Sem acordo, votação de MP alternativa ao IOF fica para a véspera do prazo de validade

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O Congresso Nacional adiou para 7 de outubro a votação da Medida Provisória que substitui a cobrança do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) por um novo modelo de taxação sobre o mercado financeiro e setores específicos da economia. O texto, relatado pelo deputado Carlos Zarattini (PT-SP), expira no dia 8 e, se não for aprovado até lá, perderá validade.Segundo o jornal O Globo, nos bastidores, líderes partidários reconhecem que ainda não há acordo para votação. Parte do Centrão tentou articular a incorporação de alguns pontos da MP ao projeto de reforma do Imposto de Renda, que está na pauta da Câmara, mas o governo descartou essa alternativa.Leia tambémSob pressão, Hugo Motta diz que isenção do IR ‘sempre foi prioridade’Deputado tenta recompor liderança após derrotas recentes e aposta em projetos de apelo popular para marcar sua gestãoIsenção do IR: entenda faixas, imposto mínimo de 10% e retenção de dividendosProposta de ampliar isenção do IR para até R$ 5 mil divide Congresso na definição das compensações, com Arthur Lira mantendo imposto mínimo de 10% sobre altas rendas e dividendosTributação sobre LCAs e LCIsO maior impasse gira em torno da taxação das Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e Imobiliário (LCI), aplicações até então isentas de IR e bastante populares entre pessoas físicas. O parecer de Zarattini prevê alíquota de 7,5% — acima dos 5% inicialmente propostos pelo governo.A mudança gerou reação imediata da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), que promete barrar a votação caso a isenção não seja mantida.“Jamais vamos ser favoráveis à tributação de LCAs, especialmente em 7,5%”, disse o presidente da FPA, deputado Pedro Lupion (PP-PR).As letras de crédito são instrumentos usados pelos bancos para financiar o agronegócio e o setor imobiliário. A isenção sempre foi um atrativo central desses papéis, e o setor vê risco de retração no mercado caso a cobrança seja implementada.Pressão das apostas onlineOutro ponto sensível é o aumento da taxação sobre as casas de apostas online. A MP prevê elevar de 12% para 18% a alíquota sobre a receita bruta das “bets”, em linha com a estratégia do governo de ampliar a arrecadação sobre um setor em franca expansão.O setor, no entanto, já iniciou articulações para tentar reduzir o impacto da medida, argumentando que o aumento da tributação pode estimular a migração de plataformas para outros países.Ajustes em outros instrumentos financeirosO relatório de Zarattini também promoveu mudanças em outros pontos da MP:• Ampliação da isenção de IR: antes restrita à poupança, passou a incluir CRI, CRA e CPR.• Debêntures: pessoas físicas seguem isentas, mas empresas passam a pagar 17,5%.• Paraísos fiscais: mantém-se a alíquota de 25%, mas com vigência apenas a partir de um ano após a sanção.• Diferença de alíquotas: novas regras para pessoas físicas e jurídicas.Risco fiscal e cenário políticoA demora na votação deixa o governo sob pressão. Se a MP caducar, o Tesouro perde uma fonte planejada de arrecadação num momento em que busca compensar renúncias fiscais do projeto de ampliação da isenção do IR.Além disso, a disputa política em torno da medida evidencia a dificuldade do Planalto em construir maioria estável no Congresso para pautas econômicas que afetam setores organizados, como o agronegócio, o mercado financeiro e as apostas online.The post Sem acordo, votação de MP alternativa ao IOF fica para a véspera do prazo de validade appeared first on InfoMoney.