JBS é vista como vencedora relativa e Minerva como a mais afetada com tarifa dos EUA

Wait 5 sec.

Segundo maior destino das exportações brasileiras de carne bovina, os Estados Unidos representam um mercado estratégico para parte relevante da indústria nacional, especialmente para empresas com habilitação sanitária e capacidade operacional para atender às exigências norte-americanas. Diante do anúncio do governo dos EUA de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, investidores e analistas voltaram suas atenções para os potenciais impactos sobre o setor.Nesse contexto, o Bradesco BBI avalia que medir com precisão os efeitos da medida é desafiador, já que parte dos volumes que deixariam de ser enviados aos EUA pode ser redirecionada para outros mercados. Ainda assim, o banco ressalta que, por definição, contar com uma base mais ampla de destinos é preferível a depender de poucos, e que o acesso ao mercado norte-americano não era amplamente distribuído — o que significa que as empresas que exportavam para os EUA provavelmente capturavam margens superiores à média do setor.Leia tambémBBI aposta no modo “Trump sempre amarela” e vê 3 razões de ânimo com ações do Brasil“Somos compradores em caso de fraqueza significativa”, avaliam os estrategistas; contudo, eles também apontam 2 riscos no radarDólar hoje salta 2% e supera os R$ 5,60 após tarifa de 50% dos EUA sobre o BrasilNa quarta-feira, o dólar à vista fechou com alta de 1,05%, a R$ 5,50359.A instituição destaca que a imposição de uma tarifa adicional de 50% tende a prejudicar significativamente a competitividade da carne brasileira nos Estados Unidos, mesmo com os preços atrativos do produto nacional. Em junho, por exemplo, o preço médio da carne bovina brasileira exportada para os EUA foi de US$ 5,60/kg. Com a nova tarifa, somada à tarifa fora da cota de 26%, o preço final subiria para US$ 9,86/kg — acima do preço estimado da carne doméstica nos EUA, de US$ 8,58/kg.O BBI também observa que uma eventual desvalorização do real, caso a tarifa de 50% seja implementada, poderia ajudar a mitigar parte dos impactos para os exportadores brasileiros.Apesar disso, o BBI acredita que substituir o Brasil como fornecedor seria praticamente inviável, o que pode levar a uma alta nos preços da carne no mercado interno norte-americano. Nesse contexto, embora os exportadores brasileiros possam ser afetados negativamente, a redução da oferta pode favorecer empresas com operações nos EUA, como a JBS, que é apontada pelo banco como uma “vencedora relativa” e mais protegida nesse cenário. A JBS (BDR: JBSS32) continua sendo a principal recomendação do BBI no setor de proteínas.A XP também considera a notícia positiva para a JBS, que pode se beneficiar de preços mais altos em suas operações de carne bovina nos EUA e na Austrália. No entanto, a corretora ressalta que o potencial de valorização para a companhia ainda é difícil de quantificar neste momento.Leia também:Trump está com a mira voltada contra o Brasil? Como isso afeta os mercados do país?Leia a íntegra da carta de Trump a Lula anunciando tarifa de 50% dos EUA sobre BrasilCafé, calçados, laranjas… Veja produtos mais prejudicados com tarifa de TrumpO time da Genial Investimentos, por sua vez, destaca que a medida deve representar um relevante risco para as exportações brasileiras, sobretudo em commodities agrícolas, como carne e café. “A motivação política e a retórica agressiva indicam que a agenda de confrontação comercial pode se intensificar senão houver alinhamento político do Governo Lula para com o Governo Trump”, comenta a Genial. Leia tambémPRIO prejudicada, Braskem beneficiada? Como as tarifas de Trump afetam setor na B3Analistas veem um impacto relativamente limitado para o setor, mas com algumas empresas mais expostasWEG e Tupy e mais: as ações de bens de capital afetadas pelas tarifas do TrumpAlém destas, Mahle Metal Leve e Randoncorp devem sofrer algum impacto com o tarifaço de TrumpA corretora já esperava reações negativas dos investidores nas ações relacionadas às proteínas bovinas (JBS, Minerva, Marfrig). “O nível de exportação de frango para os EUA é baixo e, por isso, não esperamos reações negativas em BRF relacionadas a este assunto”, concluiu.Minerva (BEEF3)A XP Investimentos, por sua vez, apontou a Minerva (BEEF3) como a mais diretamente exposta à medida. Segundo a análise, aproximadamente 15% da receita bruta da companhia nos últimos 12 meses foi gerada por exportações para os EUA. No entanto, a XP ressalta que Argentina e Uruguai também exportam para o mercado norte-americano — com preços médios mais elevados —, o que indica que o impacto líquido real sobre a Minerva deve ficar entre 8% e 15%.Leia tambémMinerva: ação cai 9,5% com nova tarifa dos EUA; vê impacto de até 5% da receitaConsiderando os resultados dos últimos 12 meses, a exposição consolidada da Minerva ao mercado norte-americano foi de aproximadamente 16% da receitaA casa acredita que que a Minerva pode redirecionar parte das exportações para outros mercados, mas com possível prejuízo às margens, já que os EUA oferecem retornos mais altos, especialmente por importarem cortes de menor valor com preços mais atrativos. A corretora destaca ainda que a empresa embarcou cerca de R$ 800 milhões em estoques para os EUA no 1T25, o que pode gerar algum ganho com a alta de preços, embora insuficiente para compensar uma eventual queda nos volumes exportados.Jalles Machado (JALL3)A corretora também vê a Jalles como negativamente exposta, já que a maior parte de suas exportações de açúcar orgânico — cerca de 11% da receita projetada para o ciclo 2024/25 — tem como destino os Estados Unidos. Para mitigar o impacto, a companhia poderia adiar embarques e redirecionar parte do volume para a Coreia do Sul, embora tal medida provavelmente não compense totalmente o efeito adverso.The post JBS é vista como vencedora relativa e Minerva como a mais afetada com tarifa dos EUA appeared first on InfoMoney.