O que os projetos cripto estão fazendo para contornar a ameaça quântica

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À medida que a computação quântica avança, cresce também a preocupação com a segurança das criptomoedas. Com um mercado avaliado em US$ 2 trilhões, o Bitcoin lidera essa inquietação: sua existência depende de uma criptografia que, até hoje, tem se mostrado inviolável. No entanto, a promessa dos computadores quânticos é justamente a capacidade de quebrar esse tipo de proteção em questão de minutos — o que uma ameaça quântica colocaria em risco não só o Bitcoin, mas todo o ecossistema cripto.Nos últimos anos, bilhões de dólares foram roubados de protocolos DeFi, principalmente em redes de segunda camada Ethereum. Enquanto isso, a blockchain do Bitcoin continua intacta há 16 anos, sendo considerada a mais segura do mundo. Mas essa integridade, de um ativo que atualmente é o sexto mais valioso do mundo, pode não durar para sempre.O que é computação quântica?Diferente dos computadores tradicionais que operam com bits (0 ou 1), os computadores quânticos utilizam qubits, capazes de representar 0 e 1 ao mesmo tempo. Isso permite uma execução massiva e paralela de cálculos complexos — um salto que pode revolucionar setores como finanças, química e, claro, segurança digital.O alerta foi intensificado após o anúncio do Google, em 2023, sobre o processador Willow, que realiza cálculos específicos em apenas cinco minutos. Embora ainda distante da capacidade necessária para quebrar a criptografia do Bitcoin, o Willow marcou um progresso notável.Para se ter ideia, o chip Sycamore, também do Google, já havia demonstrado poder quântico em 2019 ao resolver em 200 segundos um problema que levaria 10 mil anos para o supercomputador Summit da IBM.De acordo com analistas da AllianceBernstein, seriam necessários milhões de qubits para ameaçar a segurança da rede Bitcoin. Por enquanto, o Sycamore possui 53 qubits e o Condor, da IBM — o mais avançado até agora — tem 1.121. Contudo, um novo estudo de Craig Gidney, pesquisador do Google, apontou que talvez sejam necessários apenas 1 milhão de qubits ruidosos para quebrar criptografias como RSA-2048 — uma redução de 20 vezes em relação às estimativas anteriores.O que a comunidade do Bitcoin está fazendo?Apesar da ameaça ainda ser distante, o Bitcoin começa a se preparar. Uma das principais propostas em estudo é o BIP 360, que sugere a introdução de endereços com criptografia pós-quântica. Outra ideia, chamada “hourglass” (ampulheta), propõe limitar o uso de transações de tipos vulneráveis (como o antigo pay-to-public-key, p2pk), estendendo o tempo de resposta em caso de ataque quântico. Leia também: Por que é quase impossível hackear a rede do BitcoinO objetivo é permitir que a rede identifique ataques em tempo real e reaja com rapidez, além de oferecer uma espécie de escudo temporário até que soluções mais permanentes sejam implementadas. Ainda assim, a migração para esse novo sistema exigiria que todos os usuários — de indivíduos a grandes exchanges — transferissem seus ativos para novos tipos de endereços.E os outros projetos?Fora do universo Bitcoin, várias iniciativas já estão ativamente testando defesas pós-quânticas. A blockchain Algorand, por exemplo, utiliza uma assinatura digital pós-quântica a cada 256 blocos. A Solana, por sua vez, lançou o Solana Winternitz Vault, um cofre baseado em assinaturas hash que gera novas chaves para cada transação.A startup QAN também afirma ter alcançado “resistência quântica” em fase beta para contratos inteligentes, enquanto a suíça SEALSQ lançou um chip de segurança, o QS7001, que adota algoritmos CRYSTALS-Kyber e Dilithium — ambos padronizados pelo NIST (Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos EUA).Além disso, iniciativas como o Projeto 11 estão criando “versões de brinquedo” dos algoritmos do Bitcoin e oferecendo recompensas para quem conseguir quebrá-los, a fim de testar a resiliência das redes e antecipar soluções.A ameaça é real, mas o tempo ainda joga a favorApesar das projeções alarmantes, o consenso entre especialistas é que os computadores quânticos ainda não representam uma ameaça quântica imediata. Isso dá tempo para que a indústria cripto se prepare — e ela já começou. O desafio será coordenar mudanças profundas sem comprometer os princípios fundamentais da descentralização e da autocustódia.A corrida contra o tempo, no entanto, está em curso. Se os avanços em hardware quântico continuarem no ritmo atual, o ecossistema cripto terá menos de uma década para completar sua transição para um ambiente pós-quântico.Aproveite ativos com ganhos de até 24,5% ao ano: mais que o dobro da Poupança e até 167% do CDI. Cadastre-se na página oficial para aproveitar ofertas exclusivas na Super Quarta do MB!O post O que os projetos cripto estão fazendo para contornar a ameaça quântica apareceu primeiro em Portal do Bitcoin.