Sidney Oliveira, o rosto conhecido por trás da Ultrafarma, uma das maiores redes de farmácias do país, foi preso na manhã desta terça-feira (12) em uma operação do Ministério Público de São Paulo (MPSP).O empresário, famoso por popularizar o conceito de “remédio barato”, é um dos alvos da Operação Ícaro, que investiga um suposto esquema de corrupção que teria movimentado mais de R$ 1 bilhão em propina para um auditor fiscal.Além de Sidney Oliveira, foram presos Mario Otávio Gomes, diretor da Fast Shop, e o próprio auditor, apontado como o principal operador do esquema.Sidney OIiveira, dono da Ultrafarma, é preso em operação do MP de SP | LIVE CNN Leia Mais Ultrafarma prometeu ao MP programa de compliance 3 meses antes de operação Auditor preso tinha contato direto com Sidney Oliveira, diz MP MP investiga elo entre empresa de auditor fiscal preso e rede Oxxo Governo de SP apuraA Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo pediu, na manhã desta terça-feira (12), que o MPSP (Ministério Público de São Paulo) compartilhe todas as informações pertinentes ao caso.O governo paulista também informou ter aberto procedimento administrativo para a conduta do servidor acusado de envolvimento no esquema.A nota divulgada pela Secretaria da Fazenda informa que o órgão está à disposição das autoridades e colaborará com os desdobramentos da investigação do Ministério Público por meio da Corfisp (Corregedoria da Fiscalização Tributária).Esquema rendeu R$ 1 bi em propinaSegundo as apurações, o esquema teria rendido mais de R$ 1 bilhão em propina ao fiscal. A operação foi deflagrada pelo GEDEC (Grupo de Atuação Especial de Repressão aos Delitos Econômicos) e visa desarticular um grupo criminoso responsável por favorecer empresas do setor varejista.Segundo o MP, o fiscal estadual manipulava processos administrativos para facilitar a quitação de créditos tributários. Em contrapartida, recebia pagamentos mensais por meio de uma empresa registrada em nome de sua mãe.Ultrafarma prometeu ao MP programa de compliance 3 meses antes de operaçãoA decisão judicial obtida pela CNN aponta que a consultoria fiscal fundada pelo auditor da Receita Estadual de São Paulo Artur Gomes da Silva Neto, em conjunto com sua mãe, teve um salto de patrimônio em dois anos de R$ 411 mil para R$ 2 bilhões.Acusações e crimes investigadosSegundo a acusação da Operação Ícaro, o esquema envolvia a liberação indevida de créditos de ICMS em troca de propina, que era lavada por meio de uma empresa de consultoria em nome da mãe do fiscal, cujo patrimônio saltou para R$ 2 bilhões.MP apura elo de esquema com mais 4 empresasNo centro do esquema está Artur Gomes da Silva Neto, auditor fiscal da Receita Estadual, que ocupava um cargo de importância na Secretaria da Fazenda. Ele é apontado como o principal operador, utilizando sua posição para conceder benefícios fiscais indevidos a grandes empresas do varejo.Dinheiro encontrado pela polícia em operação em São Paulo envolvendo Ultrafarma e Fast Shop • DivulgaçãoPara receber a propina, Artur utilizava a empresa Smart Tax Consultoria e Auditoria Tributária Ltda., registrada em nome de sua mãe, Kimio Mizukami da Silva, uma professora aposentada de 73 anos que não prestava os serviços. A evolução patrimonial de Kimio é um dos pontos cruciais da investigação.Em nota, a Fast Shop disse que ainda não teve acesso ao conteúdo da investigação e está colaborando com o fornecimento de informações às autoridades competentes.A CNN entrou em contato com a Ultrafarma e com as defesa de Sidney Oliveira, Mario Otávio Gomes e Artur Gomes da Silva Neto, mas ainda não houve retorno. O espaço segue aberto.Quem é Sidney OliveiraA trajetória de Sidney Oliveira é relatada pelo empresário em diversos depoimentos, que contam sua origem humilde no Paraná. Sidney é o mais velho de 11 filhos, e relata que começou a trabalhar aos sete anos como engraxate.Aos 17 anos, ele conta que adquiriu seu primeiro posto de medicamento e, pouco depois, mudou-se para São Paulo, onde o potencial de mercado era maior. Trocar imagemTrocar imagem 1 de 5 O empresário Sidney OIiveira, dono da rede de farmácias Ultrafarma, foi preso na manhã desta terça-feira (12) em uma operação do MPSP (Ministério Público de São Paulo) • Reprodução/Redes Sociais Trocar imagemTrocar imagem 2 de 5 A operação visa desarticular um esquema de corrupção envolvendo auditores fiscais tributários da Secretaria da Fazenda do estado. • Reprodução/Redes Sociais Trocar imagemTrocar imagemTrocar imagem 3 de 5 A Operação Ícaro foi deflagrada pelo GEDEC (Grupo de Atuação Especial de Repressão aos Delitos Econômicos) e tem apoio da Polícia Militar. • Reprodução/Redes Sociais Trocar imagemTrocar imagem Trocar imagemTrocar imagemTrocar imagem 4 de 5 A investigação identificou um grupo criminoso responsável por favorecer empresas do setor de varejo em troca de vantagens indevidas. • Reprodução/Redes Sociais Trocar imagemTrocar imagem 5 de 5 Estão sendo cumpridos três mandados de prisão temporária, incluindo o de um fiscal de tributos estadual, apontado como o principal operador do esquema, e os de dois empresários sócios de empresas beneficiadas com decisões fiscais irregulares — Sidney Olveira, da Ultrafarma, e Mario Otávio Gomes, diretor estatutário da Fast Shop. • Reprodução/Redes Sociais visualização default visualização full visualização gridEm 2000, fundou a Ultrafarma, mudando a dinâmica do setor farmacêutico com uma agressiva política de preços baixos. Segundo ele, a estratégia consiste em negociar diretamente com os laboratórios, eliminando intermediários para garantir custos menores e repassar a economia aos consumidores. Auditor preso tinha contato direto com Sidney Oliveira, diz MPSob o comando de Sidney Oliveira, a Ultrafarma expandiu seus negócios para além da venda de medicamentos. A empresa se tornou uma das líderes nacionais na venda de vitaminas e suplementos.Quem é o diretor da Fast ShopMario Otávio Gomes atuava como diretor estatutário há mais de 10 anos na Fast Shop, além dos mais de 30 anos de empresa, e teria facilitado a contratação da Smart Tecs para, supostamente, prestar serviços tributários.Mario Otavio Gomes, diretor estatutário da Fasht Shop • Reprodução/LinkedinEle é apontado como o principal responsável dentro da Fast Shop por negociar o contrato, por meio do qual a propina era paga ao auditor da Receita Estadual de São Paulo, Artur Gomes da Silva Neto.No mesmo período da transação bilionária, mais de 200 mensagens entre Mario e o auditor, relacionadas aos serviços criminosos prestados por ele.*Publicado por Thomaz Coelho