Sumir ou se destacar? Na natureza, a escolha entre se camuflar ou exibir cores chamativas pode definir a sobrevivência de uma espécie. Para avaliar a eficácia dessas duas estratégias, a camuflagem e a coloração de alerta, pesquisadores realizaram um estudo comparativo. Os resultados foram publicados na revista científica Science na última quinta-feira (25).Pesquisas anteriores testaram esses dois sistemas de sobrevivência em pequenas regiões. Os experimentos revelaram que os níveis de iluminação são essenciais para o sucesso da camuflagem. A coloração de alerta, também chamada de aposematismo, depende mais dos predadores terem experimentado a presa antes e aprendido o sinal.Aranha marrom com pernas peludas camuflada contra o solo seco. O estudo avaliou a camuflagem em diferentes ecossistemas. (Imagem: Sviatlana80 / Shutterstock)Leia mais:Quais os animais mais perigosos do mundo? (E por quê?)Qual é o animal mais mortal do mundo? Resposta não é o que você pensaRã se finge de morta para evitar sexo com machos indesejáveisAgora, a equipe do novo estudo fez os mesmos experimentos em 16 diferentes países ao redor do globo. O grupo observou as técnicas em florestas dos seis continentes com comunidades únicas de predadores e presas.Os cientistas espalharam mais de 15 mil mariposas artificiais (feitas de papel) em três colorações: laranja e preto, marrom discreto e uma combinação de azul e preto incomum na natureza. Em cada uma delas foi colocada uma larva-da-farina, usada como “isca”. Quando a larva desaparecia, era a prova de que um predador havia atacado a presa de papel.Ambiente tem mais impacto nas técnicas de sobrevivência do que pensávamosAs cores escolhidas serviram para testar se a familiaridade ou a visibilidade era o fator-chave para os predadores. Segundo a equipe, o laranja aparece com maior frequência na natureza associado a animais venenosos, enquanto o azul tem menos presença, embora seja altamente visível.Os pesquisadores descobriram que não há uma estratégia perfeita. O ecossistema em que a presa está inserida é o que define se sua técnica é eficiente.Em locais com muitos ataques de predadores, onde a competição por alimento é mais intensa, os animais caçadores têm maior probabilidade de atacar presas que parecem desagradáveis. Segundo o estudo, isso indica que a camuflagem foi mais protetora em áreas com muita predação.A combinação azul e preto é mais rara na natureza. Animais com essa coloração são menos familiares para os predadores. (Imagem: Gianfranco Vivi / Shutterstocl)No entanto, em ambientes bem iluminados, a camuflagem se mostrou menos eficiente. Enquanto isso, as condições de luz não afetaram o desempenho dos espécimes coloridos.A familiaridade também foi um fator importante. Onde as presas camufladas eram abundantes, sua técnica se mostrou pouco eficaz. Segundo a equipe, os predadores provavelmente aprenderam a encontrar esses animais escondidos.Em locais onde as cores de alerta eram comuns, os predadores evitaram o laranja, mas não o azul. Isso sugere que esses animais caçadores aprenderam a detectar os sinais de aviso familiares.Estudo dá base para pesquisas futuras sobre mudanças climáticasA nova pesquisa mostra como diferentes fatores do ambiente impactam a estratégia das presas. O grupo notou que a camuflagem depende mais do contexto ecológico do que as cores de alerta. Porém, como as mudanças climáticas têm afetado os ecossistemas, a eficiência dessas estratégias pode mudar.As descobertas são essenciais para pesquisa futuras, principalmente sobre os efeitos da crise climática nas relações de predação. Os pesquisadores acreditam que seu estudo pode ajudar a prever e mitigar melhor os impactos dessas mudanças globais em diferentes ambientes.O post A cor de um animal pode determinar sua sobrevivência – entenda apareceu primeiro em Olhar Digital.