Cerveja em estádios de futebol pode aumentar em 30% faturamento dos clubes

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A eventual volta da cerveja aos estádios paulistas pode representar uma revolução no chamado matchday, as receitas geradas no dia do jogo. Estimativas do setor apontam que a liberação do comércio de bebidas alcoólicas aumentaria em até 30% o faturamento dos clubes, impulsionando desde a venda direta nas arquibancadas até o consumo nos camarotes, tradicionalmente vinculados a pacotes com serviço de comida e bebida inclusos.Além disso, a medida também abriria espaço para que torcedores entrassem mais cedo nas arenas, consumissem dentro delas e prolongassem sua permanência, o que multiplicaria as oportunidades de receita.A audiência pública realizada pela Comissão de Assuntos Desportivos da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo na última segunda-feira (29) representou um avanço concreto nessa discussão. Leia Mais: Por que só em jogo de futebol não pode ter bebida alcoólica em SP?O projeto em tramitação, de autoria dos deputados Delegado Olim (PP), Itamar Borges (MDB), Dani Alonso (PL) e Carlão Pignatari (PSDB), prevê a liberação de bebidas com teor alcoólico de até 15%. A proposta já conta com parecer favorável da Comissão de Constituição, Justiça e Redação e tem apoio declarado do atual governador, Tarcísio de Freitas. Resta a Alesp aprovar de maneira definitiva. Os clubes paulistas comemoraram o possível retorno da comercialização, suspensa desde 1996 após episódio de violência envolvendo torcedores no Pacaembu. Para eles, além de restituir uma importante fonte de renda, a medida retira o monopólio da venda de bebidas dos ambulantes e fortalece contratos de patrocínio com grandes marcas do setor. “Essa medida certamente fortalece as relações com patrocinadores e abre uma nova e importante fonte de receita com a comercialização direta nos estádios, algo que hoje fica nas mãos do comércio informal. Também se trata de restabelecer o direito das pessoas consumirem dentro das arenas com responsabilidade”, destacou o presidente do Santos, Marcelo Teixeira.Leia Mais: Por que marca de cerveja resolveu apostar em evento que reúne lendas do MMA e do boxeO gestor da Botafogo SA, Adalberto Baptista, foi além e apontou para o impacto positivo no aumento do tíquete médio. “Em alguns casos, é até possível dobrar a receita com o matchday. A medida também favorece os espaços premium, que oferecem pacotes de comidas e bebidas inclusos. Além disso, acredito que haverá redução de transtornos nas entradas, já que hoje os torcedores ficam bebendo fora do estádio até o último instante”, explicou.Representantes de outros grandes clubes reforçaram a posição. O executivo jurídico do Palmeiras, André Sica, argumentou que a liberação pode aumentar a segurança, ao contrário do que muitos imaginam. Para ele, a violência é potencializada nos arredores, onde garrafas e bebidas de alto teor alcoólico são vendidas livremente, sem controle. O Corinthians, por meio do diretor de marketing Vinicius Azevedo, afirmou que, caso a venda seja administrada pelos clubes, haverá mais controle de qualidade e quantidade, com suporte de tecnologias como reconhecimento facial. Já o conselheiro jurídico do São Paulo, Wagner Ripper, criticou a defasagem paulista: “A maior parte dos estados brasileiros já derrubou essa restrição. Os clubes cariocas conseguem lotar estádios e lucrar com patrocínios e venda de produtos alcoólicos, enquanto São Paulo perde oportunidades”. Leia Mais: Governo vota possível mudança de imposto que causa pesadelos em casas de apostasO movimento também conta com apoio da Federação Paulista de Futebol (FPF) e de empresas que operam nos estádios. Léo Rizzo, CEO da Soccer Hospitality, que administra camarotes em arenas paulistas e outros estados, avalia que a medida é crucial para o crescimento do setor. “Nos arredores das arenas, ambulantes vendem sem repassar nada aos clubes. Com a liberação, teremos uma rentabilização muito maior dos eventos esportivos. Só nos camarotes, onde já existe serviço de bebidas antes e depois das partidas, o impacto será imediato”, analisou. Para especialistas, o retorno das bebidas alcoólicas dentro dos estádios de São Paulo traria não apenas um reforço financeiro expressivo, mas também efeitos econômicos indiretos, como a geração de empregos na operação de bares, caixas e serviços de hospitalidade. Enquanto isso, o setor jurídico lembra que a legislação nacional não proíbe a venda, deixando a decisão a cargo dos estados. Atualmente, apenas São Paulo, Rio Grande do Sul, Goiás e Alagoas mantêm restrições.O advogado Bernardo Cavalcanti Freire, sócio do escritório Betlaw, classificou a atual situação como incoerente. “É uma absoluta incoerência autorizar bebidas alcoólicas em outros esportes e proibir no futebol, justamente o mais ligado à cultura nacional. Isso fere princípios como o da igualdade e da liberdade econômica”. The post Cerveja em estádios de futebol pode aumentar em 30% faturamento dos clubes appeared first on InfoMoney.