A crise de 2008 e a lição que o mercado insiste em esquecer

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A crise financeira de 2008 quase levou o mundo a um colapso sem precedentes. A avaliação é de Lucas Collazo, especialista em investimentos e apresentador do Stock Pickers. Ele relembra os erros que desencadearam a maior turbulência econômica recente e alerta: o mercado pode estar repetindo velhos padrões de euforia.“Em 2008, o mundo esteve a uma hora de um colapso total. Bancos quebraram, governos entraram em pânico e tudo começou com empréstimos que nunca deveriam ter existido”, resume. O estopim foram os financiamentos de alto risco, os chamados subprimes, que contaminariam todo o sistema financeiro global.O episódio mais emblemático ocorreu em setembro de 2008, quando o Lehman Brothers, um dos bancos mais antigos e respeitados dos Estados Unidos, declarou falência. “Com a queda do Lehman, a confiança no sistema financeiro global foi junto”, lembra. Três palavras dominaram o noticiário à época: pânico, desemprego e recessão.Para milhões de famílias, o impacto foi devastador. “Casas foram perdidas, empregos desapareceram e trilhões de dólares simplesmente sumiram”, destaca. O governo americano respondeu com um pacote emergencial de US$ 700 bilhões para tentar conter o colapso.Leia mais: Brasil segue em trajetória de dívida pública insustentável com juros elevadosE também: Novas tarifas de Trump elevam incertezas, avalia XP; qual impacto para o Brasil?A bolha que virou bomba-relógioCollazo explica que a engrenagem que alimentou a crise parecia perfeita, mas era insustentável.“Os bancos davam crédito para todo mundo, inclusive para quem não tinha condições de pagar. Esses financiamentos de alto risco ficaram conhecidos como subprimes”— Lucas Collazo, host do Stock Pickers.Essas dívidas eram então empacotadas em produtos financeiros chamados CDOs e vendidas no mercado. “O problema é que as agências de rating davam notas de investimento seguro para algo que, na prática, era uma bomba-relógio”, analisa.O colapso, no entanto, não pegou todos de surpresa. “Michael Burry foi um dos poucos a perceber que milhões de americanos iam parar de pagar suas hipotecas. Ele apostou contra o mercado imobiliário e foi chamado de louco na época”, recorda.Outros investidores seguiram o mesmo caminho, entre eles Steve Eisman e Greg Lippmann, retratados no filme A Grande Aposta. “Eles pareciam lunáticos até o mundo cair”, acrescenta.O dia em que o mundo parouO ápice veio em setembro de 2008. “Quando o Lehman Brothers declarou falência, vimos a maior quebra bancária da história dos Estados Unidos. Foi um momento simbólico, com funcionários deixando o prédio carregando caixas, imagens que rodaram o mundo”, narra Collazo.A decisão do governo de não salvar o banco, liderada pelo secretário do Tesouro Henry Paulson, quase destruiu o sistema financeiro.“Foi uma escolha que custou caro porque colocou o mundo inteiro à beira do colapso”— Lucas Collazo, host do Stock Pickers.O Federal Reserve reagiu com cortes drásticos nos juros e uma injeção massiva de liquidez, mas a confiança demorou anos para se restabelecer. O próprio ex-presidente do Fed, Alan Greenspan, admitiu diante do Congresso que havia descoberto “uma falha no seu modelo de mundo”, ao perceber que os mercados não se autorregulavam como ele acreditava.A história pode se repetirPara Collazo, a grande questão é se os erros de 2008 realmente serviram de aprendizado. “Depois daquela crise, vimos novas euforias: Bitcoin, startups avaliadas em bilhões, inteligência artificial. As bolhas mudam de nome, mas nunca deixam de existir”, alerta.Segundo ele, há um padrão perigoso se repetindo.“Quem avisa antes é chamado de louco ou ignorado. Mas previsões desconsideradas podem custar muito caro, como vimos em 2008.”— Lucas Collazo, host do Stock Pickers.O episódio deixou cicatrizes profundas, mas também lições que, para o especialista, não podem ser esquecidas. “Se uma bolha de hipotecas quase derrubou o mundo, a pergunta que fica é: qual será a próxima?”The post A crise de 2008 e a lição que o mercado insiste em esquecer appeared first on InfoMoney.