Executivos de grandes empresas brasileiras debateram estratégias financeiras, desafios de infraestrutura e gestão de custos em um cenário de volatilidade econômica durante o painel “Café com CFOs”, promovido pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (IBEF-SP) e XP Banco de Atacado nesta quinta-feira (2).Um dos temas centrais do debate foi a regulação e o papel do setor público na criação de condições para investimentos estruturantes. Andrea Almeida, vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores da Cemig, destacou que o setor elétrico enfrenta constantes mudanças regulatórias e requer atenção especial à governança e à gestão de riscos. “O CFO tem que estar preparado para tudo. […] Essa é a beleza do CFO: a gente dá um jeito”, afirmou.Ela reforçou que setores regulados, como distribuição e transmissão de energia, oferecem maior previsibilidade de receita, mas que o CFO precisa equilibrar investimentos e retorno. “No setor de geração, escolhemos oportunidades específicas para investir. Estamos desalavancados. A Cemig fez o dever de casa, vendendo ativos que não eram foco para manter o balanço desalavancado”, explicou.Danilo Garcez, CFO do Grupo Equipav, complementou ressaltando que a evolução regulatória nos últimos anos viabilizou novos investimentos, citando a Lei das Concessões de 1994, a Lei das PPPs, o marco regulatório das PPPs e concessões, e o marco do saneamento. “Toda essa mecânica resulta do diálogo entre o poder concedente, o setor público, o privado e os financiadores. É essa forma de pensar que está viabilizando o setor de infraestrutura hoje”, afirmou.VolatilidadeA volatilidade econômica também foi apontada como um desafio constante para os CFOs. Andrea Almeida destacou que lidar com cenários complexos faz parte do dia a dia. Ela lembrou que, mesmo em setores regulados, a gestão de risco exige atenção diária, incluindo monitoramento de tarifas, compensações, inadimplência e preparação para eventos inesperados.Antônio Garcia, vice-presidente executivo e CFO da Embraer, disse ser otimista apesar da volatilidade global e local, que influencia decisões estratégicas, desde emissão de dívida até o planejamento de contratos de longo prazo. “Com certeza, hoje será diferente em 2026. Se tivermos menos volatilidade, o horizonte para o próximo ano é promissor. Pode ser bom para todos, desde que algumas questões estruturais se mantenham”, afirmou.Rafael Japur, CFO e diretor de Relações com Investidores da Gerdau, ressaltou que a volatilidade internacional, incluindo tarifas e variações cambiais, afeta diretamente a operação da empresa na América do Norte, especialmente na região dos Grandes Lagos, em Michigan. Ele destacou que, embora a Gerdau não seja diretamente impactada por tarifas sobre produtos brasileiros, a cadeia de produção e logística é altamente interdependente, e qualquer alteração externa repercute em toda a operação.A disponibilidade de crédito e o financiamento de grandes projetos também foram temas centrais. Rafael Japur afirmou que a instabilidade global impacta diretamente o planejamento corporativo. “Até referências sólidas de países desenvolvidos, que antes serviam de âncora para nossas expectativas e precificação, hoje são menos úteis do que no passado”, comentou.Danilo Garcez detalhou a estratégia da Equipav no setor de infraestrutura, mostrando como o grupo equilibra a necessidade de investimento e o custo de capital. “Temos projetos de larga escala, como a ligação da América Latina na Bahia, com quase 70 mil hectares. Independentemente da volatilidade, estamos preparados para suportar os investimentos já contratados e os que virão”, destacou. Ele também ressaltou a importância de diversificar fontes de financiamento, incluindo project finance, mercado internacional e apoio de bancos públicos, como o BNDES, em operações estruturadas.OtimismoApesar dos desafios, como juros altos, volatilidade cambial e regulação complexa, os CFOs demonstraram otimismo quanto ao futuro. Rafael Japur destacou o maior investimento da Gerdau em Minas Gerais, ressaltando que ações como essa podem transformar o perfil competitivo da empresa no país.Andrea Almeida afirmou que a Cemig tem capacidade e estratégia para liderar a transição energética no Brasil, conectando investimentos em tecnologia, geração e distribuição. “Estamos prontos e competitivos, desenvolvendo sistemas tecnológicos para atuar em mercado aberto”, disse.Danilo Garcez reforçou que a Equipav continuará investindo no Brasil, destacando a responsabilidade social e econômica de manter projetos estratégicos em infraestrutura, mesmo diante da volatilidade. “Nosso papel é reduzir o gap de infraestrutura do Brasil. A mensagem final é: otimismo, planejamento e preparação”, concluiu.Antônio Garcia, da Embraer, lembrou que a capacidade de lidar com incertezas é uma vantagem competitiva do CFO brasileiro: “O brasileiro aprendeu a conviver com a volatilidade, e isso nos dá uma vantagem”.CompromissoSegundo Gustavo Balassiano, head do Canal Atacado na XP, “a parceria entre o IBEF-SP e a XP Banco de Atacado reforça nosso compromisso com o mercado financeiro, aproximando os principais agentes e estimulando o diálogo”. Durante o evento, os participantes trocaram experiências sobre gestão, financiamento e planejamento estratégico diante da volatilidade econômica.Anibal Garcia, head do segmento Large Corporate na XP, também destacou que o objetivo é ampliar as conversas sobre os desafios dos CFOs e tudo que envolve o mercado financeiro. “Faz parte do nosso compromisso com a evolução do setor”, afirmou.The post CFOs debatem desafios e estratégias em cenário de volatilidade durante evento da XP appeared first on InfoMoney.