Alvo prioritário de petistas após o tarifaço imposto por Donald Trump ao Brasil, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), calibrou seu discurso sobre o tema e viajou até Brasília nesta quinta-feira (10/7) só para se reunir com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).Após uma entrevista pela manhã na qual ajustou seu discurso sobre o tarifaço, Tarcísio deixou São Paulo e desembarcou na capital federal no início da tarde para se reunir com Bolsonaro. Os dois almoçaram juntos na churrascaria Buffalo Bio, nos arredores de Brasília.Segundo interlocutores, a conversa com Bolsonaro é a única agenda de Tarcísio prevista para esta quinta-feira na cidade. O almoço também marca uma interrupção no repouso do ex-presidente. No início de julho, ele anunciou que passaria todo o mês sem atividades políticas se recuperando.3 imagensFechar modal.1 de 3Bolsonaro e Tarcísio2 de 3Bolsonaro e Tarcísio 23 de 3Bolsonaro e TarcísioO encontro entre Tarcísio e Bolsonaro acontece horas após petistas deflagrarem uma operação política para tentar jogar no colo dos dois a pecha de principais culpados pela tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos anunciada por Trump.Na carta enviada a Lula anunciando o tarifaço, o chefe da Casa Branca citou os processos contra Bolsonaro e as decisões do ministro do STF Alexandre de Moraes contra empresas dos Estados Unidos como um dos motivos para a aplicação do tarifaço contra o Brasil.Desde então, integrantes do governo Lula e lideranças petistas foram a campo para atacar Bolsonaro e Tarcísio. O governador de São Paulo também passou a ser alvo de duros editorais de jornais paulistas sobre o tema. Entre eles, a Folha de S. Paulo e o Estado de S. Paulo.Ministros influentes do governo, como Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e Rui Costa (Casa Civil), subiram o tom contra o governador paulista. A atual chefe da articulação política do governo Lula, por exemplo, chegou a chamar Tarcísio de “traidor”, junto de Bolsonaro.No Congresso Nacional, o líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), lembrou que o atual chefe do Palácio dos Bandeirantes já chegou a posar com um boné em apoio a Trump e que não havia feito a defesa das empresas paulistas diante do tarifaço.Lula colocou sua ideologia acima da economia, e esse é o resultado. Tiveram tempo para prestigiar ditaduras, defender a censura e agredir o maior investidor direto no Brasil. Outros países buscaram a negociação. Não adianta se esconder atrás do Bolsonaro. A responsabilidade é de…— Tarcísio Gomes de Freitas (@tarcisiogdf) July 10, 2025Tarcísio ajusta discursoOs ataques levaram Tarcísio a calibrar o discruso. Após ir as redes sociais na quarta-feira com a retórica bolsonarista de que a culpa pelo tarifaço foi de Lula, o governador mudou o tom e defendeu, na quinta-feira, que o caminho seria “deixar de lado questões ideológicas” e “sentar à mesa” .“O tarifaço é deletério, principalmente para aqueles estados que têm produção industrial de maior valor agregado. A gente precisa sentar na mesa, deixar de lado as questões ideológicas, deixar de lado as questões políticas, deixar de lado o revanchismo, as narrativas e trabalhar. Os EUA são o maior investidor estrangeiro direto no Brasil. A gente tem muito a perder e isso não é bom para ninguém, nem para o Brasil, nem para os EUA. É bom lembrar que vários produtos brasileiros são importantes para empresas americanas e eles não têm substitutos compatíveis à altura.”, afirmou Tarcísio à imprensa, na inauguração do primeiro trem da Linha 6-Laranja do metrô.