Indústria aposta em FIDCs para financiar operações e contornar juros altos e IOF

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A criação de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) está crescendo, e a indústria tem encontrado neste mecanismo uma forma de financiamento. Dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) compilados pela Vertrau, empresa de tecnologia especializada em infraestrutura para o setor, apontam que foram criados 1.185 novos fundos nos últimos 12 meses. Neste período, o destaque maior ficou para os recebíveis da indústria, cuja carteira cresceu 80% – um avanço de R$ 37 bilhões.Esse crescimento, segundo Dionathan Henchel, sócio fundador da Vertrau, é resultado da convergência de três fatores: a modernização do arcabouço regulatório, que trouxe segurança ao investidor; o aumento da popularidade do instrumento pelo boca a boca entre empresas; e os avanços tecnológicos, que melhoraram a segurança das transações com criptografia de dados e assinaturas digitais.Leia também: Com boom em 2024, FIDCs prometem mais um ano de forte crescimento, dizem gestoresConcessão de créditoA indústria já opera com financiamentos a prazo, mas os FIDCs oferecem uma alternativa mais eficiente, segundo Henchel. Nestes fundos, os sócios figuram como investidores, utilizando o capital da indústria para financiar operações de crédito com clientes, fornecedores e parceiros de negócio.  O mecanismo não se resume à venda antecipada de dívidas, mas à criação de uma estrutura própria, que opera com notas fiscais e, em alguns casos, com recebíveis de cartão de crédito. “A indústria vende para um varejista, e usa os recebíveis dessa varejista como meio de pagamento”, explica.Juros menoresPara as indústrias, o FIDC representa uma forma de contornar os altos juros de outros financiamentos, oferecendo crédito mais baixo baseado na confiança entre as partes.  A possibilidade de antecipação de recebíveis e operações de risco-sacado também estão entre as vantagens, segundo Henchel. O fundo, geralmente fechado para investidores externos, é isento de IOF, oferecendo benefícios tributários.Quando o FIDC atua na antecipação de recebíveis performados, esta operação, que é de crédito para a empresa, é também para o FIDC uma operação de investimento comprando o título com deságio, o que não caracteriza empréstimo e, consequentemente, fica isento de IOF, explica Sgobbi.Leia também: FIDCs beneficiados pelo IOF? Gestores seguem otimistas apesar do aumento de imposto“O FIDC possui diversas vantagens, entre elas que as empresas ou empresários podem ser igualmente os investidores melhorando a rentabilidade do capital. Outro tema relevante é o benefício tributário, pois a alíquota de IR só é aplicada sobre o investimento no momento do resgate. Isso permite um reinvestimento do caixa do imposto diferido resultando num retorno adicional ao investidor”, explica Sgobbi.Essa operação se torna viável em indústrias com faturamento a partir de R$ 100 milhões. Os custos envolvem taxas de gestão e administração em torno de 1,5% e 2,0% aa, despesas com governança (auditoria, consultoria e etc) que não são relevantes e a comissão de estruturação que varia de 3% a 5% sobre o valor captado pelo estruturador, de acordo com Sgobbi.Embora o mecanismo tenha custos mais altos que outras estruturas menores, como a SCD, a redução de IOF e o planejamento tributário compensam para empresas de maior porte, na análise de Henchel. Para o cliente, o benefício é o juro menor, enquanto para a indústria, a vantagem é manter o cliente dentro do seu ecossistema.Henchel considera o cenário como um processo de maturação, com espaço para evolução tecnológica e simplificação do processo, que ainda envolve diversos players, como administradores, gestores e consultorias de crédito.  Apesar do crescimento expressivo, o mercado ainda se mostra pulverizado, abrangendo diversos setores industriais.Espaço para expansão dos FIDCsPara João Baptista Peixoto Neto, CEO da Ouro Preto Investimentos, a tendência é que o instrumento se popularize ainda mais. “Qualquer grande empresa que precise financiar seus clientes vai querer estruturar um fundo deste tipo para aumentar as vendas, dar segurança aos fornecedores e incrementar o capital de giro, lucrando com o operacional em si e com a operação financeira”, afirma.Para o investidor, o desafio é conhecer bem o FIDC que está colocando dinheiro. “É preciso saber se é um fundo que financia venda de veículos, ou pequenas e médias empresas, para saber quais os riscos daquele segmento frente à economia”, explica.Leia também: Do crédito estudantil à energia solar: os FIDCs favoritos dos fundos de investimentoThe post Indústria aposta em FIDCs para financiar operações e contornar juros altos e IOF appeared first on InfoMoney.