Pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia em San Diego, nos Estados Unidos, estão desenvolvendo uma terapia genética para Alzheimer que pode proteger o cérebro de danos e preservar a função cognitiva.Embora até agora a intervenção tenha sido testada apenas em ratos, ela difere de tratamentos atuais, que focam na remoção de proteínas tóxicas. A nova abordagem age diretamente nas células cerebrais. O estudo que detalha seu uso foi publicado em 28/5 na revista científica Signal Transduction and Targeted Therapy. Leia também Saúde Teste da xícara de chá pode revelar os primeiros sinais de Alzheimer Saúde Alzheimer: estudo brasileiro acha marcador para acelerar o diagnóstico Saúde Alzheimer: 6 sintomas que se desenvolvem na fase inicial da doença Saúde Novo remédio protege barreira cerebral e pode ajudar no Alzheimer O que é o Alzheimer?O Alzheimer é uma doença que afeta o funcionamento do cérebro de forma progressiva, prejudicando a memória e outras funções cognitivas.Ainda não se sabe exatamente o que causa o problema, mas há indícios de que ele esteja ligado à genética.É o tipo mais comum de demência em pessoas idosas e, segundo o Ministério da Saúde, responde por mais da metade dos casos registrados no Brasil.O sinal mais comum no início é a perda de memória recente. Com o avanço da doença, surgem outros sintomas mais intensos, como dificuldade para lembrar de fatos antigos, confusão com horários e lugares, irritabilidade, mudanças na fala e na forma de se comunicar.A doença de Alzheimer causa a morte de células cerebrais devido ao acúmulo de proteínas tóxicas, provocando perda de funções cognitivas. Os tratamentos atuais, porém, controlam apenas os sintomas, mas a terapia genética pode interromper ou reverter a evolução da doença em si.Em testes com camundongos, a administração da terapia gênica em estágio já de desenvolvimento de sintomas referentes à memória levou a uma preservação quase integral do hipocampo, região central do cérebro. Os animais tratados exibiram padrões de expressão gênica semelhantes aos de camundongos saudáveis da mesma idade, sugerindo que as células doentes retornaram a um estado normal.Como funciona o novo tratamento do Alzheimer?A pesquisa foca na caveolina-1 (Cav-1), uma proteína que regula vias de sinalização de crescimento e sobrevivência nas células nervosas. A terapia usa um vetor viral para entrar no DNA das células e induzi-las a aumentar a expressão da proteína no cérebro.Com isso, o tratamento cria novos neurônios ao mesmo tempo em que a doença mata as células cerebrais. Estudos anteriores já haviam mostrado bons resultados, mas foram feitos em camundongos saudáveis.O novo estudo testou o efeito da terapia em camundongos com sintomas avançados. Os resultados confirmaram que a memória dependente do hipocampo foi mantida, o que é raro em terapias para essa fase da doença.Além disso, uma análise genética revelou que camundongos tratados apresentaram menor atividade de vias ligadas à neurodegeneração e maior atividade em caminhos relacionados à sinapse e cognição, reforçando o potencial protetor da terapia.8 imagensFechar modal.1 de 8Alzheimer é uma doença degenerativa causada pela morte de células cerebrais e que pode surgir décadas antes do aparecimento dos primeiros sintomasPM Images/ Getty Images2 de 8Por ser uma doença que tende a se agravar com o passar dos anos, o diagnóstico precoce é fundamental para retardar o avanço. Portanto, ao apresentar quaisquer sintomas da doença é fundamental consultar um especialista Andrew Brookes/ Getty Images3 de 8Apesar de os sintomas serem mais comuns em pessoas com idade superior a 70 anos, não é incomum se manifestarem em jovens por volta dos 30. Aliás, quando essa manifestação “prematura” acontece, a condição passa a ser denominada Alzheimer precoceWestend61/ Getty Images4 de 8Na fase inicial, uma pessoa com Alzheimer tende a ter alteração na memória e passa a esquecer de coisas simples, tais como: onde guardou as chaves, o que comeu no café da manhã, o nome de alguém ou até a estação do anourbazon/ Getty Images5 de 8Desorientação, dificuldade para lembrar do endereço onde mora ou o caminho para casa, dificuldades para tomar simples decisões, como planejar o que vai fazer ou comer, por exemplo, também são sinais da manifestação da doençaOsakaWayne Studios/ Getty Images6 de 8Além disso, perda da vontade de praticar tarefas rotineiras, mudança no comportamento (tornando a pessoa mais nervosa ou agressiva), e repetições são alguns dos sintomas mais comunsKobus Louw/ Getty Images7 de 8Segundo pesquisa realizada pela fundação Alzheimer’s Drugs Discovery Foundation (ADDF), a presença de proteínas danificadas (Amilóide e Tau), doenças vasculares, neuroinflamação, falha de energia neural e genética (APOE) podem estar relacionadas com o surgimento da doençaRossella De Berti/ Getty Images8 de 8O tratamento do Alzheimer é feito com uso de medicamentos para diminuir os sintomas da doença, além de ser necessário realizar fisioterapia e estimulação cognitiva. A doença não tem cura e o cuidado deve ser feito até o fim da vidaTowfiqu Barbhuiya / EyeEm/ Getty ImagesPotencial terapêutico e próximos passosEstudos in vitro mostraram que neurônios tratados com a terapia exibem aumento na atividade neuronal e sináptica, indicando uma proteção funcional do sistema nervoso central.Apesar dos avanços promissores, mais estudos são necessários para avaliar a segurança e eficácia em humanos. Os cientistas ressaltam que a combinação da terapia genética com medicamentos que atacam a proteína beta-amiloide, uma das proteínas tóxicas do Alzheimer, pode melhorar os resultados clínicos.Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!