Cobra ou lagarto? Saiba por que fóssil tem confundido cientistas

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Um dos fósseis mais antigos de lagarto já encontrados intriga cientistas. Batizada de Breugnathair elgolensis, a espécie viveu há cerca de 167 milhões de anos e tem características que permitem classificá-la tanto como um ancestral de cobras quanto de lagartixas. O animal foi descrito em um estudo publicado na revista Nature, nessa quarta-feira (1º/10).Quando o fóssil foi descoberto, em 2016, os pesquisadores identificaram que o animal tinha mandíbulas e dentes em forma de gancho, semelhantes aos da cobra píton atual. Porém, seu corpo era curto, com membros iguais aos de um lagarto. Leia também Ciência Fóssil mais antigo de dinossauro com “capacete” é achado na Mongólia Ciência Império romano: novo fóssil revela lutas de ursos contra gladiadores Ciência Fóssil de réptil gigante que comia dinossauros é achado na Patagônia Ciência Cientistas acham vasos sanguíneos preservados em fóssil do maior T-Rex Por esses atributos incomuns e pela localidade em que foi encontrado, na Ilha de Skye, na Escócia, o animal ganhou o nome de Breugnathair elgolensis, que significa “falsa cobra de Elgol”. O elgolensis foi colocado na família Parviraptoridae, que abrange predadores já extintos.O estudo foi liderado por pesquisadores do Museu Americano de História Natural, nos Estados Unidos, em parceria com museus nacionais da Escócia, França e África do Sul, além da University College London, na Inglaterra.Segundo Roger Benson, do Museu Americano de História Natural, as características do animal podem levar a encontrar respostas na linha evolutiva de cobras também. “Isso pode nos dizer que os ancestrais das cobras eram muito diferentes do que esperávamos, ou pode ser uma evidência de que hábitos predatórios semelhantes aos das cobras evoluíram separadamente em um grupo primitivo e extinto”, explica o autor principal do estudo, em comunicado.Confusão com as características do animalEm estudos anteriores sobre o fóssil, pesquisadores sugeriam que ele pudesse pertencer a dois fósseis distintos por terem características tão diferentes. Mas na pesquisa mais recente, essa narrativa caiu por terra. Ao analisar a espécime por quase 10 anos através de tomografia computadorizada e raio X, os cientistas identificaram que as ossadas diferentes eram do mesmo animal, o Breugnathair elgolensis.“O mosaico de características primitivas e especializadas que encontramos nos parviraptorídeos, como demonstrado por este novo espécime, é um lembrete importante de que os caminhos evolutivos podem ser imprevisíveis”, ressalta a coautora do artigo, Susan Evans, da University College London.Ilustração mostra lagarto parecido com cobra se alimentandoEstima-se que a espécie era um dos maiores lagartos do ecossistema da época, medindo cerca de 40 cm da cabeça até a cauda. Sua rotina alimentar era composta por lagartos menores, mamíferos primitivos e até dinossauros jovens.“Este fóssil nos leva muito longe, mas não nos leva até o fim. No entanto, estamos ainda mais animados com a possibilidade de descobrir de onde vêm as cobras”, finaliza Benson.Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!