Enchentes no Paquistão deixam mais de 170 mortos; metade são crianças

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Inundações deixaram mais de 170 pessoas mortas no leste do Paquistão, cerca de metade delas crianças, na mais recente catástrofe que ressalta a vulnerabilidade do país à crescente crise climática.Pelo menos 54 das mortes ocorreram nas últimas 24 horas, segundo a NDMA (Autoridade Nacional de Gestão de Desastres), após chuvas torrenciais atingirem a província mais populosa do Punjab, destruindo casas e estradas.Pelo menos 85 crianças morreram desde o início das enchentes em 26 de junho, informou a NDMA. Enchente na fronteira entre Nepal e China deixa 8 mortos; há desaparecidos Fortes chuvas na Coreia do Sul deixam pelo menos quatro mortos Texas volta a enfrentar temporais e entra em alerta para inundações O medo está aumentando para as crianças, que são particularmente vulneráveis ao risco de afogamento e de contrair doenças potencialmente fatais transmitidas pela água, alertam agências humanitárias.Um estado de emergência foi declarado em vários distritos da província, informaram as autoridades, e o exército foi mobilizado na cidade de Rawalpindi para lidar com o aumento dos níveis das enchentes.Um vídeo compartilhado pela Autoridade de Gestão de Desastres do Punjab mostra resgates dramáticos enquanto as águas da enchente submergem campos e estradas inteiras.Em um deles, socorristas podem ser vistos carregando crianças para um local seguro em um bote inflável.Fortes chuvas continuam a atingir Rawalpindi e a capital vizinha, Islamabad, com várias áreas registrando mais de 100 milímetros na quinta-feira (17), segundo o Departamento Meteorológico do Paquistão. Mais chuvas fortes são esperadas para esta sexta-feira (18), acrescentou.Mahar Hammad, morador do distrito de Sargodha, em Punjab, disse à CNN que foi “severamente afetado” pelas enchentes.Trabalhador assalariado que vende vegetais, Hammad relatou que as enchentes o prejudicaram financeiramente. O telhado de sua casa está quebrado e a água começou a entrar devido à chuva, comentou.“Tive prejuízos enormes. Eu estava vendendo vegetais e tudo ficou submerso. Sou apenas um trabalhador — trabalho o dia todo só para ganhar 1.000 rúpias (cerca de R$ 64), e mesmo isso agora dá prejuízo”, desabafou ele.Sete acampamentos de ajuda humanitária foram montados em todo o país, fornecendo comida, água, remédios e abrigo para os afetados pelas chuvas e enchentes.Paquistão atingido por chuvas e alagamentos • Reprodução/ReutersO Paquistão está na linha de frente da crise climática induzida pelo homem. A nação de mais de 230 milhões de habitantes é assolada por dois poderosos sistemas climáticos: um que gera calor escaldante e seca, e outro que desencadeia chuvas de monções implacáveis.“Isso não é apenas ‘mau tempo’ — é um sintoma de uma crise climática em aceleração”, disse a senadora paquistanesa e ex-ministra do Clima e Meio Ambiente, Sherry Rehman, no X. “Quantos mais alertas até que incorporemos resiliência e prontidão reais em nosso planejamento urbano?”Islamabad & Rawalpindi reel under 199mm of torrential rain. Nullah Leh swells by 16ft. Sirens blare. The Army is on standby in case of emergency. WASA and Rescue 1122 are in overdrive.This is not just “bad weather” — it’s a symptom of an accelerating climate crisis.In… pic.twitter.com/SzqA6TZKL0— SenatorSherryRehman (@sherryrehman) July 17, 2025Ondas de calor persistentes neste ano aceleraram o derretimento glacial no norte do país, causando inundações repentinas no início deste ano.Inundações mortais causadas por chuvas torrenciais nos meses de chuvas são manchetes frequentes no país do sul da Ásia. A chuva torrencial deste ano reviveu memórias de inundações recordes de três anos atrás.O Paquistão sofreu as piores inundações de sua história em 2022, quando um terço do país ficou submerso devido às fortes chuvas, matando mais de mil pessoas.A força da enchente arrastou casas, deixando dezenas de milhares de pessoas na rua, sem comida ou água potável.À medida que a enchente começou a baixar, uma infinidade de doenças relacionadas à água começou a infectar milhares de pessoas — muitas delas crianças. Pais tentaram desesperadamente buscar ajuda enquanto seus filhos contraíam disenteria, dengue e malária.Um ano depois, cerca de quatro milhões de crianças ainda estavam sem acesso à água potável, segundo a UNICEF.