Líder histórica do movimento por desenvolvimento sustentável, a ex-primeira-ministra da Noruega, Gro Brundtland, fez um alerta direto nesta quinta-feira (6) durante o GAFFFF, em São Paulo: a forma como o mundo produz, embala e distribui alimentos é responsável por 30% das emissões globais de gases de efeito estufa.“Precisamos de uma transição urgente para sistemas alimentares regenerativos”, disse. Para ela, pescadores, agricultores e todos os que dependem diretamente da terra precisam ser parte dessa mudança — que deve ocorrer, segundo a ex-diretora-geral da OMS, antes que as consequências da crise climática se tornem irreversíveis.A presença de Brundtland no evento teve também um tom simbólico. Ela lembrou que seu último relatório oficial foi em 1997 e que, de lá pra cá, o mundo mudou, mas não o bastante. A norueguesa foi a autora do famoso documento “Nosso Futuro Comum” (1987), que cunhou o termo “desenvolvimento sustentável” e deu origem à Rio-92, marco da diplomacia ambiental que aconteceu também no Brasil. Leia Mais GAFFFF: Festival Agro destaca sustentabilidade e inovação na produção Brasil quer liderar segurança alimentar global com aumento populacional Mulheres emitem 26% menos gases de efeito estufa que homens, diz estudo “Estamos numa década decisiva. Ainda podemos criar um mundo mais resiliente, sustentável e inclusivo — mas só se agirmos agora”, afirmou. Segundo ela, a COP30, marcada para Belém (PA) em 2025, pode ser mais uma virada histórica com protagonismo brasileiro.No palco do Allianz Parque, Brundtland também reforçou a ligação entre desigualdade e degradação ambiental, lembrando uma frase da ex-primeira-ministra indiana Indira Gandhi: “a pobreza é o maior poluente”. Segundo ela, nenhum plano ambiental será viável sem considerar as necessidades básicas das populações mais pobres.