O coronel Emerson Massera, porta-voz da Polícia Militar (PM) de São Paulo, disse nesta sexta-feira (11/7) que a corporação cometeu um “descuido” ao divulgar a informação de que o local onde um homem rendido foi morto com um tiro na cabeça, na noite dessa quinta (10/7) em Paraisópolis, era uma “casa bomba”, usada pelo crime organizado para armazenar armamentos e drogas.Logo após o ocorrido, a PM chegou a dizer, por meio de nota, que a morte ocorreu durante “confronto com criminosos”, enquanto os policiais averiguavam uma “denúncia sobre a presença de armamento pesado no local”, na zona sul de São Paulo. Em entrevista coletiva, Massera disse que não houve confronto. Dois policiais foram presos em flagrante. Os demais envolvidos são investigados.“Como nós trabalhamos com informações correntes, estamos sujeitos a alguma imprecisão e necessidade de retificação. Essa informação que foi passada inicialmente realmente não era verdadeira”, disse Massera.2 imagensFechar modal.1 de 2Drogas e armas foram apreendidas em casa que suspeitos foram presosDivulgação/ Polícia Militar do Estado de São Paulo2 de 2Após tiroteio que matou um suspeito, PM apreendeu drogas e armas em casaDivulgação/ Polícia Militar do Estado de São Paulo“Houve a divulgação de uma foto em que há um material apreendido e um criminoso ao fundo. Fica aqui como um erro, até por descuido. Mas que não pode acontecer em hipótese alguma”, acrescentou. Leia também São Paulo Execução em Paraisópolis: comunidade lidera mortes por PMs em SP Mirelle Pinheiro Sargento da PM morre com tiro na cabeça durante operação no Rio São Paulo PM critica policiais que mataram homem rendido: “Sem justificativa” São Paulo MPSP denuncia PMs por envolvimento na execução de jovem em Piracicaba O coronel afirmou que a Polícia Militar instaurou um procedimento investigativo para apurar o ocorrido. Segundo ele, há a suspeita de uma casa bomba na região. “Não era uma casa bomba, isso é bom que fique bem claro. Tínhamos uma denúncia de que há uma casa bomba, e essa casa bomba ainda precisa ser bem investigada, apurada”.Protesto em ParaisópolisUma operação policial em Paraisópolis nessa quinta-feira (10/7) gerou um protesto na comunidade horas depois.Moradores fizeram barricadas com fogo, viraram carros e trocaram tiros com policiais militares das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rotas).No protesto, um outro morador, de 29 anos, foi morto e um policial militar foi baleado.O agente foi socorrido ao Hospital Albert Einstein, na zona oeste.A Secretaria da Segurança Pública (SSP) dividiu o caso em duas ocorrências: a da operação que matou um homem durante a tarde e a do protesto em si.Ambas estão sendo investigadas pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), por meio de inquérito policial.“Nada justifica”Segundo Massera, o homem não oferecia risco quando os policiais fizeram os disparos. “Dois policiais efetuaram os disparos. Não havia nada que justificasse nesse momento o disparo por parte da força policial”, disse o porta-voz da corporação. Para Massera, não é possível falar em “falta de treinamento”.“Não dá para colocar esse episódio como falta de treinamento. Tivemos aquelas ocorrências a partir de novembro do ano passado e temos essa agora. Acho que tem uma característica muito parecida em todas elas. Os policiais que cometeram erros sabiam que estavam cometendo erros. […] Então a falta de treinamento não pode ser alegada. Existem algumas ações que são dolosas”, afirmou.Durante o protesto, um outro homem, de 29 anos, foi baleado e morto pela PM em troca de tiros. Um policial também foi baleado e socorrido. A respeito dessa ocorrência, o coronel Emerson Massera afirmou que “não houve excesso” por parte da corporação.