Apesar de ter voltado atrás após a repercussão negativa do aumento do IOF, imposto de transações financeiras, a elevação de tributos por parte da equipe econômica de Fernando Haddad — que promete taxar uma série de investimentos antes isentos — continua pegando mal no setor financeiro.Na Febraban Tech, evento que discute as principais tendências do sistema bancário, alguns CEOs dos grandes bancos fizeram questão de tocar no assunto.De acordo com Roberto Sallouti, CEO do BTG (BPAC11), é inevitável que o Brasil revisite toda a estrutura de despesas do seu orçamento, pois, do contrário, o arcabouço fiscal vigente não será sustentável a partir de 2026.“Vemos agora, ao mesmo tempo, uma discussão de aumento de impostos para que possamos atingir as metas. A minha provocação aqui é: se sabemos que isso é inevitável, por que estamos esperando?”, afirmou.Em sua visão, é hora de revisar onde há excessos, onde é possível melhorar os processos, para que o país não seja obrigado a aumentar impostos.Mais cedo, o ministro da Fazenda confirmou que o governo vai propor uma alíquota unificada de 17,5% de Imposto de Renda sobre rendimentos de aplicações financeiras, e disse que também será proposto aumentar tributação de JCP de 15% para 20%.O painel também contou com Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú; Salutti, do BTG, Mario Leão, CEO do Santander Tarciana Medeiros, presidenta do Banco do Brasil; Carlos Vieira, da Caixa, e Marcelo Noronha, CEO do Bradesco“Eu fico comparando o Brasil a uma empresa. Aqui, nós somos obrigados, diariamente, a rever despesas e ganhar eficiência, porque o nosso cliente só está disposto a pagar X por aquele produto. E a gente vê essa concorrência acirrada no mercado financeiro.”Para ele, o governo tem o privilégio de ser um monopólio — o monopólio de tributar. “Mas chega um momento que, até nisso, esse monopólio acaba não funcionando, porque a sociedade reage”, destaca.Na sua avaliação, o aumento de tributos tem uma consequência que talvez agora seja imperceptível, mas que trará impactos, como o aumento do custo do Brasil e da ineficiência. “É mais areia na engrenagem.”O painel também contou com Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú (ITUB4); Tarciana Medeiros, presidenta do Banco do Brasil (BBAS3); Mario Leão, CEO do Santander (SANB11); Marcelo Noronha, CEO do Bradesco (BBDC4); e Carlos Vieira, da Caixa, as medidas foram citadas por alguns executivos.Menos despesasJá o CEO do Bradesco defendeu que o equilíbrio se dará pelas despesas, não apenas pelo aumento das receitas.Entre as medidas do governo está o fim da isenção para alguns títulos de renda fixa, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA), que passarão a ter cobrança sobre os rendimentos.“Nossa postura sempre foi construtiva em relação ao Congresso Nacional, em relação ao Poder Executivo, no sentido de dialogar e de mostrar causas e efeitos para a economia”, disse Noronha.Ainda segundo ele, determinadas medidas podem criar um ônus para algumas empresas — um ônus que pode ser necessário, mas que também pode demandar caminhos alternativos.Já Milton Maluhy Filho, do Itaú, afirmou que é importante que o país some forças “para um país melhor”.“O nosso partido político é o Brasil. E o Brasil dá certo. A gente precisa dar certo, a gente precisa fazer, influenciar, para podermos ter um país melhor todos os dias. É um convite a todos”, afirma.