Medida ‘megalomaníaca’: Nobel de Economia critica tarifa de Trump ao Brasil e diz que não tem base econômica

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O economista Paul Krugman, vencedor do Prêmio Nobel de Economia de 2008, fez duras críticas à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Para ele, a medida é “maligna” e revela traços de “megalomania”.Em artigo publicado na quarta-feira (9) no site Substack, Krugman afirma que a nova tarifa não tem sustentação técnica e, na prática, representa um “programa de proteção a ditadores”. Segundo ele, trata-se de uma ação de caráter político, voltada a punir o Brasil pelo julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente réu no Supremo Tribunal Federal (STF).O novo “tarifaço” foi comunicado por Trump ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva por meio de uma carta oficial. No documento, o republicano defende Bolsonaro e diz que o processo contra o ex-presidente brasileiro representa uma “vergonha internacional”.Em resposta, Lula afirmou que o Brasil “não será tutelado por ninguém” e que adotará medidas com base na Lei da Reciprocidade Econômica diante de qualquer sanção comercial unilateral.Para Krugman, o episódio revela a tentativa dos EUA de usar o comércio internacional como instrumento de intimidação. “Trump mal finge ter uma justificativa econômica. Tudo se resume a punir o Brasil por colocar Bolsonaro em julgamento”, afirmou.O economista ainda considera a decisão um marco na política externa americana e defende que, se os EUA ainda tivessem uma democracia funcional, essa decisão “seria por si só motivo para um processo de impeachment”.VEJA TAMBÉM: Quais são as principais recomendações do BTG Pactual? O Money Times fez uma curadoria gratuita dos relatórios do banco; veja aquiTarifas de Trump têm relevância econômica limitadaKrugman minimizou os possíveis impactos diretos da tarifa sobre a economia brasileira. “O Brasil tem mais de 200 milhões de habitantes. As exportações para os EUA representam menos de 2% do seu PIB. Trump realmente acredita que pode intimidar uma nação desse porte a abandonar a democracia?”, questionou.Citando dados da Organização Mundial do Comércio (OMC), o economista lembrou que os principais parceiros comerciais do Brasil são a China (26,8% das exportações), a União Europeia (15,2%) e os próprios Estados Unidos (11,4%). “Trump age como se o Brasil dependesse do mercado americano, o que claramente não é o caso”, disse.Krugman lembra que o uso de tarifas com fins políticos não é novo na história americana, mas destaca a diferença de contexto. “Após a Segunda Guerra Mundial, os EUA promoveram o comércio como força de paz e democracia. Hoje, Trump tenta usar tarifas para proteger outro aspirante a ditador”, escreveu.