O Ministério Público Federal (MPF) instaurou uma investigação para apurar possíveis irregularidades na aquisição do Centro de Treinamento (CT) Rei Pelé, no litoral de São Paulo, pelo Santos Futebol Clube.O espaço está em um terreno que pertence à União, e que acaba de ser disponibilizado para leilão. A suspeita é que o clube esteja sendo favorecido na licitação de venda do terreno, cujo edital ainda não foi lançado. Leia também Esportes Vídeo: torcedores invadem CT Rei Pelé para cobrar elenco do Santos Esportes Efeito Neymar: Santos planeja retomar obras de modernização no CT São Paulo Jornal demite fotógrafo que flagrou gesto obsceno de Moraes em estádio São Paulo Cenas fortes: PM leva tiro de ladrão durante abordagem em Paraisópolis Indícios de irregularidades surgiram em entrevista de assessorAs suspeitas surgiram a partir de declarações públicas feitas por Nicolino Bozzella Júnior, assessor especial da presidência do clube e ex-deputado federal.Em entrevista ao jornalista Rodolfo Gomes, Bozzella deu indícios de possíveis irregularidades no processo de aquisição do CT pelo Santos.O assessor revelou, por exemplo, que o clube realizou tratativas especiais com o Ministério dos Esportes, com a Secretaria de Patrimônio da União (SPU) e a Caixa Econômica Federal, o que indicaria favorecimento.“Nós pedimos para que ajudasse o Santos na construção e no entendimento desse contexto, porque o Santos não poderia naquele momento arcar com as despesas”, afirmou.Em seguida, Bozzella admitiu que o edital foi adiado para beneficiar o clube.“Nós reorganizamos o processo, ganhamos o tempo necessário para que pudesse organizar o processo e permitir que, uma vez que a portaria fosse publicada… agora nos próximos dias o edital será publicado, para que o Santos esteja organizado”, disse.Então, Bozzella diz que outros interessados em adquirir o CT através do leilão terão dificuldades – o que, para o MPF, indica blindagem do clube no processo.Por fim, o assessor especial divulgou informações do edital, que ainda não havia sido divulgado.Apuração do MPFA promotoria afirma que já cobrou esclarecimentos da SPU, da Caixa, do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (ao qual a SPU está vinculada) e da Controladoria-Geral da União sobre o caso.O Ministério Público quer saber, em detalhes, como está a tramitação do processo de venda do terreno e confirmar se as movimentações relatadas por Bozzella ocorreram de fato. A investigação apura se houve quebra de sigilo de documentos referentes à licitação e se existe proposta de financiamento em curso para a aquisição do terreno, entre outras informações.O MPF também procurou o Santos, questionando se as declarações de Bozzella procedem e se ele efetivamente atuou em nome do clube nessas tratativas.Por fim, o órgão pede que a Prefeitura de Santos e a Câmara Municipal prestem informações sobre a legislação urbanística aplicável à região onde está o terreno. O objetivo é verificar se houve alteração do zoneamento da área e da classificação do imóvel.Os destinatários dos pedidos têm 20 dias para enviar as respostas. A partir das informações, o MPF definirá os passos seguintes da apuração, informou a promotoria.O Metrópoles procurou o Santos Futebol Clube para comentar sobre o caso, mas o clube ainda não se posicionou. O espaço segue aberto para manifestações.