Médicos de Gaza juntam bebês em incubadora por falta de combustível

Wait 5 sec.

Médicos da Faixa de Gaza afirmam que precisaram juntar vários bebês em uma incubadora, enquanto hospitais alertam que a escassez de combustível está forçando a interrupção de serviços vitais, colocando a vida dos pacientes em risco.A ONU disse que a crise de combustível está em um ponto crítico, com os poucos suprimentos disponíveis e “praticamente sem estoques adicionais acessíveis”.A CNN contatou a Cogat, a agência israelense responsável pela coordenação das entregas de ajuda humanitária a Gaza, sobre a falta de combustível e aguarda retorno.O diretor do Hospital Al-Ahli, ao sul da Cidade de Gaza, publicou uma foto nas redes sociais nesta quarta-feira (9), mostrando vários recém-nascidos compartilhando uma única incubadora, tirada em outra unidade, a Al-Helou. Leia Mais: Cessar-fogo em Gaza pode ser fechado até o final de semana, diz fonte Israel planeja deslocar mais de 600 mil palestinos para cidade humanitária Reféns libertados de Gaza detalham violência sexual em novo relatório “Essa trágica superlotação não é apenas uma questão de falta de equipamentos — é uma consequência direta da guerra implacável em Gaza e do bloqueio sufocante que paralisou todo o sistema de saúde”, escreveu o doutor Fadel Naim.“O cerco transformou o atendimento de rotina a bebês prematuros em uma luta de vida ou morte. Nenhuma criança deveria nascer em um mundo onde bombas e bloqueios decidem se ela vive ou morre”, pontuou.O diretor do Hospital Al-Shifa, no norte de Gaza, disse que a escassez de suprimentos está forçando o fechamento das seções de diálise renal para que pudessem se concentrar em terapia intensiva e salas de cirurgia.“Se o combustível não for disponibilizado nas próximas horas para o Hospital Al-Shifa, o hospital ficará fora de serviço nas próximas três horas, o que levará a um alto número de mortes”, advertiu o doutor Mohammad Abu Silmiya à CNN.Ele destacou que centenas de pacientes estão em risco, incluindo 22 bebês em incubadoras.Imagens de dentro do hospital mostraram médicos usando lanternas enquanto tratavam pacientes.Outra unidade, o Complexo Médico Nasser, informou que tinha combustível suficiente para 24 horas e estava se concentrando em departamentos vitais, como maternidade e terapia intensiva.“Os hospitais estão racionando. As ambulâncias estão paralisadas. Os sistemas de água estão à beira do colapso”, afirmou o Ocha (Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários).“As mortes que isso provavelmente causará poderão aumentar drasticamente em breve, a menos que as autoridades israelenses autorizem a entrada de novo combustível – com urgência, regularidade e em quantidades suficientes”, adicionou.Falta de peças também cria risco em GazaAlém da escassez de combustível, a dificuldade em encontrar peças de reposição para os geradores que abastecem os hospitais de Gaza está forçando mais unidades de saúde a paralisarem suas atividades.“Não apenas o combustível é um grande problema para o funcionamento dos geradores dos hospitais, nosso principal problema agora é encontrar peças de reposição para os geradores antigos”, afirmou o Ministério da Saúde de Gaza à CNN nesta quarta-feira.O Hospital dos Mártires de Al-Aqsa, no centro de Gaza, emitiu um comunicado urgente informando que o gerador principal da instalação havia quebrado devido à falta de peças de reposição, forçando-o a depender de uma unidade de reserva menor.“O combustível acabará nas próximas horas e as vidas de centenas de pacientes estão em risco dentro das enfermarias”, alertou o comunicado.“O fechamento do hospital ameaça interromper os serviços de saúde de meio milhão de pessoas na Província Central”, adicionou.Serviços básicos ameaçados em Gaza sem combustívelAlém dos hospitais, o combustível é essencial para manter os serviços básicos em funcionamento em Gaza.O território depende fortemente de importações para cozinhar, colocar em funcionamento usinas de dessalinização e tratamento de águas residuais, e para abastecer os veículos usados ​​em operações de resgate.Israel restringiu a entrada de combustível durante o conflito e alegou que o Hamas poderia usá-lo em armas.O grupo humanitário MSF (Médicos Sem Fronteiras) alertou sobre o que chamou de “uma crise humanitária sem precedentes” na Faixa de Gaza, em um comunicado divulgado na terça-feira, e pediu um cessar-fogo e a entrada de uma quantidade muito maior de ajuda humanitária.“Nossas equipes trabalharam para tratar os feridos e abastecer hospitais sobrecarregados, enquanto ataques indiscriminados e o estado de sítio ameaçam milhões de homens, mulheres e crianças”, disse o MSF.“Instamos as autoridades israelenses e os governos cúmplices que permitem essas atrocidades, incluindo o governo do Reino Unido, a encerrarem o cerco agora e tomarem medidas para impedir a expulsão dos palestinos de Gaza”, concluiu.Segunda reunião com Trump focou em reféns na Faixa de Gaza, diz Netanyahu | LIVE CNN