Tilly Norwood: atriz criada por IA gera debate; especialista analisa

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A inteligência artificial está redefinindo o conceito de atuação no cinema e na música. Com isso, o surgimento de Tilly Norwood, a primeira atriz virtual criada por IA, acendeu um debate global sobre o futuro do trabalho artístico. Apresentada durante o Festival de Cinema de Zurique, a personagem gerou repercussão imediata em Hollywood, despertando críticas de sindicatos e artistas que questionam se personagens digitais podem substituir profissionais humanos e ameaçar empregos tradicionais. No Brasil, a discussão sobre IA na indústria cultural também ganha força, com impactos especialmente nos setores de música e dublagem. A seguir, entenda a criação da primeira atriz virtual e descubra os impactos da IA no mundo artístico. 🔎 O que acontece com seu cérebro ao usar IA diariamente? Especialista alerta🔔 Canal do TechTudo no WhatsApp: acompanhe as principais notícias, tutoriais e reviews🤑 Grupo do TechTudo no Telegram: receba ofertas e cupons de desconto todos os diasTilly Norwood: primeira atriz criada por IA gera debate; especialista analisaDivulgação/Instagram/@Tillynorwood📝 Como a inteligência artificial é implementada em chatbots? Saiba mais no Fórum do TechTudoQuem é Tilly Norwood?A personagem Tilly Norwood e suas produções são feitas exclusivamente por IADivulgação/Particle6Tilly Norwood é apresentada como a primeira “atriz virtual” criada inteiramente por inteligência artificial. A personagem surgiu como projeto da empresária, produtora e comediante holandesa Eline Van der Velden, também fundadora do estúdio de IA Particle6. A criação foi desenvolvida dentro da Xicoia, empresa que se define como o primeiro estúdio de talentos baseado em inteligência artificial do mundo. A estreia pública de Tilly aconteceu durante o Zurich Summit, evento paralelo ao Festival de Cinema de Zurique, onde rapidamente chamou a atenção da indústria audiovisual e da imprensa internacional.A personagem foi pensada para se portar como uma artista real, mantendo presença nas redes sociais e interagindo com o público por meio de postagens. Em seu perfil no Instagram (@tillynorwood), Tilly compartilha momentos cotidianos, como tomar café, experimentar roupas e se preparar para novos trabalhos. Esse tipo de exposição ajudou a criar uma sensação de autenticidade em torno dela e, até setembro de 2025, o perfil já acumulava mais de 33 mil seguidores. Apesar de ser um produto de algoritmos, a atriz digital já despertava discussões sobre celebridade, identidade e o papel das novas tecnologias no entretenimento.Como a “atriz virtual” foi criada?O sindicato norte-americano de atores tem realizado críticas pesadas contra a empresa responsável pela Tilly NorwoodDivulgação/SAG-AFTRATilly Norwood foi desenvolvida com base em modelos de inteligência artificial generativa, treinados a partir de uma ampla gama de atuações reais. O processo envolve algoritmos que analisam expressões faciais, gestos e entonações, o que permite que a IA simule movimentos e comportamentos humanos de forma convincente. No entanto, o treinamento desse modelo gerou controvérsias, pois o sindicato norte-americano de atores SAG-AFTRA apontou que grande parte do material utilizado para ensinar a IA foi obtida “sem permissão ou remuneração” dos artistas originais, levantando questões éticas sobre direitos autorais e exploração de trabalho humano.A criadora, Eline Van der Velden, defende que Tilly Norwood é, antes de tudo, uma obra criativa, comparando a construção da personagem à criação de um personagem de animação ou ao desenvolvimento de um papel teatral. Segundo ela, “dar vida a um personagem como esse exige tempo, habilidade e interação”, enfatizando que o resultado é fruto de um trabalho artístico e técnico complexo. Essa abordagem posiciona Tilly não como uma substituta de atores humanos, mas como uma forma de expressão artística que combina criatividade e tecnologia.A IA vai substituir os atores?A constante utilização de IA tem preocupado atores que temem perder trabalhos e patrocínios para a tecnologiaReprodução/IA/Gemini