A taxação de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos EUA pode afetar setores como os setores petroquímico, mineral e agropecuário, com destaque para as áreas de café, carnes e suco de laranja.O sobrepreço começará a valer a partir do próximo dia 1º de agosto. Em carta publicada na rede social Truth Social, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, argumenta que a taxa é uma resposta ao julgamento do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro. Leia mais Tarifas dos EUA podem cortar crescimento do PIB em 0,5 ponto, diz XP Setor de proteína animal defende "rápida solução" para tarifas dos EUA Se Brasil retaliar com tarifas, impacto no PIB pode ser pior Veja a lista dos 10 produtos brasileiros mais exportados para os EUA de janeiro a junho de 2025:Petróleo bruto: US$ 2,378 bilhões;Semiacabados de ferro e aço: US$ 1,518 bilhão;Café: US$ 1,172 bilhão;Aeronaves: US$ 876 milhões;Derivados de petróleo: US$ 830 milhões;Sucos de frutas (principalmente laranja): US$ 743 milhões;Carne bovina: US$ 738 milhões;Ferro fundido: US$ 683 milhões;Celulose: US$ 671 milhões;Escavadoras, pás mecânicas, compressores: US$ 568 milhões.A nova alíquota sobre os produtos brasileiros entra em vigor a partir do dia 1º de agosto.Os norte-americanos mantêm um superávit de longa data com o Brasil. Em 2024, as exportações brasileiras para os Estados Unidos totalizaram mais de US$ 40 bilhões, uma alta de 9,2% em relação a 2023, segundo dados do governo federal. Apesar do crescimento, o saldo comercial foi favorável aos americanos em mais de US$ 250 milhões.AgronegócioA CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) informou nesta quinta-feira (10) que acompanha com atenção a decisão dos Estados Unidos de impor tarifas adicionais de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros. Para a entidade, a medida não se justifica pelo histórico das relações comerciais entre os dois países.“A economia e o comércio não podem ser injustamente afetados por questões de natureza política”, disse em nota.Em nota, a CNA afirmou que a tarifa adicional de 50% sobre os produtos brasileiros prejudica as economias dos dois países, causando danos a empresas e consumidores.“Qualquer análise das relações entre os Estados Unidos e o Brasil, seja no campo do comércio ou dos investimentos, terá sempre de concluir que essas relações sempre serviram aos interesses dos dois países, não havendo nelas qualquer desequilíbrio injusto ou indesejável”.Suco de laranjaPara o setor de suco de laranja, a decisão de Trump é “péssima” para a exportação de produtos da laranja. De acordo com o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto, o segmento foi pego de surpresa e vai analisar os impactos da medida.“Entendemos que essa medida afeta não apenas o Brasil, mas toda a indústria de suco dos EUA, que emprega milhares de pessoas e tem o Brasil como principal fornecedor externo há décadas”, disse.Na mesma linha, a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), que representa os principais frigoríficos exportadores do país, também criticou o uso de disputas geopolíticas como justificativa para barreiras comerciais.“Reforçamos a importância de que questões geopolíticas não se transformem em barreiras ao abastecimento global e à garantia da segurança alimentar, especialmente em um cenário que exige cooperação e estabilidade entre os países”, destaca em nota.A associação disse estar disposta a contribuir com o diálogo entre os dois países para que “medidas dessa natureza não gerem impactos para os setores produtivos brasileiros nem para os consumidores americanos”.O diretor-geral do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), Marcos Matos, destaca que o Brasil detém cerca de 30% da participação de mercado nos EUA.Segundo o executivo, os Estados Unidos são o país que mais importa café e agrega valor na industrialização: para cada dólar de café importado, são gerados US$ 43 na economia americana, com 2,2 milhões de empregos, representando 1,2% do PIB norte-americano.“Nós temos a esperança de que o bom senso prevaleça, com previsibilidade de mercado, porque sabemos que quem será onerado é o consumidor norte-americano. Tudo o que impacta o consumo é prejudicial ao fluxo comercial, à indústria e ao desenvolvimento dos países, produtores e consumidores. Portanto, estamos esperançosos de que se estabeleça uma condição mais apropriada e adequada para o comércio de café entre Brasil e Estados Unidos”, afirma Matos.Veja a linha do tempo das tarifas de Trump | Money NewsPetróleoO IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás) divulgou nota nesta quinta-feira (10) em que demonstra preocupação com a taxação dos Estados Unidos de 50% sobre os produtos brasileiros.Segundo o IBP, o anúncio do presidente dos EUA, Donald Trump, traz incertezas para o setor de petróleo e gás brasileiro, que responde hoje por 17% do PIB industrial e gera 1,6 milhão de empregos diretos e indiretos no país.“Somos o 8º maior produtor de óleo bruto do mundo e, entre 2021 e 2023, as exportações líquidas de petróleo atingiram US$ 92,7 bilhões em receitas para o país. Por isso, avaliamos com cautela os reais impactos sobre investimentos e competitividade da nossa indústria, que conta com mais de 40 mil empresas atuando diretamente no Brasil.”“Para o mercado norte-americano, o petróleo bruto é hoje o principal item na pauta de exportações”, afirmou o Instituto.MinérioA Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais) expressou preocupação com a decisão dos Estados Unidos de elevar as tarifas sobre produtos brasileiros.A entidade destacou os potenciais impactos negativos da medida para a indústria nacional, especialmente em Minas Gerais, onde os Estados Unidos figuram como o principal destino das exportações da indústria de transformação.Em nota, a Fiemg ressaltou a necessidade de manter o diálogo e a cooperação entre os países, sobretudo em um momento de instabilidade nas relações comerciais internacionais.Para a federação, é fundamental que o Brasil atue com serenidade e responsabilidade, evitando reações precipitadas que possam comprometer ainda mais o setor produtivo e a economia nacional.A entidade também alertou para os riscos de eventuais medidas de retaliação, recomendando cautela na condução da política comercial. Segundo a Fiemg, o momento exige a reavaliação de estratégias e a busca por soluções negociadas, de modo a preservar os laços comerciais com um parceiro considerado estratégico para o desenvolvimento industrial brasileiro.Com informações da ReutersPetróleo, café e aeronaves: veja itens mais exportados pelo Brasil aos EUA