A semana começou com um gesto de amor na cidade de Canoas, no Rio Grande do Sul. Depois de saber que duas filhotes de cachorro foram abandonadas, a protetora de animais Paola Saldivia logo atendeu ao chamado. Em um vídeo que viralizou nas redes sociais, ela compartilha o estado das cadelas, cheias de sarna, dentro de um balde, usado como abrigo improvisado. Em cima, uma pedra pesada. Assista ao vídeo. Leia também É o bicho! De filhote frágil a cão de 40 kg: resgate transforma vida de tutora É o bicho! O resgate da cadela Tina Turner: da solidão ao lar amoroso Em entrevista ao Metrópoles, Paola conta que o abandono foi descoberto por um motoqueiro, que, ao passar por uma parada de ônibus, viu a “casinha” e parou para ver o que havia dentro. Lá, ele encontrou as filhotes tremendo de frio, com o corpo tomado por sarna, a pele vermelha e feridas visíveis.Inquieta com a notícia, Paola mal dormiu naquela noite de segunda-feira (11/8). Às 6h do dia seguinte, ela já estava no local. Ao se aproximar, encontrou uma cadelinha, de cerca de 5 a 6 meses, debilitada, mas que, ao notar a presença da mulher, balançou o rabinho, mesmo com o sofrimento evidente.“Começar a semana salvando uma vida é como dar um novo significado para a segunda-feira”, escreveu Paola em legenda do post no Instagram. Ela, então, acolheu a pet com uma manta, a protegeu do frio e a levou direto ao médico-veterinário. O animal, então, foi batizado de Bolonha.Segundo Paola, a sarna causa dor intensa, coceira, febre e inflamação. “Imagina você sentir tudo isso e não conseguir pedir ajuda a ninguém”, desabafou nas redes.3 imagensFechar modal.1 de 3Cachorrinha de aproximadamente cinco a seis meses, com o corpo tomado por sarna, a pele avermelhada e repleta de feridasImagem cedida ao Metrópoles 2 de 3A sarna sarcóptica em cães é uma doença de pele causada pelo ácaro Sarcoptes scabiei, altamente contagiosa e transmitida principalmente por contato direto com animais infectadosImagem cedida ao Metrópoles 3 de 3O principal sintoma é a coceira intensa, que leva o cão a se coçar e morder a pele, causando vermelhidão, feridas, crostas e perda de pelosImagem cedida ao Metrópoles Uma nova chanceLogo depois, Paola foi informada sobre a outra cadela que ainda estava perambulando pelo local. Era a irmã de Bolonha, que também foi resgatada pela protetora. Agora, as duas seguem internadas, com previsão de alta na sexta-feira (15/8), devido à gravidade das feridas. Bolonha é a mais debilitada, principalmente na barriga.Segundo Paola, a pet precisará de banhos terapêuticos semanais com xampu neutro, aliado ao uso de produtos específicos para aliviar a coceira, a irritação e o inchaço.“A recuperação é longa. Em casos de sarna, leva de dois a três meses. Só depois disso castramos e vacinamos”, explica Paola. Apesar das marcas profundas, as cadelas estão em segurança e começam a reescrever novas histórias.Cada resgate é tratado com cuidado e amor até que o animal esteja pronto para encontrar um lar definitivo e responsávelSalvando vidasPaola comanda o Instituto Eu Salvo Vidas, que, em Canoas, resgata, recupera e reabilita cães e gatos que, até então, só conheciam o abandono.No abrigo, os animais recebem tratamento veterinário, cuidados diários e, principalmente, afeto. A meta é clara: preparar cada um dos pets para encontrar um lar definitivo, onde possam viver com dignidade e amor.Cada adoção é celebrada como um marco pela equipe. “Quando você adota um animal, permite que ele saia de um local com mais de 300 animais, abre espaço para novos resgates e dá a chance de viver uma nova vida”, resume o abrigo.Sarna sarcóptica: altamente contagiosa e dolorosaO médico-veterinário Thiago Borba explica que a sarna sarcóptica, causada por um ácaro, é uma doença altamente contagiosa que provoca intensa secreção na pele. “Esses ácaros escavam a pele do animal, o que estimula a produção de grande quantidade de secreção”, detalha.Segundo ele, a transmissão ocorre durante todo o ciclo do parasita — por ovos, larvas e ácaros adultos — e é comum em locais com grande concentração de animais.“A dermatite causada pelo ácaro é facilmente notada pela mudança no aspecto da pele e pela grande quantidade de muco purulento com odor forte”, completa.O tratamento começa com o exame de raspado de pele, que identifica o tipo específico de ácaro. “Dependendo do grau de infestação, produtos tópicos como xampus com propriedades ectoparasiticidas ou sprays podem resolver o problema. Em casos mais graves, é necessário tratamento sistêmico com antiparasitários orais”, explica o veterinário.