Rádio dos Povos leva vozes indígenas e quilombolas à COP30

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Foi ao ar na última sexta-feira, dia 1º de agosto, a Rádio Nacional dos Povos, uma iniciativa inédita que une comunicação indígena e quilombola, justiça climática e cobertura jornalística popular rumo à COP30. A proposta é colocar no centro da conversa sobre o clima as vozes e experiências de povos que resistem há gerações aos impactos da destruição ambiental em seus territórios.Com uma linha editorial centrada em justiça climática, soberania da informação e saberes ancestrais, a Rádio Nacional dos Povos surge como uma ferramenta potente de comunicação colaborativa no caminho até a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que será realizada em Belém do Pará, em novembro.Para ouvir, basta acessar o link www.radionacionaldospovos.com.br ou baixar o aplicativo.Nathalia Purificação, Yago Kaingang e Tukumã Pataxó durante aula da disciplina “Escola de Rádio e Clima”, no Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade junto a Povos e Terras Tradicionais (MESPT/UnB), onde nasceu a Rádio Nacional dos Povos. Foto: DivulgaçãoNa programação de estreia, foram apresentados dados preliminares de uma pesquisa inédita encomendada pela Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga) ao MESPT/UnB. O estudo investiga as múltiplas formas de violência enfrentadas por mulheres indígenas no Brasil e representa um avanço fundamental na produção de dados próprios, construídos a partir dos territórios e das vivências dessas mulheres. Leia também: 1.Saber ancestral de povos indígenas reduz incidência de incêndios no Cerrado 2.Sementes ancestrais perpetuam a biodiversidade brasileira Indígenas e Quilombolas, presentes! A estreia foi conduzida por comunicadores da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), em parceria com a produtora Vem de Áudio. O episódio de abertura teve a participação especial da cantora e ativista Brisa Flow, que falou sobre maternidade, arte e ancestralidade no quadro Mães em Movimento, apresentado pela comunicadora indígena Sâmela Sateré Mawé.Sâmela Sateré Mawé com seu filho, Wynoã. Na Radio Nacional dos Povos, ela apresenta o quadro “Mães em Movimento”, que traz à tona os desafios da maternidade para mulheres ativistas, que equilibram a luta pelos direitos dos povos com o cuidado cotidiano, ancestral e político de seus filhos. Foto: DivulgaçãoPara Nathalia Purificação, jornalista quilombola, assessora da Conaq e apresentadora da Rádio, a iniciativa carrega não só um compromisso político, mas também uma herança afetiva e ancestral. “Sou neta de Iaiá, uma mulher de 106 anos que me ensinou a falar com o mundo sem perder a raiz. Prometi a ela que me formaria jornalista e que ela ainda iria me ouvir na rádio. Fazer parte da Rádio Nacional dos Povos é honrar esse legado e ecoar o que Nego Bispo chama de pensamento confluente: a comunicação que nasce da vida e volta pra ela.”A Rádio integra uma frente estratégica de mobilização para a COP30, conectando comunicadores populares, lideranças de base, juventudes e pesquisadores em um esforço coletivo para disputar narrativas sobre clima, território, biodiversidade e justiça. “A gente já invadiu o streaming, chegou na TV e agora tá botando no ar a nossa própria rádio”, afirma Tukumã Pataxó, um dos apresentadores e coordenador de comunicação da Apib. “Direto de Brasília, vamos fazer ecoar as vozes dos territórios, do jeito que a gente é, com coragem, alegria e verdade”.A Rádio Nacional dos Povos nasce no contexto da Escola de Rádio e Clima, disciplina inédita do Programa de Pós-Graduação em Sustentabilidade junto a Povos e Terras Tradicionais (MESPT/UnB). Durante dez encontros, mais de 20 professores indígenas, quilombolas e outros convidados compartilharam saberes sobre comunicação comunitária e justiça climática. A experiência culminou em um programa de rádio ao vivo feito pelos próprios alunos, conectando teoria e prática, universidade e território.“A Rádio é um grito de socorro para nossos sonhos, para nossas vidas, para nossa luta. Um grito de socorro pelo futuro do planeta e das vidas que nele existem”, afirma o apresentador Yago Kaingang.Imagem: Divulgação | Rádio Nacional dos Povos“A Rádio Nacional dos Povos nasce onde o conhecimento acadêmico encontra os saberes dos territórios. Ao aterrissar no MESPT, ela reafirma o compromisso da universidade com a escuta, com a justiça climática e com a força da comunicação popular como ferramenta de transformação”, destaca a professora Mônica Nogueira, docente do CDS/UnB e cofundadora do MESPT. Leia também: 1.Casa Vozes do Oceano está pronta para a COP30, em Belém 2.Indígenas do Brasil, Pacífico e Canadá entregam carta à presidência da COP30 Programação colaborativaA Rádio Nacional dos Povos está com chamada aberta para compor sua programação colaborativa. Coletivos de comunicação, comunicadoras e comunicadores populares, artistas, lideranças e organizações de povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais podem enviar áudios, músicas, podcasts, spots e outros materiais que expressem a força dos territórios, das culturas e das lutas populares. Para participar, basta preencher o formulário disponível no site.Rádio Nacional dos PovosImagem: Divulgação | Rádio Nacional dos PovosQuando: A partir do dia 1º de agostoAtrações: Programa ao vivo com comunicadores indígenas e quilombolas, show de Brisa Flow, entrevistas, música e convidados especiaisComo ouvir: www.radionacionaldospovos.com.brParticipação: Presencial ou via grupo de WhatsApp e Instagram (@radiodospovos) The post Rádio dos Povos leva vozes indígenas e quilombolas à COP30 appeared first on CicloVivo.