Ajuste fiscal mais demorado trava melhora do Brasil, diz Moody’s

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A Moody’s rebaixou a perspectiva do Brasil de positiva para estável porque “o ajuste fiscal deve demorar mais do que o previsto”. A avaliação é de Samar Maziad, vice-presidente, analista sênior e responsável pela classificação soberana do país na agência.Durante o Inside LatAm Brasil 2025, evento realizado em São Paulo nesta terça-feira (10), Maziad detalhou os motivos da mudança na perspectiva da nota do país, anunciada no fim de maio. A decisão indica que o rating brasileiro não deve ser elevado tão cedo.Inflação desacelera para 0,26% em maio: BC já pode interromper altas da Selic?Confira análise no Giro do Mercado de hoje:No final do ano passado, a Moody’s havia elevado a nota de crédito soberano do país de Ba2 para Ba1 — um nível abaixo do grau de investimento — com perspectiva positiva.No entanto, segundo Samar, a falta de avanço consistente no fiscal frustrou as expectativas e deve adiar uma eventual melhora na classificação.“A perspectiva do Brasil mudou porque o ajuste fiscal levará mais tempo. O país deve continuar perseguindo as metas fiscais, mas o ganho de credibilidade será mais demorado”, afirmou.Ela destacou que essa confiança adicional depende da aprovação de novas reformas, principalmente na área de gastos públicos. Além disso, acrescentou que os juros mais altos também alteraram a dinâmica.“Mesmo que o nosso cenário de 2024 ainda se concretize e os desenvolvimentos ocorram conforme o esperado, ganhos adicionais em relação à perspectiva positiva devem levar mais tempo”, disse.De acordo com Samar, um acordo entre os poderes Executivo e Legislativo em torno de reformas nas despesas poderia contribuir para uma eventual melhora na nota. Entretanto, alertou que um esforço menor com relação ao fiscal poderia minar a confiança dos investidores e elevar o custo de financiamento da dívida, abrindo espaço para um rebaixamento do rating soberano.Outras perspectivasEm relação ao desempenho da economia, a Moody’s avalia que o Brasil apresentou crescimento mais robusto nos últimos anos. A expectativa da agência é de que o Produto Interno Bruto (PIB) avance 2% em 2025.Já sobre o impacto dos juros elevados, a Moody’s estima que o peso da taxa alta deve atingir o pico este ano, mesmo com a continuidade da política monetária mais restritiva.