Como o governo brasileiro deve reagir às tarifas de Trump?

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A nova tarifa de 50% para produtos brasileiros, anunciada pelo presidente americano Donald Trump na tarde de ontem (9), abala o cenário político e econômico do Brasil nesta quinta-feira (10). No Giro do Mercado, a jornalista Paula Comassetto recebeu Matheus Spiess, estrategista da Empiricus Research, para comentar sobre as causas da medida e as eventuais consequências, caso a tarifa seja de fato implementada no dia 1º de agosto.VEJA TAMBÉM: Quais são as principais recomendações do BTG Pactual? O Money Times fez uma curadoria gratuita dos relatórios do banco; veja aquiO analista considera a tarifa de 50% surpreendente, já que a expectativa era de que viesse algo em torno de 20% — 10% como uma tarifa básica e 10% por se tratar de um país dos Brics, grupo que segundo Trump quer ameaçar a hegemonia do dólar nas transações globais.Segundo Spiess, a medida não faz sentido do ponto de vista econômico, já que os Estados Unidos não possuem déficit comercial com o Brasil desde 2009. Além disso, o tom da carta, citando questões de política interna brasileira, causa preocupações.“O que aconteceu foi muito ruim, mas o mercado não tem reagido tão mal porque Donald Trump tem recuado toda vez que ameaça. É o modus operandi dele, ameaça lá em cima e fecha um acordo no meio do caminho”, disse Spiess.O estrategista afirma que o governo precisa dar autonomia para que os quadros técnicos do Itamaraty e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) possam trabalhar em negociações com os EUA, visando um acordo que reduza os danos.“Há impacto em setores sensíveis, como o agronegócio, mas é contornável ao longo das próximas semanas com negociações. No entanto, gera um problema de relacionamento entre Brasil e EUA que é uma relação muito antiga, que está sendo maculada por egos”, afirmou.Governo e oposição influenciaram tarifa Em relação às causas da medida drástica tomada por Trump, Spiess considera que, além do presidente americano, o governo brasileiro e a oposição parlamentar foram responsáveis por agravar a situação.“O governo atual tem culpa, obviamente, por conta da retórica super agressiva que utilizou contra os EUA na cúpula dos Brics. Podia ter utilizado pautas mais produtivas, mas veio com pautas anti-americanas”, afirmou Spiess.Sobre a oposição, o analista criticou a oposição, sobretudo na figura do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL), que se colocou como responsável por arquitetar a medida e pediu para que seus seguidores agradecessem o presidente dos EUA nas redes sociais.“Imagina que após o impeachment da Dilma Rousseff, uma filha dela fosse aos EUA pedir para que o Barack Obama tarifasse o Brasil, invalidando o processo de afastamento. Óbvio que isso não seria correto, porque o impeachment dela foi legítimo e é a mesma coisa pro outro lado agora”, disse Spiess.No mercado de capitais, o Ibovespa (IBOV), principal índice da bolsa brasileira, recua cerca de 0,4% por volta das 13h40. Embraer (EMBR3) é uma das empresas mais afetadas, caindo 4,7%.O especialista ainda comentou os novos números do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação do Brasil. Para acompanhar o Giro do Mercado na íntegra, acesse o canal do Money Times no YouTube.CONFIRA: Qual a carteira recomendada para o seu perfil de investidor? Simule com o Money Times as melhores opções de investimento para você