Os mercados operam em compasso de espera nesta quarta-feira (9), com atenção voltada para a divulgação da ata do Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto, na sigla em inglês) às 15h, que deve trazer detalhes sobre a última reunião do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) e fornecer pistas sobre os próximos passos da política monetária americana.Investidores também monitoram os desdobramentos das declarações do presidente Donald Trump sobre tarifas comerciais, que vêm provocando reações em países emergentes e em setores ligados ao comércio exterior.Na terça-feira, Trump descartou uma extensão do prazo de tarifas que começaria em 1º de agosto e anunciou uma taxa de 50% sobre as importações de cobre e indicou que novas tarifas específicas para cada setor serão aplicadas em breve. Além disso, ele anunciou, por meio da rede Truth Social, que anunciará algo relacionado ao comércio com pelo menos sete países pela manhã, enquanto outros países serão nomeados à tarde.A agenda econômica nos Estados Unidos tem, pela manhã, a divulgação dos estoques de petróleo às 11h, enquanto no Brasil o único dado relevante do dia é o fluxo cambial semanal, marcado para as 14h30.O que vai mexer com o mercado nesta quartaAgendaO presidente Lula inicia sua agenda às 10h, com a cerimônia oficial de chegada do presidente da Indonésia, Prabowo Subianto. Em seguida, às 10h20, Lula participa de uma reunião restrita com o mandatário indonésio, seguida por uma reunião ampliada entre as delegações dos dois países, às 11h. Às 12h15, os dois presidentes fazem uma declaração conjunta à imprensa. Às 13h, Lula oferece um almoço em homenagem ao presidente da Indonésia. Às 16h, o presidente se reúne com o chefe de seu Gabinete Pessoal, Marco Aurélio Marcola.O presidente do BC, Gabriel Galípolo, participa de audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação (CFT) da Câmara dos Deputados, em Brasília. (aberto à imprensa)Renato Dias De Brito Gomes, diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do Banco Central, participa das 9h às 10h como palestrante do evento “Global Payments Week”, organizado pelo Banco Mundial. A atividade ocorre no edifício-sede do Banco Central, em Brasília, e é fechada à imprensa.No exterior, o membro do conselho do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, discursa em El Escorial, na Espanha, enquanto seu colega Philip Lane, também do conselho do BCE, realiza um discurso em Bruxelas.Brasil14h30 – Fluxo cambialEUA11h – Estoques de Petróleo 15h – Ata do FomcINTERNACIONALNovas tarifasO presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na terça-feira (8) uma tarifa de 50% sobre o cobre importado. A decisão segue uma investigação da Seção 232, iniciada em fevereiro, que analisa o impacto das importações na segurança nacional. Trump declarou que a China tem sido justa nos acordos comerciais com os EUA. Segundo ele, o relacionamento com o país asiático tem sido bom. O presidente também disse que fala com frequência com Xi Jinping. O tarifaço anunciado por Donald Trump já arrecadou US$ 100 bilhões e pode chegar a US$ 300 bilhões até o fim do ano, segundo o Tesouro dos EUA.Brics pagam maisTrump afirmou que os países que integram o grupo Brics receberão uma tarifa de 10% “muito em breve”. Segundo ele, a política do bloco é antiamericana, e a medida se estenderá a qualquer país que se alinhe ao grupo. Em resposta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a dizer que os países do Brics são soberanos e não aceitam intromissões. ImpactoA retomada da tarifa de 50% sobre aço e alumínio pelos Estados Unidos, em vigor desde 4 de junho, pode gerar um impacto de até US$ 1,5 bilhão nas exportações brasileiras até o fim de 2025, segundo o professor da ESPM Jorge Ferreira. Ele aponta que esse valor pode subir caso a tarifa adicional de 10% sobre países alinhados ao Brics também se aplique. O Brasil é o segundo maior fornecedor de aço para os