Academia do catador une inclusão e capacitação de profissionais

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De acordo com a Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (ABREMA), o Brasil gera 82 milhões de toneladas de resíduos sólidos por ano, dos quais apenas 4% são reciclados. De todo o material reciclado no Brasil, mais de 90% passam pelas mãos e catadoras e catadores que trabalham de forma autônoma ou em cooperativas – essas pessoas são responsáveis pela reciclagem no Brasil, mas não recebem o reconhecimento e a valorização que merecem.Hoje, estima-se que estejam em ação mais de cerca de 800 mil catadores, segundo dados do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR). Esses profissionais são protagonistas quando o assunto é reciclagem. Porém, a grande maioria está em situação de vulnerabilidade, com remuneração baixa e atuação em ambientes precários, como ruas e lixões, além de condições muito vulneráveis pela falta de contratos que garantam estabilidade para o planejamento de seus empreendimentos.É dentro deste contexto que o Instituto Recicleiros criou a Academia Recicleiros do Catador, lançada oficialmente no dia 29 de maio de 2025. A plataforma nasceu de uma parceria com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, SIG, Nestlé, Instituto Heineken e Alcoa Foundation.Imagem: Recicleiros | Divulgação“A Academia é a concretização de um sonho de constituir uma escola que não tratasse apenas de questões produtivas e administrativas, mas considerasse a dimensão humana, olhando para a origem e a história de vida dessas pessoas. A reciclagem, para nós, só é sustentável se for inclusiva e emancipatória”, explica Lusimar Guimarães, gestor da Academia do Catador.A Academia do Catador é uma plataforma que oferece acesso gratuito a todo o público de catadores e técnicos que atuam no ecossistema da reciclagem no Brasil. Leia também: 1.Catador por um dia? Desafio Pimp promove conscientização 2.Green Mining apoia Cataki na busca por renda justa a catadores O objetivo da Academia do Catador é formar pessoas e promover a mobilidade social desses profissionais a partir do empreendedorismo. Para tanto, desenvolve um processo de formação profunda e transversal, considerando todas as dimensões necessárias para que o negócio dos catadores possa ser bem-sucedido.As trilhas de capacitação desenvolvem conhecimento operacional, de segurança, administrativo, liderança, cooperativismo, governança, relacionamento interpessoal, entre outros assuntos técnicos e comportamentais.Foto: RecicleirosA metodologia de formação da Academia Recicleiros do Catador já vem sendo utilizada e constantemente melhorada nas operações do Programa Recicleiros Cidades. São mais de 300 catadores e 40 técnicos facilitadores, em 14 cidades, passando pela formação da Academia.“Por meio da Academia queremos compartilhar o conhecimento e boas práticas gerados no Programa Recicleiros Cidades com outros catadores. Para nós, a construção de uma cadeia ética de reciclagem, que garante condições de trabalho seguras e remuneração digna aos catadores, é fundamental. Hoje, temos os times de saúde e segurança e de melhoria contínua da fábrica da SIG trabalhando junto com o time Recicleiros para desenvolver os melhores protocolos. Nosso objetivo é que os catadores trabalhem nas unidades de processamento com as mesmas condições que nossos funcionários em nossas plantas”, diz Isabela De Marchi, Gerente de Sustentabilidade América do Sul, da SIG, patrocinadora semente do Instituto Recicleiros. Leia também: 1.Salvador lança aplicativo para impulsionar reciclagem 2.BNDES aloca R$ 20 milhões para fortalecer cooperativas de reciclagem Com o apoio de SIG, Nestlé e Instituto Heineken, o Instituto Recicleiros vem sistematizou todo o conteúdo da Academia do Catador. O conhecimento é fruto de 18 anos de atuação no campo para torná-lo disponível de maneira gratuita para catadores de todo o país.Foto: Divulgação“Trabalhava em uma associação de catadores de materiais recicláveis em Guaxupé, Minas Gerais. Fui treinado e capacitado para fazer a separação de materiais e, depois, fazer a coleta na rua com o caminhão três dias na semana. Mas sem equipamentos de proteção e minha retirada era abaixo de um salário-mínimo. Tempos depois, a associação fechou e o Instituto Recicleiros chegou e inaugurou a Recicla Guaxupé, em parceria com a prefeitura. Participei da seleção e fui convidado a fazer parte da cooperativa, que inaugurou em 2020. Passei pela esteira de separação, prensa, pré-triagem e hoje sou coordenador de mobilização. Aqui trabalhamos com EPI´s e recebemos uma remuneração digna. Estou feliz por fazer parte da Recicla Guaxupé e grato a todos que confiam em mim”, conta Carlos Alberto da Cruz Filho, coordenador de mobilização da cooperativa de catadores Recicla Guaxupé.Com uma jornada intensiva, transversal e de longo prazo, a Academia do Catador busca desenvolver condições ideais para que as pessoas mais vulneráveis da comunidade possam atuar de maneira profissional e altamente eficiente em suas cooperativas, tornando-se elo estratégico e competitivo em um mercado cada vez mais explorado.