A advogada Soraia Mendes e o empresário e ex-deputado Alexis Fonteyne discutiram nesta quinta-feira (29), em O Grande Debate (de segunda a sexta-feira, às 23h), se a retomada do julgamento do Marco Civil da Internet, que regula as big techs, é uma resposta do Supremo Tribunal Federal (STF) à possibilidade dos Estados Unidos sancionarem autoridades do Judiciário brasileiro.O julgamento será retomado na próxima quarta-feira (4). A data foi marcada menos de um dia depois do governo de Donald Trump ameaçar barrar vistos de autoridades estrangeiras que, segundo o país, censurarem norte-americanos. Leia Mais Waack: Congresso pressiona, mas Lula não muda política fiscal STM manda prender oficial do Exército acusado de matar garimpeiros em RR Base de Nunes sinaliza regulamentação de mototáxi por app em SP Para Soraia Mendes, a decisão do Supremo não tem relação direta com as ações do governo dos Estados Unidos. “O Supremo não entra em queda de braço com nenhum grupo político. Quem vem numa ofensiva contra o STF e contra a soberania brasileira é o governo Trump, que coloca nossos cidadãos sob a mira dos seus interesses.”Soraia também relaciona a tentativa de interferência norte-americana no Estado brasileiro com as ingerências externas ocorridas durante a ditadura militar.“É como se dissessem: ‘Ou vocês brasileiros concordam em não punir aqueles que são golpistas ou então vamos retaliar as autoridades de vocês'”.Já para Fonteyne, a retomada do julgamento do Marco Civil da Internet não é apenas uma resposta às ações do governo Trump, como é também uma intromissão do Supremo no Legislativo. Segundo o ex-deputado, a corte brasileira quer reinterpretar o artigo 19 da Constituição, que trata do direito à liberdade de expressão.“Não há nada que obriguei as big techs a retirarem conteúdos do ar sem uma ordem judicial”, disse.Ele ainda aponta ainda que falas recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no retorno da viagem à China geram o temor de que o Brasil esteja planejando adotar o modelo chinês de regulação das redes, o que, na prática, se configuraria em censura.“Lula pediu a visita de um alto funcionário do governo chinês, especialista em redes sociais, porque elas são mais bem utilizadas pela direita. Ou seja, ele quer calar a direita. Ele quer impedir o debate”, finalizou.