Waack: Mesmo esvaziada, reunião do Brics provoca os EUA

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Afinal, o Brics é um grupo antiamericano? Desde que a China, atropelando o Brasil, aumentou de cinco para 11 os participantes do grupo, é fácil responder a essa pergunta. O Brics é um grupo formado de acordo com os interesses da China — e não pela natureza do relacionamento deles entre si. E a China é quem desafia os Estados Unidos como líder da ordem mundial.O resto é firula diplomática brasileira para fazer de conta que não quer chutar a canela dos Estados Unidos — leia-se Donald Trump — que já mandou dizer que vai tascar 10% extra de tarifas em cima do grupo inteiro. Leia Mais Mundim: China tem intenção de substituir dólar e preocupa Trump Análise: Ser contra Trump é consenso do Brics Juros futuros sobem após Trump ameaçar países do Brics com tarifas Tem um cheiro de bravata isso aí. Trump vai chutar a Arábia Saudita, com quem anda em clima de romance? Ou idem à Índia? A Rússia de Putin, de quem ele gosta tanto?O Brasil presidiu a mais recente cúpula do Brics querendo não gerar manchetes negativas. Mas, no que dependeu do presidente Lula, foi pior do que isso.“Quem disse em que foro internacional se discutiu que o dólar seria a moeda padrão?”, perguntou o presidente brasileiro. A indagação expressa profunda ignorância de como funciona a economia internacional.Na busca por evitar qualquer fricção nessa reunião, o Brasil ajudou a redigir um texto final que expressa bem o que é o Brics: um grupo desconexo, sem objetivo claro, onde vale sobretudo o que interessa à China.No qual se fazem discursos sobre multilateralismo, paz e negociações — mas não se toca na violação de princípios que o Brasil diz defender mundo afora, como soberania dos povos, respeito aos direitos humanos, democracia.Em situações como essa do Brics, o Brasil fica na lamentável posição da potência menor que não tem o cinismo nem a força dos grandões. E nem a razão e a postura moral dos oprimidos.