“Entendemos que a demanda por capacitação de qualidade e aderente à realidade dos catadores vem de todo o Brasil. Com a experiência do Instituto Recicleiros na incubação e profissionalização de catadores, associada à possibilidade de deixar isso acessível e padronizado para quantos catadores tiverem interesse, acreditamos que temos um produto extremamente valioso e gerador de profundo impacto social. É um projeto de longa duração, de melhoria contínua, até que se torne a melhor e mais completa solução para o desenvolvimento profissional dos catadores”, diz Erich Burger, Diretor Institucional de Recicleiros e um dos idealizadores da Academia.Unidade do Programa Recicleiros em Guaxupé, Minas Gerais. Foto: RecicleirosPoder público e privadoA parceria formal com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima aconteceu por meio de um Acordo de Cooperação, que envolve o lançamento e o desenvolvimento contínuo da plataforma Academia do Catador. O acordo considera a evolução e a gestão da plataforma pelo Instituto Recicleiros, incluindo suporte técnico e monitoramento.Por parte do Ministério do Meio Ambiente, abrange a colaboração na sugestão de temas, inserção de conteúdos normativos como Logística Reversa, Lei de Incentivo à Reciclagem, Remuneração de Serviços Ambientais, além da promoção da plataforma online.Para dar escala à Academia do Catador, Recicleiros conta com o apoio de empresas. Tornar tanto o método quanto o conteúdo livres e gratuitos para catadores de todo o Brasil foi o que chamou a atenção e incentivou organizações como SIG, Nestlé, Instituto Heineken e Alcoa Foundation a investirem no programa.Foto: Divulgação | Recicleiros“Sabemos da importância de catadores para o funcionamento sustentável da indústria de bebidas, para o avanço da reciclagem e, principalmente, da nossa responsabilidade para com este público. O Instituto Heineken existe para atuar frente ao desafio de promover condições mais dignas de trabalho para essas pessoas, e parcerias como essa unem o nosso compromisso e recursos com a expertise de quem está diretamente ligado a essa ponta da nossa cadeia de valor, nos permitindo promover o desenvolvimento social e a inclusão produtiva necessários para gerar a transformação dessa realidade”, conta Vânia Guil, Gerente Executiva do Instituto Heineken.Além disso, a Academia trabalha com a lógica de ‘inovação aberta’, conceito que busca a inovação a partir da criação de parcerias externas com outras pessoas e organizações. Dessa maneira, os investidores têm a oportunidade de contribuir para a construção dos módulos educativos, estudos socioeconômicos e projetos especiais dentro do espectro da Academia do Catador. Leia também: 1.Mundo desperdiça € 200 bilhões por ano em materiais recicláveis 2.Quais as reivindicações dos catadores de recicláveis? Foto: Divulgação | Recicleiros“Com o apoio de mais empresas, vamos amplificar este modelo que estrutura, qualifica e emancipa os atores envolvidos nesse segmento da cadeia produtiva, além de gerar conhecimento que é aberto e compartilhado com outras organizações que promovem os catadores. E, por fim, transformar o que alguns ainda chamam de lixo em recursos, trabalho e dignidade, afinal, essa é a nossa missão”, finaliza Lusimar Guimarães.“A Nestlé apoia mais de oito mil profissionais de reciclagem em todo o Brasil, com ações estruturantes que desenvolvem melhores sistemas de reciclagem, aumentam o engajamento sobre o tema e a renda desses trabalhadores. Estar junto com o Instituto Recicleiros, na criação da Academia, faz parte do compromisso da empresa de ter suas embalagens desenhadas para reciclagem e/ou reutilização integrada à geração de impacto social positivo. E isso também acontece por meio da ampliação do conhecimento, que contribui para valorização dos catadores como empreendedores sociais”, afirma Taissara Martins, Head de Sustentabilidade daNestlé Brasil.Foto: Divulgação | RecicleirosO Instituto Recicleiros atua há quase 20 anos no desenvolvimento de soluções para a gestão sustentável de resíduos sólidos em todo Brasil, com especial foco na recuperação de embalagens pós-consumo com a inclusão de catadores e catadoras. Por meio do Programa Recicleiros Cidades, implanta nos municípios brasileiros a coleta seletiva e a reciclagem, envolvendo em um mesmo ecossistema em cadeia circular prefeituras, empresas, catadores e cidadãos.“A Alcoa Foundation prioriza investimentos que promovem a resiliência das comunidades, dos territórios e da economia nas regiões onde a Alcoa atua ao redor do mundo. Reconhecemos que os catadores desempenham um papel essencial e valioso na economia circular do Brasil, promovendo a inclusão econômica e a gestão sustentável de resíduos. Temos orgulho de apoiar esse projeto de grande impacto liderado pela Recicleiros”, diz Caroline Rossignol, Presidente da Alcoa Foundation. Leia também: 1.Lei de incentivo à reciclagem é regulamentada; saiba como funciona 2.Lixo eletrônico aumenta 5 vezes mais rápido do que a reciclagem The post Academia do catador une inclusão e capacitação de profissionais appeared first on CicloVivo.