O Brasil foi o país mais duramente atingido pela nova rodada de tarifas comerciais anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A partir de 1º de agosto, caso não haja acordo ou recuo, produtos brasileiros terão uma alíquota de importação de 50%, a mais alta entre os 22 países notificados até o momento. A tarifa também fica mais alta do que os 30% atualmente impostos à China, após negociação – a mesma de países como África do Sul, Argélia, Bósnia e Herzegovina, Iraque, Líbia e Sri Lanka.Trump justificou a medida como uma resposta a uma “relação comercial muito injusta” com o Brasil e também como forma de retaliação ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado que orquestrar o golpe de Estado no Brasil. Em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e divulgada publicamente nas redes sociais, Trump classificou o processo judicial contra Bolsonaro como “uma vergonha internacional” e acusou o Brasil de promover censura a empresas americanas.Leia tambémO que esperar após tarifa de 50%? Três desdobramentos importantes para ficar de olhoPara analistas da Suno Research, a decisão é inesperada tanto pelo papel que os Estados Unidos ocupam como parceiro comercial do Brasil quanto pelo superávit presente na balança comercial para os EUATarifaço de 50% é Trump querendo mostrar ao Brasil quem manda, diz Lia Valls, da FGVAdiamentos adicionam incerteza e perplexidade e, embora tragam desaceleração, não representam ‘catástrofe’ para o comércio mundial Apesar das alegações de déficits comerciais “insustentáveis”, os EUA registraram superávit de US$ 7,4 bilhões na balança de bens com o Brasil em 2024, segundo dados oficiais do próprio governo americano.Brasil lidera a lista de tarifas de TrumpA nova política tarifária abrange 22 países e estabelece taxas de importação que variam de 20% a 50%. A decisão segue uma linha de endurecimento comercial do governo americano, com expectativa de novas sanções nos próximos dias. Veja abaixo a lista:Brasil: 50%Laos e Myanmar: 40%Bangladesh e Sérvia: 35%Indonésia e Tailândia: 36%África do Sul, Argélia, Bósnia e Herzegovina, Iraque, Líbia, Sri Lanka: 30%Camboja: 36%Malásia, Moldávia, Japão, Coreia do Sul, Cazaquistão, Tunísia: 25%Brunei: 25%Filipinas: 20%Lula: “Brasil é um país soberano”O presidente Lula respondeu diretamente à provocação de Trump, afirmando que “o Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém”. Em publicação no X, Lula destacou que qualquer elevação unilateral de tarifas será “respondida à luz da lei brasileira de reciprocidade econômica”.O Supremo Tribunal Federal também se posicionou internamente. Segundo fontes do Estadão, ministros do STF afirmaram que a pressão americana não impedirá o julgamento de Bolsonaro, previsto para o fim de agosto. O presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, conversou com Lula e alinhou uma estratégia de silêncio institucional, deixando a diplomacia a cargo do Itamaraty. O ministro Flávio Dino, no entanto, publicou mensagem reafirmando o papel do STF na defesa da soberania nacional.Mercados sentem o baqueO anúncio de Trump derrubou os ativos brasileiros. O Ibovespa futuro para agosto (INDQ25) fechou ontem em queda de 2,44%, a 137.800 pontos, enquanto o dólar futuro subiu 2,30%, a R$ 5,6115. O índice à vista caiu 1,31% e o dólar comercial fechou com alta de 1,06%, a R$ 5,50.Nesta manhã, o ETF iShares MSCI Brazil (EWZ), que representa os ADRs brasileiros negociados em Nova York, caía 1,81%, a US$ 27,65. Analistas preveem uma sessão marcada por aversão ao risco. The post Tarifa de 50% sobre o Brasil é a maior do mundo imposta pelos EUA; veja lista appeared first on InfoMoney.