Trump planeja cortar à metade orçamento da Nasa com foco em missões climáticas

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O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, propôs cortar à metade o orçamento da Nasa. Pelos planos apresentados na semana passada, a agência espacial terá que encerrar missões antes do prazo e desistir de outras em desenvolvimento.Particularmente afetadas estão missões de observação da Terra, como os satélites da série Landsat, amplamente empregados no Brasil para monitorar desmatamento. Esses satélites são desenvolvidos em parceria com o Serviço Geológico dos EUA e a continuidade de sua série não terá recursos suficientes.Leia tambémPromessas de vitórias fáceis de Trump enfrentam a realidade em semana turbulenta Trump teve que persuadir o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu a evitar um ataque ao IrãApetite de Trump para punir Putin está prestes a passar por um teste crucial; entendaTrump tem oscilado sobre a ideia de impor sançõesTambém sem recursos previstos estão satélites que monitoram o tempo e o clima do planeta, inclusive os mantidos em parceria com a Agência de Oceanos e Atmosfera (Noaa). Todas essas missões podem não ter recursos para garantir sua continuidade.O corte ainda precisa ser aprovado pelo Congresso. Mas, mesmo que não seja aceito na íntegra, custará aos EUA a perda do protagonismo americano no espaço, disseram cientistas à revista americana Science. O orçamento de US$ 3,9 bilhões proposto pela administração Trump não é suficiente sequer para encerrar missões no prazo originalmente previsto.Mira nas mudanças climáticasO plano do governo Trump, segundo a Science, é ter uma agência “mais enxuta”, com o objetivo de levar “o primeiro humano, um americano, a Marte”. Para isso, aprovado o corte, 40 missões classificadas como de “baixa prioridade” terão fim.Os satélites que monitoram o clima e o uso da terra estão na lista de prioridade baixa. A especialista em sensoriamento remoto Anne Nolin, da Universidade de Nevada, declarou à Science que haverá perda significativa na capacidade de os EUA estudarem mudanças no clima e fazerem previsão meteorológica. Mas mesmo outras áreas, como a prospecção de minerais estratégicos, devem ser afetadas.O ex-diretor de ciência da Nasa Alan Stern classificou a proposta como um erro trágico, que custará bilhões de dólares de prejuízo aos EUA.Na lista dos cortes estão os satélites Aqua, Aura e Terra, que há duas décadas contribuem com o estudo das mudanças climáticas. Aqua e Terra, já no fim de sua vida útil, não serão substituídos e Aura, que poderia operar até o fim da década, terá seu fim antecipado.Duas outras missões ativas que estudam a concentração de CO2 na atmosfera serão eliminadas, se o Congresso aprovar os cortes. São dois instrumentos instalados na Estação Espacial Internacional: os Observatórios de Carbono em Órbita (OCOs) II e III. Ambos são essenciais para compreender o impacto das emissões humanas de CO2.Outro instrumento instalado na estação que será desativado é o Sage III, que mede ozônio, vapor d’água e outros gases atmosféricos. Na lista também estão os instrumentos dedicados à Terra a bordo do satélite Deep Space Climate Observatory, que monitora o clima espacial.Os cortes incluem missões em Júpiter, como a Juno, e a sonda New Horizons que está nos confins do Sistema Terrestre. Duas missões planejadas para Vênus chamadas DaVinci e Veritas também foram dinamitadas. Nem Marte escapou. Se depender de Trump, serão desligadas as naves robóticas Mars Odyssey e Maven.A proposta de drástica redução do orçamento da Nasa elimina a maioria das missões planejadas para os próximos anos. Entre elas está a frota de satélites Atmosphere Observing System (AOS), cuja missão seria investigar como a poluição afeta a formação de nuvens e tempestades.Outra que Trump quer ver enterrada é a missão Surface Biology and Geology (SBG). Trata-se de um satélite equipado com um espectrômetro capaz de dividir a luz refletida em mais de 400 canais de comprimento de onda. Com ele é possível medir CO2 e metano e, dessa forma, mapear florestas, áreas agrícolas e depósitos de minerais.A Science destacou que os cortes são um desafio imediato para o indicado de Trump ao cargo de administrador da Nasa, Jared Isaacman, cuja votação de confirmação pode ocorrer na próxima semana no Senado.Isaacman disse aos parlamentares que um corte de 50% no orçamento científico da Nasa “não é o ideal”, e prometeu “defender investimentos sólidos em ciência espacial”.Alan Stern disse que a comunidade científica está mobilizada para convencer o Congresso a vetar os cortes. “Estou pronto para essa batalha. E sei que estou em boa companhia”, afirmou em entrevista à Science.The post Trump planeja cortar à metade orçamento da Nasa com foco em missões climáticas appeared first on InfoMoney.