Fhillip da Silva Gregório, conhecido no mundo do crime como Professor, foi encontrado morto na noite deste domingo (1º/6), após dar entrada já sem vida na UPA de Del Castilho, na Zona Norte do Rio. Baleado na cabeça, o traficante era considerado um dos líderes mais estratégicos do Comando Vermelho (CV) fora do sistema penitenciário. A polícia ainda investiga as circunstâncias da morte.Com 65 anotações criminais e foragido desde 2018, Professor havia se consolidado nos últimos anos como elo essencial entre a facção e o mercado internacional de armas e drogas. De acordo com investigações da Polícia Federal, ele mantinha conexões com fornecedores no Paraguai, Bolívia, Colômbia e até na Europa, sendo responsável direto por intermediar a compra de armamento pesado que abastecia favelas controladas pelo CV no Rio.Do presídio ao topo da facçãoProfessor fugiu do sistema prisional há seis anos e, desde então, não parou de crescer dentro da facção. Assumiu o comando do tráfico na Favela da Fazendinha, dentro do Complexo do Alemão, e, de lá, controlava boa parte da logística bélica da organização.Segundo relatórios de inteligência, nos últimos três anos ele praticamente não saía da comunidade. Para evitar ser reconhecido, passou por implantes capilares, cirurgias estéticas e tratamentos odontológicos em clínicas clandestinas montadas no próprio morro.Diálogos com a políciaEm 2024, o nome de Professor voltou ao centro das atenções após a deflagração da Operação Dakovo, que revelou o envolvimento de agentes públicos com o tráfico. Em mensagens interceptadas pela PF, ele conversava diretamente com policiais militares, negociando a retirada de blindados de favelas e estipulando limites para operações policiais.“Tenho a força. Ninguém tem mais soldado e fuzil que eu na facção”, disse em uma das trocas de mensagens obtidas com autorização judicial. Em outra, instrui um policial a não realizar ações em determinada área: “Deixa meu bagulho andar, mano.”Essas conversas embasaram denúncias do Ministério Público Federal contra 28 pessoas envolvidas em um esquema que movimentou mais de 43 mil armas ilegais vindas do exterior.Morte sem explicaçõesApesar do poder acumulado, Professor morreu de forma misteriosa. Segundo a Polícia Militar, ele foi levado por familiares até a UPA de Del Castilho, mas chegou sem sinais vitais. Um único disparo na cabeça selou o fim de uma das figuras mais temidas da facção.Não se sabe se ele foi vítima de um acerto de contas interno, execução por rivais, crime passional ou até se houve envolvimento de forças policiais. A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) assumiu a investigação, mas ainda não divulgou detalhes sobre a linha de apuração.