Um monitor cerebral desenvolvido por uma empresa brasileira é capaz de medir a pressão intracraniana (PIC) de forma não invasiva e detectar sinais de doenças graves de forma precoce. A brain4care, responsável pelo dispositivo, chegou a ser reconhecida como pioneira em tecnologia de 2025 e incluída na lista de líderes globais de inovação do Fórum Econômico Mundial.O equipamento é capaz de monitorar a dinâmica intracraniana de forma não invasiva e em tempo real. Para isso, basta colocar o dispositivo na cabeça e, por meio de um sensor wireless, é possível captar o pulso feito pelo crânio. Esse sinal neurológico é enviado para um aplicativo, que pode ser baixado em um celular ou tablet, e é analisado por algoritmos, indicando se há aumento da pressão intracraniana ou não. Leia Mais Entenda o que é demência por corpos de Lewy, que afeta Milton Nascimento Insônia pode aumentar risco de declínio cognitivo, aponta novo estudo Adoçantes artificiais envelheceram cérebro em mais de 1,5 anos, diz estudo “Com o monitor, conseguimos derrubar a barreira tecnológica de acesso à pressão intracraniana”, afirma Plínio Targa, CEO da Brain4care, à CNN. “A medição se torna acessível em qualquer lugar. É possível medir a PIC em uma UTI, em um centro cirúrgico ou, até mesmo, em um asilo, para saber se um paciente está com demência ou hidrocefalia, por exemplo”, completa.Monitor capta ondas de pressão cerebral e envia informações para aplicativo que pode ser acesso em tablet ou smartphone • Brain4care/DivulgaçãoAtualmente, o procedimento padrão para medir a pressão intracraniana é invasivo e consiste na inserção de um cateter, cirurgicamente, no crânio ou dentro do tecido cerebral. Também existem outras opções menos invasivas, como a punção na região lombar para medir a pressão do liquor e o ultrassom da bainha do nervo óptico, um exame feito no olho.No entanto, de acordo com José Francisco Pereira Junior, neurocirurgião do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, esses métodos não invasivos não conseguem medir o valor exato da pressão intracraniana e, sim, apenas saber se está aumentada ou não.“O interessante desta nova tecnologia é que ela consegue criar as curvas de pressão cerebral, e a análise dessas ondas nos dá informações adicionais para entendermos o estado de complacência do cérebro, ou seja, a capacidade de ele se contrair e se expandir. Essa complacência pode se alterar em algumas doenças”, explica Pereira Junior, que não esteve envolvido no desenvolvimento do monitor.O especialista explica que isso é importante para detectar precocemente sinais de perda de complacência do cérebro antes mesmo do desenvolvimento de hipertensão intracraniana. “Isso pode ser feito, neste sistema, de uma forma que outros métodos não invasivos não conseguem”, afirma.Quais pacientes podem se beneficiar do monitor cerebral?O monitor cerebral pode ser utilizado para medir a pressão intracraniana em diferentes situações: uma em emergência, em pacientes que sofreram traumatismo craniano — como em casos de quedas e acidentes de carro ou moto, por exemplo — ou que sofreram um AVC.Pacientes internados em unidade de terapia intensiva (UTI) que possuem doenças neurológicas que podem alterar a pressão intracraniana, como na hidrocefalia de pressão normal ou tumor cerebral.“O monitor pode ser usado tanto no ambiente crítico, quando há qualquer risco de edema cerebral devido a um trauma ou AVC, ou até mesmo, se a pessoa passou por uma cirurgia neurológica que tira um tumor ou após uma crise convulsiva”, explica Targa.Porém, o monitor também pode ser usado para triagem de condições neurológicas, para identificá-las de forma precoce, ou seja, antes de os sintomas surgirem, segundo Targa.O monitor cerebral já foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pela Food and Drug Adminstration (FDA), estando disponível para uso em hospitais e clínicas do Brasil e dos Estados Unidos. A tecnologia é oferecida por uma mensalidade de R$ 7,5 mil.Estudo: Dormir mal aos 40 anos é ligado ao envelhecimento do cérebro