Morre, aos 66 anos, o sambista Arlindo Cruz

Wait 5 sec.

Morreu, aos 66 anos, o sambista Arlindo Cruz. Ele estava internado desde abril por conta de uma pneumonia. O sambista lidava com as sequelas de um AVC (Acidente Vascular Cerebral) hemorrágico desde 2017.Em outubro de 2023, Arlindo Cruz passou um mês na Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro, para tratar uma caxumba bacteriana. Em julho do mesmo ano, o músico ficou internado cerca de um mês no CTI (Centro de Terapia Intensiva) para tratar uma pneumonia.O cantor Arlindo Cruz – Foto: Reprodução*Matéria em atualizaçãoCarreiraNascido em Madureira, subúrbio carioca, Arlindo cresceu em um ambiente musical. Seu pai, Arlindo Domingos da Cruz, tocava cavaquinho, sua mãe, Aracy Marques, tocava pandeiro, e seu tio tocava violão. Aos sete anos, ganhou seu primeiro cavaquinho, aprendendo a tocar com o pai. Aos 12, já tirava músicas de ouvido e começou a aprender violão com seu irmão, Acyr Marques, também compositor.Na adolescência, estudou teoria, solfejo e violão clássico por dois anos na escola Flor do Méier. Aos 15 anos, mudou-se para Barbacena (MG) para estudar na Escola Preparatória de Cadetes do Ar (Epcar), onde cantava no coral e venceu festivais musicais.Arlindo começou a trabalhar profissionalmente como músico ainda jovem, participando de rodas de samba com artistas como Candeia, seu padrinho musical. Em 1975, tocou cavaquinho no disco Roda de Samba de Candeia, lançado pela Odeon.Após deixar a Aeronáutica, Arlindo passou a frequentar a roda de samba do Cacique de Ramos, no Rio, na década de 1970. Lá, conviveu com grandes nomes como Jorge Aragão, Beth Carvalho, Almir Guineto, Beto Sem Braço, Zeca Pagodinho e Sombrinha, seu futuro parceiro. No primeiro ano, teve 12 composições gravadas, incluindo Lição de Malandragem, sua primeira música gravada.Arlindo Cruz nos tempos de Fundo de Quintal, na década de 1980 — Foto: Otavio MagalhãesEm 1982, Arlindo foi convidado a integrar o grupo Fundo de Quintal, onde permaneceu por 12 anos. Tocando banjo cavaquinho e sendo uma das vozes principais, contribuiu com composições como Seja Sambista Também, Só Pra Contrariar, Castelo de Cera e O Mapa da Mina. Sua participação foi essencial para a revitalização do samba nos anos 1980, consolidando o pagode como gênero. Durante esse período, gravou 10 álbuns com o grupo, incluindo Samba é no Fundo de Quintal Vol. 2 (1982) e Fundo de Quintal Ao Vivo (1990).Em 1993, o sambista deixou o grupo para seguir carreira solo, lançando seu primeiro LP solo em 1993, intitulado Arlindinho, em homenagem ao filho. Apesar de não ter grande repercussão inicial, marcou o início de sua trajetória independente.Junto com Sombrinha, também ex-Fundo de Quintal, lançou cinco álbuns, começando com Da Música (1996), que vendeu 60 mil cópias. A dupla teve sucesso com o Pagode do Arlindo, roda de samba realizada em locais como o Teatro Rival e o Barril 1800, no Rio.A partir dos anos 2000, Arlindo ganhou maior projeção como cantor solo. O DVD MTV ao Vivo: Arlindo Cruz (2009) foi um marco, vendendo mais de 100 mil cópias e ampliando sua popularidade para além do meio do samba, graças a parcerias com artistas como Marcelo D2 e Maria Rita. Outros álbuns notáveis incluem Sambista Perfeito (2007), Batuques e Romances (2012) e Herança Popular (2015), este último indicado ao Grammy Latino.Arlindo compôs mais de 700 músicas, muitas gravadas por artistas como Zeca Pagodinho (Bagaço da Laranja, Casal Sem Vergonha), Beth Carvalho (Jiló com Pimenta, A Sete Chaves), Maria Rita (O Que é o Amor, Num Corpo Só) e Alcione (Novo Amor). Suas composições, com melodias trabalhadas e harmonias sofisticadas, são um diferencial no samba.O cantor venceu mais de 26 prêmios, incluindo o 26º Prêmio da Música Brasileira (2015) como Melhor Cantor de Samba e o Prêmio Contigo MPB FM (2012) por Batuques e Romances. Foi indicado cinco vezes ao Grammy Latino, quatro na categoria Melhor Álbum de Samba/Pagode e uma na categoria Melhor Canção em Língua Portuguesa.