O Brasil já registrou 43 casos de intoxicação por metanol após consumo de bebida alcoólica adulterada. Os casos foram identificados em São Paulo e em Pernambuco.Os casos estão gerando preocupação em relação à segurança do consumo de bebidas alcoólicas, enquanto as investigações ainda são realizadas. Uma das principais dúvidas é se é mais seguro beber vinho e cerveja, que são bebidas fermentadas e possuem menor teor alcoólico, e se o risco está apenas nos produtos destilados. Leia Mais Entenda como metanol destrói o nervo óptico e pode causar cegueira Intoxicação por metanol: quando procurar um hospital? Metanol: como é possível identificar bebidas adulteradas com a substância? De acordo com Ubiracir Lima, conselheiro do Conselho Federal de Química (CFQ) e coordenador do Comitê de Apoio à Cadeia Produtiva de Insumos Químicos (CAIQ), é possível que o vinho e a cerveja apresentem metanol em sua composição. No entanto, quando os produtos são fabricados por empresas regularizadas e em processos seguros, a probabilidade de contaminação com o químico é pequena.“A produção natural de pequenas quantidades de metanol durante a fermentação se dá pela presença de polissacarídeos na casca dessas matérias-primas [como da uva, no caso do vinho, e dos cereais, no caso da cerveja], como a pectina”, explica Lima à CNN.“A enzima pectinase transforma esse polissacarídeo em metanol, porque tem um fragmento metílico, mas é em concentrações baixas. O Ministério da Agricultura determina teor máximo para essa concentração de metanol. Ao evitar essas enzimas no processo de produção, não é gerado metanol em quantidade suficiente que cause risco à saúde”.Por outro lado, no processo de fabricação de destilados, é possível concentrar uma maior quantidade de metanol nas etapas de destilação. “Se eu tenho boas práticas de produção de destilados, e eu não separar muito bem o início e o fim da destilação, é possível ter um conteúdo com maior presença de metanol”, afirma.“Isso nos diz que, agora, é fundamental buscar fornecedor muito bem qualificado, uma empresa com processo produtivo monitorado”, reforça. “Acidentes podem acontecer, mas eles são minimizados quando estou adquirindo um produto de uma empresa fiscalizada pelos órgãos responsáveis e que possui funcionários qualificados”.O especialista reforça que, pelo fato de as investigações ainda estarem em andamento, não é possível afirmar qual é a origem do metanol presente nas bebidas alcoólicas: se houve um processo falho de produção ou se a adição proposital do químico nas bebidas para baratear o processo de produção.Sintomas e tratamento da intoxicação por metanolOs sintomas iniciais da intoxicação por metanol aparecem, em média, de 12 a 24 horas após a ingestão da substância, segundo o Ministério da Saúde. Os sinais de alerta podem incluir:Dor de cabeça;Náuseas e vômitos;Dor abdominal;Confusão mental;Visão turva repentina ou cegueira, em ambos os olhos.O tratamento adequado depende dos exames iniciais e da confirmação no laboratório. Entre as opções possíveis estão o o uso de corretores de acidez, como bicarbonato, o tratamento com vitaminas, como ácido fólico, e o uso de antídotos, como o etanol venoso, que inibe a enzima álcool desidrogenase para prevenir a formação de seus metabólitos. Seu uso está restrito aos centros de referência em intoxicação do Sistema Único de Saúde (SUS).Outro antídoto usado para o tratamento da intoxicação por metanol é o fomepizol, porém a substância não tem registro no Brasil.Em casos graves, a hemodiálise pode ser feita para eliminar o metanol do organismo do paciente.Diante dos sintomas, o Ministério da Saúde orienta o paciente a procurar atendimento médico no serviço de emergência mais próximo de sua casa para a investigação diagnóstica e tratamento adequado.Intoxicação por metanol: entenda sintomas por ingerir químico em bebidas