Como as mudanças climáticas afetam nosso cérebro?

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As mudanças climáticas são um dos principais motivos de preocupação na atualidade. O aumento da temperatura média da Terra pode provocar graves danos ambientais, além da elevação do nível do mar, o que pode fazer com milhões de pessoas fiquem sem ter onde morar.Ao mesmo tempo, a crise climática afeta a nossa saúde. Segundo cientistas, o calor excessivo causa prejuízos ao nosso cérebro, podendo agravar algumas doenças neurológicas, incluindo epilepsia, acidente vascular cerebral (AVC), encefalite, esclerose múltipla, enxaqueca, entre outras.Crise climática também afeta a nossa saúde (Imagem: courtneyk/iStock)Impactos sobre o cérebro já são visíveisDe acordo com reportagem da BBC, muitos processos cerebrais estão envolvidos na forma como o corpo lida com o calor. Isso significa que o aumento das temperaturas causa um maior estresse do nosso organismo.Segundo pesquisadores, os efeitos das mudanças climáticas sobre o cérebro humano já estão se tornando visíveis.Durante a onda de calor que atingiu a Europa em 2023, por exemplo, cerca de 7% das mortes estavam relacionadas diretamente a problemas neurológicos.Percentuais semelhantes foram identificados durante a onda de calor no Reino Unido em 2022.Outro efeito dos termômetros mais altos é na forma como nosso cérebro funciona.O calor extremo pode nos deixar mais violentos, irritados e depressivos.Leia maisComo as mudanças climáticas podem impactar o calendário escolar no BrasilMudanças climáticas estão fazendo a África do Sul “subir”Terra caminha para um ponto de não retornoCalor afeta funcionamento do cérebro (Imagem: Edit 4 Me/Shutterstock)Muitos efeitos ainda são desconhecidosO cérebro humano, em média, raramente ultrapassa 1°C acima da temperatura corporal. Ainda assim, por ser um dos órgãos que mais consomem energia no nosso corpo, ele produz uma quantidade considerável de calor próprio enquanto pensamos e reagimos ao mundo ao nosso redor. Isso significa que o corpo precisa trabalhar mais para manter o cérebro resfriado. A circulação sanguínea, por meio de uma complexa rede de vasos, ajuda a manter essa temperatura.Sanjay Sisodiya, da University College London, um dos pioneiros no estudo dos impactos das mudanças climáticas sobre o cérebro, explica que as células cerebrais são extremamente sensíveis ao calor. E o funcionamento de algumas moléculas responsáveis por transmitir mensagens entre essas células também parece depender da temperatura, ou seja, elas param de trabalhar de forma eficiente se o cérebro estiver muito quente ou muito frio.Nós não compreendemos totalmente como os diferentes elementos desse quadro complexo são afetados. Mas podemos pensar nisso como um relógio cujos componentes deixem de funcionar em harmonia. A termorregulação é uma função do cérebro e pode ser prejudicada se certas partes do cérebro não estiverem funcionando adequadamente. O que estamos observando hoje nas pessoas com distúrbios neurológicos pode se tornar relevante para pessoas sem distúrbios neurológicos à medida que as mudanças climáticas avançam.Sanjay Sisodiya, professor da University College LondonIdosos são mais suscetíveis ao aumento das temperaturas (Imagem: Krakenimages.com/Shutterstock)Segundo o especialista, as ondas de calor também podem prejudicar o sono, afetar o humor e potencialmente piorar os sintomas de algumas condições de saúde. Evidências apontam que internações hospitalares e taxas de mortalidade entre pessoas com demência aumentam quando as temperaturas estão muito elevadas. Os mais afetados costumam ser os idosos, uma vez que pessoas mais velhas têm mais dificuldade de regular a temperatura corporal.No entanto, este cenário também está afetando o neurodesenvolvimento dos mais jovens. Pesquisadores apontam que as ondas de calor estão associadas a um aumento de 26% na ocorrência de partos prematuros, que podem levar a atrasos no desenvolvimento neurológico e prejuízos cognitivos. Apesar de tantos alertas, os efeitos das mudanças climáticas sobre o nosso cérebro ainda são pouco conhecidos.O post Como as mudanças climáticas afetam nosso cérebro? apareceu primeiro em Olhar Digital.