EUA, e já há sinais de reprecificação de contratos e realocação de cadeias globais. Apesar disso, o CEO da HKTC, Daniel Cassetari, afirma que o mercado não foi afetado negativamente. Segundo ele, os preços do aço subiram, e as medidas de Trump foram inócuas, pressionando, na verdade, a economia americana.Acordo bilateralO ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que o Brasil está negociando um acordo bilateral com os Estados Unidos, apesar das ameaças tarifárias de Donald Trump contra países do Brics. Trump classificou as ações do bloco como “antiamericanas” e prometeu retaliação econômica. Haddad reforçou que o Brasil mantém relações comerciais amplas e não pode abrir mão de parcerias globais. Lula criticou as ameaças de Trump e disse que o mundo não aceita mais “imperadores”. Já Alckmin defendeu o diálogo e destacou a importância da relação bilateral.Leia tambémDow Jones Futuro ronda estabilidade com incertezas sobre tarifas de TrumpTrump descartou uma extensão do prazo de tarifas que começaria em 1º de agosto e anunciou uma taxa de 50% sobre as importações de cobreECONOMIAINSSQuase meio milhão de beneficiários do INSS com menos de 18 anos têm descontos em seus benefícios por empréstimos consignados feitos por seus representantes legais, segundo reportagem da Folha de S.Paulo. A flexibilização da regra em 2022 permitiu que bancos concedam esses créditos sem autorização judicial prévia, ampliando quem pode contratar. Após denúncias e investigação da Polícia Federal, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região suspendeu a concessão sem aval judicial, por risco de prejuízo aos menores. O Ministério Público Federal alertou para a vulnerabilidade desses beneficiários e o perigo de superendividamento. O INSS e bancos afirmam que a contratação deve seguir a lei, enquanto o governo atual planejava restringir a medida flexibilizada.Resgate líquidoO primeiro semestre deste ano registrou resgate líquido de R$ 37,8 bilhões em fundos de investimento, sendo o segundo pior resultado dos últimos cinco anos. A renda fixa foi a única classe com saldo positivo de R$ 59,4 bilhões, enquanto multimercados e ações tiveram resgates maiores. O patrimônio dos fundos multimercados caiu para R$ 1,5 trilhão, com redução no número de contas e fundos. Apesar disso, houve recuperação na rentabilidade dos multimercados no semestre. A Anbima destaca que fundos de crédito privado ganham espaço, representando 13% do patrimônio líquido da indústria.Valor atualizadoBrasileiros têm R$ 10,15 bilhões esquecidos no Sistema de Valores a Receber (SVR) do Banco Central, com 43,9 milhões de pessoas físicas e 4,2 milhões de empresas com valores a receber. Desde o início do programa, R$ 10,7 bilhões já foram devolvidos. O resgate automático está disponível para pessoas físicas com chave Pix CPF, mediante ativação no site do BC e conta Gov.br prata ou ouro. A maioria dos valores é pequena, com 62,8% dos beneficiários tendo até R$ 10 para receber. Para consultar e solicitar, é preciso acessar o site do SVR e fazer login com a conta Gov.br.Imposto de RendaO deputado Arthur Lira (PP-AL) anunciou que pode concluir ainda nesta ou na próxima semana o relatório que eleva a faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5.000, podendo prever alíquotas mínimas de 8% ou 9% em vez dos 10% propostos pelo governo. A proposta quer compensar a renúncia fiscal com uma cobrança progressiva sobre dividendos, já que o imposto mínimo enfrenta resistência na comissão especial. A aprovação depende do consenso das bancadas, enquanto o governo teme que ampliar o escopo dificulte a votação. Lira destacou a necessidade de diálogo para superar o atual impasse político e legislativo. A votação deve ocorrer antes do recesso, mas ainda enfrenta desafios.POLÍTICAIOFO ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), se reuniram na noite desta terça-feira para buscar uma solução para o impasse em torno do decreto que