Japa: influencer do crime usou perfil para disseminar golpe milionário

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A influenciadora Laís Rodrigues Moreira, de 25 anos, a Japa, usou seu perfil no Instagram, onde tinha mais de 110 mil seguidores, para impulsionar golpes digitais que renderam milhões de reais a uma quadrilha, da qual seria peça-chave, segundo a Polícia Civil do Rio Grande do Sul.Ela e a mãe, Silvana Rodrigues, 52, foram presas, na quarta-feira (1º/10), em Piracicaba, interior paulista, durante a Operação Modo Selva, que desarticulou uma organização criminosa especializada em fraudes on-line com deepfakes de celebridades, como: Gisele Bündchen, Sabrina Sato, Maísa, Juliette e Angélica Huck. A defesa de ambas não foi localizada. O espaço segue aberto para manifestações.A ação foi conduzida pela delegada Isadora Marina Galian Guarabyra, titular da Delegacia de Investigação Cibernética Especial (DICESP) da Polícia Civil gaúcha, com apoio da 2ª Delegacia de Entorpecentes da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Piracicaba.9 imagensFechar modal.1 de 9Influenciadora ‘"Japa" presa em Piracicaba por golpes digitaisReprodução/Instagram2 de 9Perfil no Instagram foi usado para impulsionar fraudes milionáriasReprodução/Instagram3 de 9Deepfakes de celebridades enganaram milhares de vítimasReprodução/Instagram4 de 9Quadrilha ostentava itens de luxo comprados com dinheiro do golpeDivulgação/Polícia Civil5 de 9Japa é apontada como "influenciadora do crime" pela políciaReprodução/Instagram6 de 9Reprodução/Instagram7 de 9Golpes cobravam pequenas taxas, mas renderam mais de R$ 20 milhõesReprodução/Instagram8 de 9Mentoria criminosa ensinava ‘predadores digitais’ a aplicar golpesReprodução/Instagram9 de 9Reprodução/Instagram“O que parecia um golpe simples revelou uma organização extremamente sofisticada, que explorava nomes de grandes marcas e usava tecnologia de ponta para enganar as vítimas”, afirmou a delegada.Mentoria de “predadores digitais”O cérebro do esquema, segundo a polícia, é Levi Andrade da Silva Luz, criador de um perfil no Instagram que oferecia “mentorias para predadores digitais”.Na rede social, ele ensinava como aplicar golpes e construiu a imagem de um verdadeiro “professor do crime”, atraindo centenas de pupilos, entre eles a influenciadora Japa.“Ele literalmente criou uma escola para formar novos criminosos digitais”, ressaltou a delegada.O papel da “influenciadora do crime”Apontada pela polícia como “influenciadora do crime”, Japa dava alcance e credibilidade às publicações fraudulentas.Quando os golpistas criavam campanhas falsas, marcavam o perfil dela para alcançar milhares de pessoas.A investigação policial também indica que ela impulsionava jogos de azar ilegais e plataformas falsas de apostas, as populares bets, para ampliar o lucro do bandoComo os golpes eram aplicadosO esquema seguia quatro fases:Criação do deepfake – Vídeos falsos usavam a imagem de famosas como Gisele Bündchen, Juliette, Maísa e Sabrina Sato para anunciar produtos inexistentes, como um suposto kit antirrugas de uma marca famosa.Divulgação massiva – Perfis falsos, entre eles o da fictícia “Dra. Bianca Oliveira”, espalhavam os anúncios fraudulentos nas redes sociais.Captura das vítimas – Interessados eram direcionados a sites falsos, onde pagavam taxas como “frete grátis” de R$ 20 a R$ 100 via Pix.Lavagem do dinheiro – Os valores eram desviados para empresas fantasmas e contas de laranjas, inclusive de idosas de 80 e 84 anos.Apesar de cobrar quantias pequenas, a quadrilha movimentou mais de R$ 20 milhões e ostentava nas redes sociais carros de luxo, como Porsche Cayenne, Range Rover Velar, BMW 430i, além de viagens de helicóptero.Outros investigadosAlém de Levi e Japa, a polícia aponta Lucas Tiago Oliveira de Cerqueira, o ‘LB, como responsável pela articulação financeira, conhecido por exibir carros blindados e helicópteros em seus perfis nas redes.Leonardo Sales de Santana, dono da Elite Pay, que processava os pagamentos fraudulentos.Carlos Eduardo Cardoso de Araújo Soares, um dos pupilos de Levi, que chegou a debochar de vítimas, como uma mulher que perdeu R$ 800.Ao todo, a Justiça decretou sete prisões preventivas, 9 mandados de busca e apreensão e bloqueio de 21 contas e criptoativos, que podem chegar a R$ 210 milhõesPresas em PiracicabaLaís e Silvana foram presas em Piracicaba e estão à disposição da Justiça na cadeia anexa ao plantão da cidade.A ação contou com a equipe da 2ª Delegacia de Entorpecentes da Deic, sob o comando do delegado Demetrios Gondim CoelhoOs outros mandados foram cumpridos no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Pernambuco e Bahia.A Operação Modo Selva expôs um novo padrão do crime cibernético no país, em que tecnologia e marketing digital se tornaram armas de fraude. A polícia agora trabalha para mapear as vítimas e recuperar os valores desviados. Leia também Mirelle Pinheiro Grupo que ganhou R$ 20 milhões com golpe criou “universidade do crime” Mirelle Pinheiro De Gisele a Juliette: bando usa deepfake em golpe de R$ 20 milhões Dicas da polícia para não cair em golpes digitaisA delegada Isadora Marina reforça que “a sofisticação tecnológica não dispensa o cuidado básico do usuário” e alerta para sinais de fraude.Desconfie de promoções “imperdíveis” com celebridades.Verifique a autenticidade do perfil que faz a oferta.Pesquise a reputação da empresa em sites como Reclame Aqui.Nunca forneça dados pessoais ou pague via Pix sem confirmar a legitimidade.Denuncie golpes, mesmo de valor baixo, muitas vítimas deixam de reportar por vergonha ou por se tratar de pequenas quantias.