havia uma lacuna de mercado importante. Estamos oferecendo uma solução ágil e segura para todos os envolvidos”, afirma João Hugo, CEO da Clicknurse e que trouxe a startup, nascida em Portugal, para o Brasil, no ano passado.Plataforma da startup centraliza processos para preencher escalas de hospitais e permite que o profissional da saúde encontre plantões de maneira simplificada – Imagem: ClicknurseComo o profissional da saúde usa o appA tecnologia desenvolvida pela startup funciona de forma simples para o usuário: o profissional de enfermagem baixa o aplicativo, realiza um cadastro com validação documental e passa por uma entrevista técnica e comportamental.Depois de aprovado, ele pode visualizar os plantões disponíveis, se candidatar e, se selecionado, realizar o trabalho. O pagamento é feito por meio de uma carteira digital integrada à plataforma.Do lado das unidades de saúde, todo o processo de contratação também ocorre de forma centralizada, com possibilidade de avaliar profissionais, conduzir entrevistas e confirmar plantões com poucos cliques. “A ideia é eliminar os ruídos de comunicação típicos de grupos de WhatsApp e ligações. É um processo de ponta a ponta, como o Uber: tudo acontece dentro da plataforma”, compara o fundador.Startup nasceu no auge da pandemia, em Portugal, diante da necessidade de melhores atendimentos pelas unidades de saúde – Imagem: ClicknurseLeia mais:Como a inteligência artificial pode ajudar na saúde mentalIngresso da IA generativa na saúde gera controvérsiasBenefícios da jornada digital na área da SaúdeOrigem em Portugal e expansão para o BrasilEm 2021, nasceu a plataforma MyCareforce em Portugal, no auge da pandemia, e rapidamente provou sua eficácia como solução tecnológica. “Usamos o mercado português como laboratório.Validamos o produto, aprendemos muito e, com a base sólida, expandimos para o Brasil com mais preparo”, explica João Hugo sobre o surgimento da Clicknurse. A operação brasileira foi oficialmente lançada em fevereiro de 2024 e vem crescendo de forma acelerada.Apesar dos bons resultados, o CEO destaca que o foco da startup não está apenas nos números. “Mais do que preencher plantões, nosso objetivo é garantir que o profissional certo esteja no lugar certo, na hora certa. Isso gera impacto direto no atendimento ao paciente e na eficiência das equipes”, afirma.Um dos principais desafios enfrentados no Brasil é a desconfiança das unidades de saúde quanto à formação dos profissionais.Para isso, a empresa estruturou uma equipe interna liderada por Sara Xavier, profissional com mais de 12 anos de experiência no Hospital Albert Einstein, que conduz entrevistas e avaliações criteriosas.Startup leva tecnologia ao setor de saúde para otimizar serviços da área – Imagem: Clicknurse“Ainda mantemos esse processo de forma humana porque acreditamos que a tecnologia, por si só, ainda não substitui esse olhar clínico sobre o comportamento e a capacidade do profissional”, explica o CEO.A meta da Clicknurse para 2025 é ambiciosa: “Já crescemos mais de quatro vezes desde o início do ano. Queremos chegar a 4 mil plantões mensais no Brasil até dezembro”, projeta João.Para ele, mais do que inovação, a startup representa uma provocação ao setor de saúde como um todo. “A saúde ainda é um setor muito tradicional. Há tecnologias disponíveis, mas é preciso que as instituições estejam dispostas a mudar, testar e adotar novas soluções. Se não houver essa abertura, continuaremos enfrentando os mesmos problemas de sempre”, finaliza.O post Startup brasileira cria tecnologia para preencher plantões de saúde apareceu primeiro em Olhar Digital.