elevou as alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).Redução de benefícios A Câmara dos Deputados aprovou um requerimento de urgência para a votação do projeto de Lei Complementar (PLP) 128/2025, que reduz os benefícios federais de natureza tributária, financeira e creditícia em, no mínimo, 10%. Com a aprovação da urgência, o projeto não precisa tramitar nas comissões da Câmara e é votado diretamente no plenário. A previsão é que a proposta seja votada ainda está semana na Casa.AcordosDurante a visita do primeiro-ministro Narendra Modi no Brasil na terça-feira (8), foram assinados seis acordos bilaterais, incluindo cooperação em energia renovável e combate ao terrorismo. O Brasil quer ampliar o comércio bilateral, hoje em US$ 12 bilhões, e negociar a venda de aviões Embraer à Índia. Lula ressaltou a importância da parceria estratégica e da transferência tecnológica entre os países. Ambos destacaram a necessidade de fortalecer a cooperação econômica e tecnológica para alavancar o desenvolvimento mútuo.Meta fiscalHaddad afirmou que a equipe econômica exige medidas para cumprir a meta fiscal de 2025, destacando a responsabilidade dos três Poderes. Ele comentou que a arrecadação superou as expectativas no terceiro trimestre, mas ainda aguarda o relatório de julho para avaliar cortes. Haddad afirmou que o aumento do IOF visa combater a evasão fiscal e o planejamento tributário que prejudicam o país. O ministro alertou que ampliar despesas sem controle dificultará o cumprimento da meta. A documentação para justificar o IOF será apresentada ao STF.Boa relaçãoHaddad disse ainda que não pode ter uma relação estremecida com o presidente da Câmara, Hugo Motta, e indicou que deve se encontrar com ele ainda nesta semana. Haddad ressaltou que depende da boa condução dos trabalhos da Câmara e que nunca sai de uma negociação sem acordo. Ele descartou conflitos entre os dois e destacou que o Congresso pode avançar rapidamente quando há consenso. As declarações vieram após a crise provocada pela derrubada do decreto do IOF. Haddad também mencionou que há projetos econômicos maduros para votação.TalvezHaddad disse, por fim, que pode assumir a coordenação da campanha ou do programa de governo de Lula nas eleições de 2026, embora prefira ficar à frente da pasta até o fim do mandato. Ele descartou que Lula peça para ser candidato a algum cargo por São Paulo e garantiu que o presidente estará na disputa, rejeitando comparações com a fragilidade do ex-presidente americano Joe Biden. Haddad minimizou as críticas à popularidade do governo, destacando avanços na vida dos brasileiros e o processo de digitalização do PT. CustosA participação de 36 parlamentares no Fórum de Lisboa, idealizado por Gilmar Mendes, deve custar mais de R$ 760 mil ao Congresso, revela reportagem da Folha de S.Paulo. Apenas onze deles constavam na programação oficial como palestrantes. Os gastos com passagens variam de R$ 4,7 mil a R$ 41 mil, enquanto diárias chegam a R$ 21 mil. Parte dos parlamentares utilizou avião da FAB ou bancou os custos do próprio bolso. O evento teve 2.500 inscritos e isenção de ingresso para autoridades.Minutas de intervençãoA Advocacia-Geral da União (AGU) informou que prepara minutas de intervenção em uma ação movida nos Estados Unidos contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O processo foi aberto pela Trump Media e pela plataforma Rumble, que alegam violação da liberdade de expressão por decisões do ministro que suspenderam contas acusadas de desinformação. As empresas tentam notificar formalmente Moraes, o que pode levar o Brasil a atuar juridicamente no caso. Se houver notificação, Moraes terá 21 dias para se manifestar. A ação confronta os princípios de soberania judicial do Brasil com garantias constitucionais dos EUA.(Com Agência Brasil, Estadão e Reuters)The post Ata do Fed, Galípolo na Câmara, nova tarifas de Trump e mais destaques desta 4ª appeared first on InfoMoney.