O embate tarifário e político iniciado por Donald Trump contra o Brasil é visto pela revista britânica The Economist como um exemplo de como o presidente norte-americano está tornando os Estados Unidos “menos confiáveis” para seus aliados.Segundo artigo publicado na coluna “Lexington”, Trump promove uma flexibilização dos discursos sobre soberania e direitos humanos conforme seus interesses, o que gera insegurança até entre parceiros próximos.“No impasse com o Brasil, Trump está testando até onde pode pressionar um aliado zeloso de sua soberania e até onde pode ampliar a definição do que considera interesse dos Estados Unidos”, afirma o artigo.Leia tambémTrump ordena uso das Forças Armadas contra cartéis de drogas da América LatinaEle tem mirado especialmente grupos da Venezuela e do México. Em fevereiro, o Departamento de Estado incluiu o Tren de Aragua, a Mara Salvatrucha (MS-13), alegando que representam “uma ameaça à segurança nacional além do crime organizado tradicional”A análise cita como ponto de virada o dia 17 de junho, quando Trump publicou nas redes sociais uma carta em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Na mensagem, o republicano classificou o tratamento dado a Bolsonaro como “terrível” e acusou o governo brasileiro de manter um “regime de censura ridículo”.Pouco depois, as tensões se agravaram com o anúncio do tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos EUA, medida que preservou alguns itens, como o suco de laranja, mas atingiu setores estratégicos como carnes e café.A The Economist questiona se “os americanos estarão dispostos a pagar mais por hambúrgueres apenas para ajudar um amigo de Donald Trump a evitar seu julgamento” e aponta contradições entre os discursos e as ações do presidente dos EUA.Para a revista, “o respeito pelos direitos humanos é incômodo para Trump no Brasil, mas não em El Salvador”, da mesma forma que a defesa contra o antissemitismo o mobiliza em Harvard, mas não diante de declarações do rapper Kanye West.O artigo também lembra que, na ONU em 2018, Trump defendeu o direito de cada país seguir suas próprias tradições, sem imposições externas, mas que sua “devoção à soberania” não o impediu de demonstrar interesse pelo Canal do Panamá, Canadá ou Groenlândia. “Trump não retirou a liderança americana do mundo; apenas se declarou livre para exercê-la onde, quando e como quiser”, conclui a The Economist.The post Trump usa Brasil como teste de lealdade e desafia confiança em aliados, diz Economist appeared first on InfoMoney.