Quais setores da Bolsa serão afetados com tarifaço de 50% de Trump contra o Brasil?

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O anúncio de tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros pelo governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, acendeu um alerta no mercado brasileiro, especialmente entre investidores e especialistas em comércio exterior. As medidas, que ainda estão em fase de definição, podem impactar fortemente setores estratégicos da economia nacional, com reflexos diretos nas empresas listadas na Bolsa de Valores.Segundo Malek Zein, analista de ações da Eleven Financial, o principal impacto deve recair sobre a siderurgia e a indústria automotiva, além de setores como aeronáutica, derivados de petróleo e produtos químicos. “Algumas empresas brasileiras possuem fábricas em outros países, o que pode, em certos casos, mitigar o impacto das tarifas, já que as exportações para os EUA podem ser feitas por essas unidades no exterior. Mas, no geral, o cenário é de forte pressão para essas indústrias”, explica Zein.O analista ressalta que o gás e o petróleo podem ficar isentos das tarifas, conforme indicavam as primeiras versões das medidas, o que ajudaria a preservar o desempenho das commodities brasileiras. “Se as commodities forem realmente isentas, o impacto será concentrado nas indústrias mencionadas, e algumas empresas poderão ser menos afetadas devido à sua estrutura internacional”, completa.Felipe Teixeira, especialista em Comércio Exterior e CEO da Ningbo BR Goods, destaca que a iniciativa de Trump também tem um viés político e diplomático. “Ele está cobrando um posicionamento claro dos países, inclusive do Brasil, sobre qual lado vão tomar nessa guerra comercial, especialmente em relação aos BRICS e às tensões geopolíticas recentes”, afirma.Teixeira alerta que a tarifa de 50% pode inviabilizar a competitividade dos produtos brasileiros no mercado americano, que é um dos maiores destinos das exportações nacionais. “Isso pode agravar ainda mais a crise que o setor industrial brasileiro já enfrenta, com impactos negativos para as empresas e para a economia como um todo”, avalia.Para o especialista, a resposta do governo brasileiro será crucial. “A melhor estratégia é buscar a diplomacia e o diálogo para evitar que essas tarifas sejam implementadas, minimizando os danos ao mercado interno e à indústria nacional”, conclui.Para Ângelo Belitardo Neto, da Hike Capital, caso as tarifas de 50% sejam confirmadas, o primeiro efeito esperado é um aumento da inflação e dos juros no Brasil. “Dentre os principais produtos exportados pelo Brasil aos EUA, destacamos o petróleo, produtos petrolíferos e materiais relacionados, ferro e aço, café, chá, cacau, especiarias, carnes, vegetais, frutas, papel e celulose, dentre outros”, ressalta. Parte das empresas exportadoras deve repassar o custo das tarifas para o consumidor interno, pressionando os preços.Além disso, a valorização do dólar deve refletir a redução do volume de exportações brasileiras e a permanência dos juros americanos em níveis elevados, devido às incertezas sobre a política do Federal Reserve (FED). Isso deve provocar um aumento temporário na curva de juros brasileira, embora uma desaceleração econômica subsequente possa compensar a pressão inflacionária.Empresas ligadas a commodities e com alta alavancagem financeira devem ser as mais penalizadas nos pregões seguintes, devido à queda nas projeções de resultados e à maior volatilidade nos preços das commodities. A desaceleração econômica provocada pelas tarifas pode também derrubar a curva de juros em prazos mais longos, mas ainda assim causará oscilações significativas nos mercados.“Atualmente, cerca de 43 bilhões de dólares são exportados aos EUA, logo atrás da China, que lidera as exportações do BRASIL com 94 bilhões de dólares. Empresas ligadas às commodities e com alta alavancagem devem ser as mais penalizadas, devido a queda na projeção de seus resultados e maiores oscilações na cotação das commodites”, diz. Em resumo, as empresas brasileiras listadas na Bolsa que atuam nos setores de siderurgia, automotivo, aeronáutico, químico e derivados de petróleo devem ficar em alerta, pois são as mais vulneráveis ao chamado “tarifaço” americano. A capacidade de adaptação das companhias, especialmente aquelas com operações internacionais, poderá ser um diferencial para mitigar os efeitos das medidas. Paralelamente, o impacto macroeconômico deve se refletir em inflação, juros e volatilidade no mercado financeiro.The post Quais setores da Bolsa serão afetados com tarifaço de 50% de Trump contra o Brasil? appeared first on InfoMoney.