A carta de Donald Trump, ao anunciar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, vai além de uma defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e protege as big techs americanas contra “ataques continuados” do Brasil.O que são “ataques continuados” não está claro. Pode ser o julgamento do Marco Civil da Internet pelo STF (Supremo Tribunal Federal), a recém-anunciada declaração do Brics sobre governança da inteligência artificial ou o projeto de lei elaborado pelo Ministério da Fazenda para reforçar o poder do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) contra o “risco sistêmico” imposto por plataformas digitais. Talvez, inclusive, uma combinação de tudo isso. Leia Mais Reações ao tarifaço de Trump opõem governo Lula e aliados de Bolsonaro Deputados governistas pedem reciprocidade contra tarifaço de Trump Governo Lula vê ação política de Trump e estuda resposta Na carta, Trump anuncia que pediu ao USTR (o escritório de representação comercial da Casa Branca) para iniciar “imediatamente” uma investigação contra o Brasil com base na Seção 301.O dispositivo é parte da Lei de Comércio de 1974. Por meio dele, o governo pode investigar práticas de Estados estrangeiros consideradas injustas aos Estados Unidos. A legislação autoriza ainda a imposição de ações como resultado dessas apurações, inclusive tarifas.Na declaração do Brics sobre governança de IA, há pontos que contrariam princípios apregoados pelo governo Trump. Um deles é o reconhecimento de que países podem estabelecer seus próprios marcos regulatórios.Outro ponto é a defesa de um modelo de remuneração dos direitos autorais usados para treinamento de conteúdos utilizados pela IA, como matérias jornalísticas, bem como de dados dos sistemas públicos pertencentes a governos nacionais (como o SUS no Brasil).Trump anuncia tarifa de 50% para o Brasil | Fechamento de Mercado