Flash 2.5A criação de Tilly Norwood gerou intenso debate em Hollywood sobre o futuro do trabalho artístico diante da tecnologia. O sindicato norte-americano de atores SAG-AFTRA se manifestou de forma contrária com argumento de que a criatividade deve permanecer centrada no ser humano e a atriz virtual não possui experiência de vida nem capacidade de transmitir emoção genuína. Além disso, o uso de interpretações de atores reais para treinar a IA sem permissão foi visto como um risco direto ao sustento dos profissionais, que temem a substituição em projetos cinematográficos e comerciais. Celebridades como Emily Blunt, Melissa Barrera e Natasha Lyonne chegaram a criticar publicamente a criação e sugeriram boicotes a agências envolvidas com personagens digitais.Para o diretor e roteirista brasileiro com atuação em cinema e publicidade, Rod Cauhi, os espectadores precisam 'aceitar a ilusão' para sentirem a emoção da atuação de uma IA em comparação com um ator humano. "A verdade é que a máquina não sente, quem sente somos nós. E talvez o perigo esteja justamente aí: confundir simulação com autenticidade", disse.Por outro lado, a criadora Eline Van der Velden defende que Tilly Norwood não substitui atores humanos, mas representa uma obra de arte tecnológica. Segundo ela, personagens virtuais devem ser considerados como um gênero próprio, semelhante à animação ou marionetes, oferecendo novas possibilidades narrativas sem prejudicar artistas reais. A própria discussão em torno de Tilly, segundo Van der Velden, evidencia o potencial da IA como ferramenta criativa, capaz de despertar conversas e inspirar inovações no cinema e no entretenimento digital, sem que isso necessariamente signifique o fim da atuação humana.Como a IA vai impactar na indústria brasileira?A personagem Tocanna viralizou recentemente por ser uma cantora produzida por IAReprodução/Redes sociaisO impacto da inteligência artificial no mercado artístico brasileiro é marcado por uma combinação de oportunidades criativas e desafios regulatórios. Associações como a Abramus têm alertado sobre a necessidade de regulamentação do uso de IA na música e na dublagem, defendendo que os direitos autorais continuem centrados nos criadores humanos. O Projeto de Lei 2338, aprovado pelo Senado em dezembro de 2024, busca estabelecer diretrizes claras para o uso da tecnologia, garantindo reconhecimento, remuneração justa e proteção do patrimônio cultural do país. Artistas consagrados, como Roberto Frejat, Ivan Lins e Jorge Vercillo, participam ativamente do debate, enfatizando que a IA deve complementar, e não substituir, o trabalho humano, enquanto os tribunais brasileiros já têm dado decisões favoráveis à proteção dos artistas diante de criações digitais.A tecnologia também tem se manifestado em novas formas de expressão, como a cantora virtual Tocanna, criada pelo designer Gustavo Sali em 2024. A personagem se tornou viral em 2025 com a paródia da música Empire State of Mind, gerando debates sobre direitos autorais e ética criativa. Apesar do sucesso digital, Sali reforça que a IA acrescenta uma camada criativa, mas não substitui o toque humano essencial na composição e na construção da personalidade artística. Movimentos como "Dublagem Viva" exemplificam a resistência dos profissionais brasileiros, que exigem que a IA seja usada apenas como ferramenta complementar e que respeite contratos, legislação e a autenticidade cultural do trabalho artístico.Segundo Rod Cauhi, o Brasil poderia ser ainda mais impactado pela atuação por IA do que os Estados Unidos. "Em Hollywood já se discute proteção contratual da imagem digital dos atores. No Brasil, onde o mercado é menor, o risco é ainda maior: podemos pular etapas e simplesmente aceitar substituições em nome do custo", explicou. "Enquanto a IA estiver a serviço do olhar do diretor, é ferramenta. Quando ela vira atalho para não contratar atores, roteiristas ou diretores, aí deixa de ser apoio criativo e se transforma em substituição.”Com informações de Veja, Metropoles, G1, ForbesVeja também: A IA pode te ajudar no processo seletivo de uma vaga?A IA pode te ajudar no processo seletivo de uma vaga?